Política

Todo Carnaval tem seu fim: Neto decidirá logo após as festas se vai ou racha

Imagem Todo Carnaval tem seu fim: Neto decidirá logo após as festas se vai ou racha
Cenário eleitoral ainda é turvo, mas a panela de pressão está para estourar  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 10/02/2018, às 17h21   Luiz Fernando Lima*


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O sábado (10), terceiro dia de Carnaval oficial, começou com as especulações crescentes em torno de uma eventual desistência do prefeito ACM Neto (DEM) de disputar a eleição para o governo estadual em outubro próximo. 

Uma nota publicada na coluna do Estadão trouxe para os circuitos carnavalescos aquilo que a imprensa baiana e as rodas políticas do estado já tratam há algum tempo. Neto tem pela frente dois anos e meio de gestão na prefeitura de Salvador e renunciar não é uma certeza.

Neste período, não são poucas as obras e intervenções com potencial para colocá-lo, aos 41 anos (em 2020), como um dos mais realizadores prefeitos que a capital baiana já teve ao longo da história. 

Soma-se a isso o fato de ficar sem mandato até 2022. Neto também não tem, até o momento, um horizonte de candidatura forte no âmbito federal para ajudá-lo por aqui. Luciano Huck é um projeto que agrada o prefeito. 

O presidente da Câmara Rodrigo Maia pode ser vice em um chapa presidencial também. Aliado e amigo de Neto este é alguém que o coloca no jogo político de forma sólida.

Os principais partidos da base aliada do líder político de oposição ao PT também sofrem com a estagnação de espaço e queda vertiginosa como no caso do MDB. As variáveis da equação colocam a candidatura de Neto como um “chute no escuro”. 

Para muitos seria melhor usar uma fantasia carnavalesca para esconder o que insiste em aparecer.  

Por outro lado, o prefeito é bem avaliado e conta com recall composto por bons índices de aprovação do mandato em Salvador e do capital político deixado pelo avô. 

Perpassa ainda pela decisão de Neto outras questões como a pressão dos aliados que disputarão os cargos proporcionais. Nenhum outro quadro no agrupamento colabora para manutenção e crescimento das bancadas estadual e federal. 

Os postulantes ao Legislativo não trabalham com outro cenário. Neto tem que ser candidato. O risco de diminuição das bancadas é avaliado como enorme.

No dia 8 de março Neto assumirá a presidência nacional do DEM. Este é outro fator que os entusiastas da candidatura dele apontam como indicativo de que a decisão já está tomada. 

“Neto terá lugar de fala, terá o controle da legenda, do fundo partidário, da interlocução com os governos, terá ainda condições de estruturar a bancada. Isso tudo imaginando um cenário onde ele não ganhe a eleição. O que me parece improvável”, afirma um aliado pedindo para não ter o nome publicado.

A decisão ainda não foi de fato tomada. Outro “gatilho” esperado é o impacto de uma eventual prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na candidatura do petista Rui Costa. 

A aposta dos adversários do PT de que o desgaste provocado pela Operação Lava Jato e do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff seria definitivo não se mostrou “lucrativa”.

Os escândalos atingiram todas as cores da política brasileira. Neto teve ainda outro prejuízo que veio dos projetos malsucedidos aprovados, no rolo compressor, pelo governo Michel Temer (MDB). 

Do MDB também veio o mais duro golpe a Neto que tenta se desvincular de todas as formas. Os crimes cometidos por Geddel Vieira Lima, fiador e parceiro do prefeito no projeto municipal e federal, caíram como uma bomba no tabuleiro político baiano. 

O simbolismo do “bunker” e seus mais de R$ 51 milhões será explorado a exaustão pelos adversários de Neto. O pedido para que o MDB não integre uma eventual chapa não é simples de ser atendido. A legenda tem o maior tempo de televisão e a maior fatia do fundão eleitoral.

Tem mais, Rui Costa conseguiu junto com Jaques Wagner, Otto Alencar (PSD) e João Leão (PP) segurar todos os caciques do centrão baiano. O único partido ainda em disputa é o PR que tem problemas internos a resolver. 

Se não trouxer ninguém da base de Rui, Neto perde um argumento a mais na construção de uma candidatura com potencial para sair vitoriosa.
Isso tudo é cenário de momento, a política baiana, assim como a brasileira, está num período de poucas certezas, mas inúmeras convicções. Embora na política, convicção serve menos que o pragmatismo do arranjo selado e materializado.

Luiz Fernando Lima é editor do Bocão News

Classificação Indicativa: Livre

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