Salvador

Baixa dos Sapateiros: falta de ônibus enfraquece o comércio, afirmam lojistas

Publicado em 31/08/2017, às 16h59   Diego Vieira


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Quem nunca ouviu falar que lugar de comprar barato é na Baixa dos Sapateiros? Sejam roupas, calçados, cama, mesa e banho, no centro de compras mais antigo de Salvador é possível encontrar de tudo um pouco. E o melhor, com preços mais baixos. Apesar das vantagens para o bolso do consumidor, os lojistas que trabalham no local vêem o ponto comercial morrer aos poucos. O motivo? A retirada de linhas de ônibus que circulavam na região. Com isso, a grande aglomeração de clientes deu lugar a lojas vazias.

"A prefeitura tirou várias linhas de ônibus urbanas da Baixa dos Sapateiros e o Estado tirou as linhas metropolitanas e isso ficou ruim pra gente. Nossas vendas caíram muito devido a essa questão. Antes, conseguíamos vender bastante, já hoje a realidade é diferente. Eu tinha cinco funcionários e hoje só tenho um", desabafou o comerciante Antônio José, que há 17 anos tem sua loja de roupas no local.
A reclamação referente à falta de transporte público não é novidade. Acostumado a ver mais de 200 ônibus passarem por hora na região, o presidente da Associação de Lojistas da Baixa dos Sapateiros e Barroquinha (Albasa), Ruy Barbosa, diz que hoje a realidade é diferente. “Se 50 ônibus passam aqui por hora, é muito. Já vivemos tempos de glória, mas hoje a realidade é outra. Os clientes pararam de comprar aqui, por que não tem como chegar”, disse.
Ainda segundo o presidente da associação, a demanda de clientes aumentou durante as obras da Estação da 

Lapa, já que algumas linhas de ônibus foram transferidas para o Terminal da Barroquinha. Mas, logo após o término da reforma os coletivos foram retirados da região. “Quando faz qualquer obra em outro lugar da cidade e precisa fazer desvio de alguma linha de ônibus, a Baixa dos Sapateiros serve como passagem para esses ônibus. Enquanto a Lapa estava sendo reformada, eles [a prefeitura] colocaram 14 linhas de ônibus para passar por aqui, mas depois que a Lapa ficou pronta tiraram os ônibus”, lamentou. 
Com cerca de 600 pontos comerciais entre lojas e escritórios, a Baixa dos Sapateiros registrou uma queda de 60% de clientes nos últimos anos. Ainda de acordo com o líder da Albasa, esse número é o reflexo da falta de mobilidade, já que uma pesquisa apontou que a maioria das pessoas que frequentam o centro de compras depende dos ônibus para chegar ao local. “Nós temos uma pesquisa que mostra que 72% dos clientes chegam aqui de ônibus, então se tira os ônibus, nós perdemos a clientela”, afirmou. 
Ex- vendedor ambulante, o comerciante Martim Brito viu a Baixa dos Sapateiros como a solução para aumentar a renda financeira. Dono de uma loja de roupas, ele também viu o orçamento ir a baixo com a queda das vendas. “As vendas caíram muito por conta da mobilidade. Nos últimos tempos o quantitativo de linhas de ônibus caiu bastante e isso tem prejudicado todos os lojistas que trabalham aqui”, disse. 
Outro reflexo da crise que atinge a rua 
comercial, é o shopping popular JJ Center. Inaugurado em 2013, com 230 lojas, o centro de compras sobrevive atualmente com apenas 12 estabelecimentos em funcionamento. “Foi investido cerca de R$ 10 milhões nesse shopping e o resultado de
tudo que foi gasto é o abandono por falta de
clientes, isso é um absurdo”, disse Barbosa. 
A reportagem entrou em contato com o secretário de Mobilidade, Fábio Mota, que negou a retirada das linhas de ônibus. "As linhas que existem na Barraquinha são as que sempre existiram. Agora é uma verdade que a demanda do transporte público para a Barroquinha hoje é bem menor que no passado, não adianta colocar mais ônibus e os coletivos rodarem vazios. O problema não são os ônibus, mas são as pessoas que deixaram de comprar na Baixa dos Sapateiros", afirmou. 
Ainda conforme o secretário, duarante as obras da Lapa, as linhas que precisaram ser transferidas para o Terminal da Barroquinha registraram queda no número de passageiros. "Quando nós estávamos fazendo a obra da Estação da Lapa, nós tivemos obrigatoriamente que levar as linhas do sobsolo da Lapa para a Barroquinha e quando nós fizemos isso, a demanda dessas linhas caiu 40%”, explicou. 
Referente à retirada de seis linhas metropolitnas, a Agerba, agência do governo que regula os transportes na Bahia, informou que a mudança dá continuidade às ações do Governo do Estado para ampliar a integração das linhas rodoviárias metropolitanas com o sistema metroviário.

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