Política

ACM Neto e Pinheiro podem passar a dividir o mesmo palanque

Publicado em 15/07/2015, às 10h20   David Mendes e Aparecido Silva


FacebookTwitterWhatsApp

Tudo ainda está no campo das especulações, mas o encontro do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), com o senador Walter Pinheiro (PT), em Brasília, na última segunda-feira (13), não teria tratado apenas do pedido de ajuda para a liberação de recursos para o BRT (Bus Rapid Transit), que aguarda apenas o governo federal para dar início às obras do corredor exclusivo de ônibus que vai fazer, inicialmente, o trajeto Estação da Lapa x Ligação Iguatemi-Paralela (LIP).

ACM Neto, que mobilizou seus deputados federais para votarem a favor do pacote de medidas do ajuste fiscal do governo após acordo costurado com o articulador político, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), passou a fazer críticas ao PT e ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) nos eventos públicos que discursou após descumprimento de acordo. Os ataques renderam ao prefeito severas críticas do líder petista na Bahia, o ministro Jaques Wagner (PT), que acusou Neto de “atacar pelas costas”, mas que não iria se “importar com a falsidade do abraço do prefeito”. 

Se fosse no tempo fervoroso da militância, Pinheiro poderia até emendar o coro do correligionário, mas, como o senador está com o olhar fixado no relógio, contando os segundo que faltam para deixar o PT, os ataques ao petismo vindos do principal líder da oposição ao governo petista na Bahia, a quem o senador está afastado das relações políticas e pessoais, e ainda um encontro com o democrata, herdeiro do espólio político do ex-senador Antônio Carlos Magalhães, poderiam ser vistos como normais e que fazem parte do jogo político.

À redação, a informação que chega é a de que ACM Neto busca um nome de peso da base governista para unir-se a ele contra o PT. Os petistas baianos montam uma estratégia, capitaneada pelo ex-governador Wagner, para pulverizar as candidaturas na eleição em Salvador em 2016. O objetivo é enfraquecer uma possível candidatura à reeleição do democrata, que costuma afirmar, sempre que questionado, ainda não saber se disputará mais um mandato.

Daí a possibilidade de assuntos como 2016, 2018, 2020 e 2022 terem sido tratados na mesa durante encontro na capital federal entre Neto e Pinheiro. A primeira hipótese é a de que Neto poderia abrir mão da reeleição e entregar a prefeitura a Pinheiro, que sonha em administrar Salvador, mas nunca obteve sucesso com o PT. A segunda seria Pinheiro ser o vice na chapa de Neto com vistas em 2018, onde o democrata entregaria, dois anos depois, a prefeitura a Pinheiro, tido como um dos quadros mais sérios e competentes do PT baiano, para se candidatar a governador com o apoio do novo prefeito. A terceira hipótese seria Neto buscar a reeleição e, em caso de vitória, com o apoio de Pinheiro, retribuiria o apoio do senador para o governo em 2018 e, em 2022, receberia novamente o apoio de Pinheiro porque, com a unificação das eleições, com base na reforma política, a reeleição acabaria e o prefeito eleito em 2016 governaria nos próximos seis anos.

Resta saber agora qual partido Pinheiro se mudará. Na última sexta (15), Pinheiro foi à Rádio Metrópole e rompeu o silêncio, após diversas recusas em conversar com a imprensa baiana sobre o seu futuro político. O senador deixou claro que não iria “ficar esperando o violino tocar ali em cima para afundar com o Titanic [PT]”.

Dos partidos que podem abrigar o quase ex-petista entrou na bolsa de apostas o PMDB. As tratativas estariam a cargo de caciques peemedebistas no Senado, que buscam mais uma cadeira. Na Bahia, o partido é comandado por Geddel Vieira Lima, que não colocaria empecilhos para a entrada do senador baiano na legenda. Primeiro porque Pinheiro e Neto juntos – o prefeito também pode se filiar ao PMDB –, a hegemonia dos Vieira Lima correria riscos. Por outro lado, unidos e com Pinheiro prefeito e Neto candidato a governador, ou vice-versa, a ida de Geddel para o Senadose tornaria mais fácil, já que a sua chegada ao Palácio de Ondina é um caminho que teme nunca conseguir chegar. A legislação eleitoral determina que os políticos têm até o início de outubro para decidir suas vidas. É aguardar e esperar quais frutos serão colhidos dessas articulações.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp