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Fama, acusação de estupro e vítimas desoladas: caso New Hit ganha força no país

Imagem Fama, acusação de estupro e vítimas desoladas: caso New Hit ganha força no país
Fato que ocorreu na pequena Ruy Barbosa chega às telas da Globo  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 16/05/2013, às 07h03   Caroline Gois (twitter: @goiscarol)


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25 de agosto de 2012. Esta foi a data que marcou a vida de duas jovens - uma de 15 e outra de 16 anos - e mudou o rumo da banda de pagode New Hit. O caso - que aconteceu na cidade de Ruy, localizada a cerca de 300 km da capital baiana - tomou conta da Bahia após dez integrantes do grupo serem acusados de estuprarem as meninas. Agora, o caso ganhou força nacional.

Na noite de terça-feira (14), o programa Profissão Repórter, exibido na Rede Globo, trouxe à tona um suposto crime ainda sem solução, mas cuja repercussão chocou jovens, pais e autoridades. Guilherme Augusto Campos Silva, Alan Aragão Trigueiros, Edson Bonfim Berhends Santos, Eduardo Martins Daltro de Castro Sobrinho (o Dudu), Jefferson Pinto dos Santos, Jonh Ghendow de Souza Silva, Michel Melo de Almeida, Weslen Danilo Borges Lopes, William Ricardo de Farias e o policial militar Carlos Federico Santos de Aragão, que fazia a segurança da banda, são apontados como réus.


Na entrevista à repórter Danielle França, o vocalista conhecido como Dudu disse que prefere não comentar o assunto e que "estão todos do nosso lado".

Após a exibição do programa, o assessor de imprensa da New Hit, Jansen Sandes, postou uma mensagem no facebook criticando a reportagem. Segundo ele, foi "lamentável o tipo de jornalismo que a Rede Globo de Televisão está passando a adotar na busca pela audiência, edição ridícula da entrevista de vários integrantes da banda onde só um falou...na busca cega por sua pauta, lastimável a postura destes "colegas" que visam se promover a todo custo.."(Veja abaixo a postgem na íntegra)


O Caso new Hit somou-se a outros que contabilizam os crimes de estupro no país. Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP), nos últimos cinco anos houve um aumento de 120% nesse tipo de crime. Só este ano, já foram 137 inquéritos abertos nas delegacias da capital. A maioria deles registrada na Área Integrada de Segurança Pública 5, que engloba o Subúrbio Ferroviário.

Em fevereiro deste ano, o site Bocão Newsesteve em Ruy Barbosa para cobrir as audiências de instrução, que duraram três dias. Todos os integrantes foram ouvidos, além das vítimas. Os advogados de defesa pediram o cancelamento da audiência que iria ocorrer no terceiro dia porque duas testemunhas não foram intimadas, por não serem encontradas. Sendo assim, a juíza Márcia Simões acatou ao pedido e as audiências foram remarcadas. Em junho, no dia 5, haverá a precatória nal qual estas testemunhas de defesa serão ouvidas, em Salvador.

Na oportunidade, fora requisitado também a coleta de céluas bucais para confirmar a doação do material genético. Segundo a promotora Marisa Jansen, que conversou com a equipe de reportagem do Bocão News assim que deixou o fórum no dia da audiência, foram requisitados também ao Departamento de Polícia Técnica os laudos que ainda ainda não emitidos.

Já o advogado
Rogério Matos, que defende os músicos Deco e Guilherme, esta coleta de material genético "é uma prova importante para a absolvição. Temos certeza que eles são inocentes", afirmou à equipe do Bocão News. "Nós nos propusemos a fazer a doação. Corroboramos com a solicitação da promotora porque queremos provar que houve uma relação conssentida, um sexo conssetido e não estupro", ressaltou. Segundo Matos, a defesa não nega que houve relação e garante a inocência dos integrantes da New Hit.

Mas, a policial militar Vanderlúcia Militar, uma das testemunhas que socorreu as vítimas no dia do suposto crime, conta outra versão dos fatos. "Vi sêmen na roupa delas. A morena parecia uma louca em surto. A branca estava assustada. Foi assustador", disse com exclusividade ao Bocão News.




PM que prestou socorro às vítimas

Ainda que, com toda reepercussão do caso, a banda fez sua reestreia em Salvador, no dia 10 de maio, na Estação Ed Dez. Segundo a assessoria de imprensa da banda, o grupo convidado pelo novo vocalista da banda A Bronkka, Missinho Pratt, "roubou a cena e todos os holofotes da noite". Quando subiu ao palco, o cantor Eduardo Martins foi ovacionado por suas fãs que faziam de tudo para chegar perto de seu ídolo.

“A New Hit é do povo e ninguém vai nos separar, vocês me dão força pra estar aqui levando alegria em forma de música para o povo, obrigado Salvador!”, desabafou Dudu. Ainda de acordo com a assessoria, ao som dos hits “Senta com vontade”, “Pick-Up”,”Colo do Filho”, “Assim que ela geme”, “Miro” e “Nossa História”, o público foi ao delírio empolgando o cantor que prometeu em breve um show próprio e completo na capital baiana.

Um dos principais políticos engajados na condenação do grupo é a deputada estadual Luiza Maia (PT), que organizou protestos em Ruy Barbosa e mobilizou diversas instituições de proteçaõ à mulher. "Queremos a New Hit na cadeia. Este é só um dos muitos casos que temos por todo país de violência contra a mulher. A cada três minutos uma mulher é violentada em nosso país. Isso são dados do próprio Mapa da Violência. E deste casos, apenas 2% dos agressores são condenados", explicou ao Bocão News uma das militantes da Marcha Mundial das Mulheres, Maiara Guedes. Para a deputada Luiza Maia o importante é "que justiça seja feita. O que eles fizeram é um absurdo e queremos que sejam condenados", disse. A parlamentar chegou a atribuir o que se chama de 'produções da baiaxaria' ao tráfico de drogas.

As meninas que fizeram a denúncia dizem ter sofrido ameaças de morte por celular e tiveram as casas vigiadas por carros "suspeitos". Por causa disso, elas tiveram que mudar de escola, de casa e cortar vínculo com amigos. Hoje, as duas estão sob proteção do Programa para Crianças e Adolescentes, e recebem acompanhamento psicológico e policial.

O laudo da polícia técnica não aponta quem teve relações sexuais com as adolescentes. Segundo o Ministério Público, pela quantidade de sêmen encontrada nas roupas delas, foram pelo menos duas pessoas com cada uma das jovens.

Os dez acusados respondem em liberdade por estupro e formação de quadrilha e chegaram a passar mais de um mês presos. Um dos acusados é um policial militar que fazia bico como segurança da banda e foi denunciado por não impedir o crime. Ele voltou à corporação, mas fará apenas serviços administrativos. As próximas audiências em torno do Caso New Hit só irão ocorrer agora nos dias 3, 4 e 5 de setembro, quando os dez réus serão interrogados.

Nota originalmente postada às 11h do dia 15

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