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Tudo culpa das mudanças climáticas?

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Afinal, as mudanças climáticas são a nova e a grande ameaça global?  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 13/05/2024, às 19h00   *Georges Humbert



Nos últimos dias pululam no noticiário afirmações sobre as mudanças climáticas. Li, por exemplo, que o aquecimento global atingiu o maior índice da história. Vi também que são maior risco global, segundo Fórum Econômico Mundial. Afinal, as mudanças climáticas são a nova e a grande ameaça global?

Para responder a essas importantes questões é preciso esclarecer algumas premissas. A primeira é que o termo mudança do clima, mudança climática ou alteração climática refere-se à variação do clima em escala global ou dos climas regionais da Terra ao longo do tempo, afetando temperatura, chuvas, níveis das águas, especialmente o mar, derretimento de calotas nos polos, nebulosidade e outros fenômenos climáticos em relação às médias históricas. Portanto, entende-se que a mudança climática pode ser tanto um efeito de processos naturais ou decorrentes da ação humana.

Segundo, é preciso saber que elas existem desde que o mundo é mundo. Ocorrem em escalas de tempo que vão de décadas até milhões de anos, independente das ações ou inações humanas. Conforme já demonstrado cientificamente, as mudanças climáticas são inexoráveis, cíclicas e fazem parte da natureza do Planeta Terra. Incidiram a milhões, milhares, centenas e dezenas de anos atrás, e continuarão, queira ou não a humanidade. Foram responsáveis por diversas mutações nas condições e formas de vida, além da extinção e evolução natural de diversas espécies. (Yuval Noah Harari?, Sapiens? Uma breve história da humanidade? Ed. L&PM).

Terceiro, fato é que a população mundial continua a crescer desde o fim da grande fome de 1315-1317 e da Peste negra em 1350, quando chegou a 370 milhões. Estima-se que a população global chegou a 7,7 bilhões, em abril de 2019. As Nações Unidas preveem que a população humana chegará até 11,2 bilhões em 2100. Portanto, os impactos humanos e o crescimento econômico são inevitáveis.

Relatórios da ONU e de outras instituições respeitadas, produzidos entre 2000 e 2005, propagavam, em tom ameaçador, o caos ambiental em 2020, com milhões de pessoas mortas e espécies em extinção, por culpa das mudanças climáticas, o que não ocorreu. Agora, em pleno 2020, o mesmo panorama é novamente desenhado, com a mesma narrativa do século passado, alçando e associando irresponsavelmente o tema à cenários catastróficos.

Com efeito, alarmar a questão climática não traz qualquer benefício direto ou indireto. Há dezenas de outras questões ambientais mais relevantes para a vida na terra, como o acesso a água, a poluição de mananciais, o saneamento básico, a segurança alimentar, a moradia digna. A única esperança realista de evitar o colapso ecológico é o desenvolvimento de tecnologias e ações sustentáveis, que promovam o desenvolvimento social, econômico, com o menor impacto ambiental possível, notadamente no que se refere aos temas retromencionados. É preciso mudar o foco, se quisermos manter o equilíbrio e a vida sadia na terra.

Daí porque as respostas as questões aqui lançadas são inequívocas: as mudanças climáticas são mais velhas que os dinossauros, não são culpa do homem, pois fazem parte da essência da terra, muito menos são a grande ameaça ambiental global. Isso não quer dizer que devemos nos olvidar de estudar e promover práticas humanas que as combata e minimize.

A Holanda resolveu o problema das enchentes... e não foi lutando contra os Moinhos de Ventos, ops, Mudanças Climáticas Humanas. Mesmo com danos materiais, o país não registrou nenhuma morte causada pelas fortes chuvas que afetaram diversas regiões da Europa.

Isso aconteceu porque o histórico do país no combate a inundações e avanço da água dos rios e mares. A infraestrutura na gestão de água dos Países Baixos é uma das melhores do mundo. Existem, inclusive, órgãos específicos para administrar a questão. Eles são financiados por impostos independentes, destinados exclusivamente ao setor de contenção de águas. Já a presença de dunas costeiras – reforçadas com cerca de 12 milhões de metros cúbicos de areia por ano – cria paredões gigantes que dão aos rios mais espaços para aumentar e diminuir seus níveis de água. Dessa forma, com obras públicas, muita infra e emissões de CO2, foi possível assumir o controle da vazão quando “enchente do século” chegou. Ademais, as autoridades holandesas comunicaram a população mais rapidamente, impedindo maiores desastres. Milhares de pessoas evacuaram as casas com antecedência, já com destino certo e cobertura de políticas públicas de acolhimento, por plano prévio de gestão antes das torrentes chegarem.

Será que todas as enchentes, geadas e secas, calor e frio extremos, presentes na história do planeta terra e da humanidade, SÃO PREDOMINANTEMENTS causados pelad mudanças climáticas? Será que a ciência séria já pode afirmar que a tragédia do RS teve como principal causa as mudanças climáticas?

Mas ainda estamos cuidando das emergências, não há pesquisa séria que consiga definir as causas de fato tão complexo e histórico, em tão pouco tempo.
Ou apontar o dedo de todo e qualquer evento climático sempre para uma única e modista causa - a tal mudança climática - não seria um negacionismo, reducionismo e contraproducente de medidas de prevenção, planejamento, mitigação e de emergência?

Que o Brasil, como a Holanda, prestigie a ciência, a lógica e enfrente as verdadeiras causas e soluções para este problema das fortes chuvas no país, que há tantos anos mata tantos, em especial os mais pobres e mais vulneráveis, porque não é tudo culpa das mudanças climáticas

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