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Com "fim do Alavontê", músicos esclarecem polêmica e minimizam troca de nome: "É o que menos importa"

Vagner Souza / BNews
Em entrevista exclusiva, a reportagem do BNews conversou com os integrantes do grupo nesta segunda-feira (21)   |   Bnews - Divulgação Vagner Souza / BNews

Publicado em 21/05/2018, às 19h05   Tiago Di Araujo


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Na última sexta-feira, um comunicado pegou de surpresa os fãs do Alavontê. O grupo formado por Ricardo Chaves, Jonga Cunha, Magary Lord, Ramon Cruz e Andrezão Simões, e que já teve integrantes como Durval Lelys, Adelmo Casé e Manno Goés, anunciava o "fim das atividades". Mas o que primeiramente parecia um "adeus" era, na verdade, um "até logo", provocado pela disputa da marca 'Alavontê'. 

Alavontê anuncia fim da banda

E, se o comunicado deixou os seguidores do grupo tristes, o sentimento que tomou conta de Manno Góes, um dos donos da marca, parece ter sido outro. Logo, o músico "correu" para o Facebook, onde fez um longo desabafo, recheado de palavrões, criticando a decisão dos ex-parceiros em "retirar o nome Alavontê de circulação". Em parte da postagem, o baixista explica a indignação. "Pra explicar: tentaram uma negociação com a marca. Não chegamos a um acordo. Estamos com uma auditoria sobre a prestação de contas", escreveu. 

Após anúncio de fim do Alavontê, Manno Góes xinga integrantes

Buscando entender melhor toda discussão, na tarde desta segunda-feira (21), o BNews procurou os integrantes do grupo, que esclareceram os motivos que os levaram a mudar de nome e de certa forma desistir da marca já conhecida por muitos baianos e turistas. A reportagem também tentou contato com Manno Góes, mas as ligações não foram atendidas. 

Em entrevista exclusiva, Ricardo Chaves, uma das principais vozes da banda, justificou tal "desistência" lembrando o início da banda. "A gente começou cinco anos atrás para fazer quatro shows somente. Ao longo desses anos, a gente cresceu e o público que a gente nem imaginava cresceu também, e descobrimos o tamanho da alegria que a gente estava proporcionando para as pessoas. Porque no começo a gente pensava em alegria pra gente, a gente se reunia em um bar. De repente vimos que nossas terças estavam gigantes. E aí, hoje, algumas pessoas que fizeram o Alavontê com a gente não estavam mais. Então, a gente não ia disputar marca com ninguém. Nossa alegria vai continuar sempre e teve um momento que não tinha mais convivência com as pessoas que formaram o Alavontê junto com a gente", declarou. "Não foi feito como um negócio, foi feito como uma diversão", enfatizou. 

De forma mais objetiva, Jonga destacou que não tinha sentido "brigar" por tal motivo. "Não é de a nossa natureza discutir qualquer tipo de coisa. A gente quer tocar, beber, fazer festa, se divertir. Nós abrimos mão de uma discussão", afirmou. "Foi uma coisa natural. Não é que a gente acabou. Foi natural a mudança", completou Magary Lord ao falar de como se deu a decisão para o novo projeto. 

Questionados sobre de quem seria a marca 'Alavontê', Jonga foi de encontro à declaração de Manno Góes, que diz ser dono do nome. "A marca é do Manno também. A marca é de vários componentes do grupo, que agora ninguém vai usar, nem de um lado e nem de outro", chamou a atenção ao lembrar que o último show com o nome atual será feito no dia 30 de maio, no evento 'Anarriê', no cerimonial Villa São José. "É uma festa que a gente adora, é a única que a gente mexe muito no repertório, faz homenagem a Gonzagão, Gonzaguinha, essas coisas do Nordeste com nossa pegada", diz o produtor musical. 

Novo projeto
E se os fãs de alguma forma ficaram tristes porque não irão ver mais o "Alavontê" no palco, também podem comemorar pelo surgimento de um novo projeto na música baiana, composto pelos mesmos integrantes. Mantendo os detalhes em segredo e guardados a sete chaves, os músicos não escondem a ansiedade pela nova fase. "A gente vai fazer uma festa dia 30 e a gente vai aproveitar para anunciar. Pode ser antes do show, pode ser durante, pode ser depois, vai ser dia 30", conta Jonga.

Apesar de todo mistério, o que é garantido por todos é que ninguém vai ver algo diferente do que já é feito durante as apresentações, quando o assunto é música. "Seguiremos o show sem amarras mercadológicas. O espírito é o mesmo. A gente vai continuar sendo o que nós somos, nos divertindo para divertir as pessoas. Passeando pelas nossas histórias para contar novas histórias. Bebendo a mesma quantidade etílica para ganhar novas inspirações", conta Ricardo Chaves que revelou já ter programado para o dia 31 o lançamento da primeira música do novo projeto. 

E esse lançamento pode até mesmo gerar polêmica pelo pouco que foi revelado pelos integrantes. "A gente brinca com a situação. Vai ser uma surpresa bacana. A gente brinca com isso", conta Jonga. "Leve sua certidão de nascimento no dia 30 que a gente muda seu nome", alfineta Magary fazendo referência à mudança da marca e agradece aos fãs. "A gente ficou feliz em saber que o nosso público ama o que a gente faz e agente está voltando com a mesma energia, o que é muito importante".

O agradecimento é reforçado por Ricardo, que deixou claro não se importar com o nome do grupo. "O espírito da gente nesse momento é de agradecer mesmo. Agradecer o acolhimento que as pessoas tiveram com uma brincadeira nossa e acabou sendo algo muito positivo.  O nome é o que menos importa. O que vale é o nosso astral, é a alegria da gente, tudo que nós construímos, jamais poderia ter um espírito negativo. Então, quando algo negativo se aproximou disso, então, em nome de tudo que nós construímos, não tem cabimento".

O cantor inclusive afirma que os projetos realizados pelo grupo vão seguir normalmente, a exemplo do Réveillon do meio do ano, confirmado para 2018. Em relação a outros shows, eles garantem que o fluxo segue normalmente. "Os contratantes estão sendo avisados que esta situação está aí, que a gente não vai dizer o novo nome até o dia 30", destaca Cunha.

Declarações de Manno Góes
Em meio ao bate-papo, quando questionados sobre as declarações e acusações de Manno Góes, a primeira reação de todos foi de que não gostariam de tocar no assunto. No entanto, Magary garantiu que ninguém entende as afirmações que o músico tem feito desde que saiu do grupo. "Muita gente queria até entender realmente do que é que ele está falando, o que ele está querendo dizer, não só a gente, mas as pessoas não sabem e nós não sabemos explicar".

Com a questão no ar, eis que Jonga decidiu esclarecer a acusação de que Manno teria sido expulso por criticar a prefeitura de Salvador e consequentemente o prefeito ACM Neto. "Não tem política no grupo. Não existe um pensamento político do grupo. A separação é só desgaste de relacionamento, como um casamento. Nada mais. Não tem nada a ver. Não é isso. Não houve política como questão de a gente se afastar de Manno. Política não. Desgaste de relacionamento. O Alavontê não tem posicionamento político. É uma discussão que não cabe".

O esclarecimento foi reforçado por Chaves. "Aqui dentro, nós temos pessoas que pensam totalmente diferentes politicamente. Aqui entre nós. É uma situação que não é de hoje. Manno já não está com a gente desde 2016. Na verdade, nós somos um grupo onde tem vários pensamentos políticos e ninguém deixa de se posicionar politicamente, cada um do seu jeito, se posiciona pessoalmente. Mas, isso não foi o motivo", enfatiza. 

Sobre ser apontados como uma espécie de "reféns da prefeitura", pelo próprio Manno, o cantor nega que exista qualquer tipo de "amarração" com a gestão municipal. "Tivemos shows com a prefeitura e o nosso projeto queremos continuar fazendo, pois foram parcerias boas para todo mundo. Mas, também fizemos com o Governo do Estado e esperamos continuar fazendo. Para iniciativa privada, somos artistas como qualquer outro", e destaca que apesar de todas as acusações, Manno Góes recebeu por tudo até hoje. "É bom que fique claro que em todos os eventos que fizemos e continuamos fazendo até hoje, tudo foi dividido por todos. Então, se há algum recurso, que por acaso não era para ter vindo para o Alavontê, foi para as mãos de todos os membros do Alavontê, inclusive Manno". 

De forma enfática, Jonga justifica a relação proximidade com a prefeitura, mas nega que exista qualquer tipo de submissão. "É uma banda como qualquer outra. Como é que vou dizer que não toco para prefeitura, se foi do Alavontê que surgiu a ideia do Furdunço? Foi o Alavontê junto com Guilherme Bellitani. O pranchão nasceu no Furdunço. A volta do Dique foi uma ideia nossa. Então, claro que a gente trabalha com a prefeitura. Mas, por exemplo, o São João do ano passado tocamos no interior para o Governo. Não, essas acusações também não procedem. Mas, aí você me pergunta: “esse cara tira de onde isso”? Eu não sei", afirma.

Despedida e palavra final
Em clima de despedida da marca criada há cinco anos e que se tornou conhecida nacionalmente, Jonga admite que a última apresentação será diferenciada. "O show do dia 30 vai ser especial pra gente por ser o último com o nome Alavontê, que foi um nome que amamos tocar, é bacana, que já tem uma história construída, e vai ser um festão", garante. 

E com intenção de finalizar a discussão, afirma que não há problema em o grupo a passar ter um novo nome. "A gente saiu da discussão. Não é a nossa cara discutir uma marca. Nós vamos continuar juntos fazendo a mesma coisa que a gente sempre fez, música, alegria, compondo, fazendo as festas, bebendo pra c****. Não tem problema", finalizou. 

Classificação Indicativa: Livre

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