Economia & Mercado

Alta dos ovos de Páscoa faz público procurar outras opções; saiba mais

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Especialistas avaliam conjuntura econômica da Páscoa e dão dicas para driblar inflação  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Mario Rodrigues
Verônica Macedo

por Verônica Macedo

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Publicado em 29/03/2024, às 05h30


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Os ovos de Páscoa estão cada vez mais caros e a alta do produto tem motivo claro.  A elevação no preço do cacau projetou aumento no valor do chocolate e, principalmente, nos itens temáticos do feriado.

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Um estudo realizado pela Horus, empresa de inteligência de mercado, identificou aumento no preço médio por quilo de chocolate em fevereiro de 2024, em analogia com o mesmo período de 2023: de 11% em barras de chocolate; 10,7% em chocolates e bombons; e 1,8% em ovos de Páscoa.

Em entrevista para o BNews, o economista, consultor de negócios e professor da Wyden, João Luiz de Souza Lima esclareceu pontos importantes sobre o aumento e deu dicas para contornar o aumento dos preços do ovo de Páscoa com criatividade, mantendo, assim, a tradição.

“As famílias podem decidir substituir os ovos de Páscoa por tabletes de chocolate que são mais baratos ou mesmo por ovos verdadeiros, porém, adornados com efeitos ou pinturas próprias da Páscoa. Uma barra de chocolate de 500 gramas custa infinitamente menos que um ovo de Páscoa de 500 gramas. A primeira pode custar até menos de R$ 10,00, enquanto o Ovo pode passar de R$ 50,00”, orienta o especialista econômico.

Segundo ele, essas altas ocorrem, principalmente, porque o processo de fabricação do ovo de Páscoa é complexo e o espaço destinado ao seu armazenamento deve ser amplo e climatizado. Tudo isso contribui para que os preços sejam elevados. Além disso, “o processo de obtenção dos insumos para fabricação também é complexo, ou seja, vai desde a plantação e coleta do cacau até os demais itens componentes do processo produtivo”.

Uma outra questão, esclarece Lima, envolve o aumento dos preços dos alimentos praticados no Brasil. Há uma inflação, hoje, junto aos alimentos e à própria cesta básica do brasileiro. Recentemente, o Governo Federal, por intermédio da Presidência da República e dos ministros das áreas econômicas, realizaram uma reunião específica em Brasília, visando a adoção de medidas para o controle da alta dos preços dos alimentos.

“Há uma tendência, segundo os órgãos de defesa do consumidor, que os custos dos ovos de Páscoa atinjam um patamar de cerca de 26% mais caros em relação ao ano de 2023. O PROCON de São Paulo já detectou que os pesos dos ovos de alguns fabricantes não condizem com o que se apresenta na embalagem. Portanto, é necessário que as famílias façam a chamada ‘Pesquisa de Preço’ para poder comparar os produtos e escolher a melhor oferta”, diz o economista.

Para Lima, a única medida capaz de fazer com que as famílias sejam bem-sucedidas na compra de ovos de Páscoa, neste ano, está diretamente ligada à pesquisa de preços e produtos. “Portanto, trata-se da única forma de podermos comprar com coerência e segurança”.

O público já está atento há bastante tempo realizando pesquisas de preços e adquirindo produtos mais baratos, alternativos. O pedagogo baiano Carlos Veiga, por exemplo, comprou caixas de bombons em lugar dos tradicionais ovos de Páscoa.

“Este ano, não gastei dinheiro com os ovos grandes e médios que sempre comprava nessa data. Impossível, inadmissível dar mais de R$ 60 em um ovo de chocolate médio e mais de R$ 130 em um grande. Gastei R$ 12 pela unidade da caixa de bombons para presentear as crianças e idosos da família. Todos saem ganhando, até porque, a qualidade e o tamanho dos ovos reduziram e os preços aumentaram”, pontua Veiga.

Ele se refere à prática chamada de ‘reduflação’, cada vez mais presente no mercado e observada pelos consumidores, como a aposentada Anita Cavalcanti. “Os comerciantes, se depender de mim, vão ficar sem vender ovos, porque isso é um absurdo. Ovos cada vez menos saborosos, por preços esdrúxulos e sem a qualidade de antigamente. Não compro e quem conheço está falando e fazendo o mesmo. Deixo para comprar após a Páscoa porque, aí, são obrigados a reduzir os valores para diminuir os prejuízos nas vendas. Ninguém mais tem dinheiro pra isso!”, diz a soteropolitana revoltada.

Por isso, “as famílias devem ficar atentas aos preços praticados por fabricantes e revendedores. Trata-se de uma época em que há muitos casos de falta de ética nos negócios. A ganância se faz modeladora dos valores. Assim, temos de pesquisar, pesquisar, pesquisar... os preços e o mercado como um todo”, alerta João Luiz.

O também economista e consultor financeiro Edisio Freire analisou a conjuntura econômica e o seu impacto da data pascal.

“Assim como ocorre em outros produtos, nos itens da Páscoa, nós observamos a prática estratégica das marcas de redimensionarem os seus produtos, tanto no peso, quanto em tamanho e, em alguns casos, até na qualidade para conseguir driblarem o aumento de preços... Isso faz com que a gente fique aí se perguntando se vai ou se não vai comprar aquele produto, mas é mercado, é o que acontece, é o que pode acontecer, e o consumidor precisa estar atento a esse processo para avaliar até onde faz sentido”, salienta.

E continua: “ O que eu trago como orientação é fazer a boa e velha pesquisa, então, às vezes, a gente tem uma marca que mais nos agrada, que mais faz sentido pra nós, mas vale a pena você avaliar o que faz sentido para o bolso, então, se faz sentido você pagar mais caro para ter menos produto ou se faz sentido você mudar de alternativa, comprar outra marca, ou ir buscar outras opções para isso. É lógico que isso vai de cada pessoa, vai de cada orçamento, mas é uma prática que acontece e que faz com que a gente acabe pagando mais caro”.

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