Política

Panorama Eunápolis 2024: Crise entre prefeita, vice e vereadores pode afetar eleição no município

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Prefeita de Eunápolis, Cordelia Torres (União) vem enfrentando resistências por parte da Câmara Municipal  |   Bnews - Divulgação BNews/Arquivo

Publicado em 24/03/2023, às 17h06 - Atualizado às 17h53   Yuri Abreu


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Primeira prefeita da história da 16ª maior cidade da Bahia, Cordélia Torres (União) chegou ao Executivo de Eunápolis desbancando um dos principais nomes da política da cidade, Robério Oliveira (PSD), que tentava chegar ao terceiro mandato.

No entanto, em 2020, ele recebeu 22.503 votos, o que acabou sendo insuficiente para a sua reeleição, já que a sua adversária política - a quem ele bateu em 2016 - recebeu 29.925 votos e venceu o pleito município que possui, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mais de 72 mil eleitores.

Passado mais da metade do mandato de Cordélia Torres, contudo, o que se vê é um clima de tensionamento entre a Prefeitura Municipal e a Câmara de Vereadores, casa que vem impondo a ela sucessivas derrotas. A última delas ocorreu no dia 16 deste mês, quando os edis, de acordo com o portal CDN 24 horas, aprovaram as contas do ano de 2018 justamente do ex-prefeito Robério Oliveira e por um placar elástico: 12 votos a favor, quatro contrários e uma abstenção.

Mas, há quem diga que, na cidade, o isolamento de Cordelia seja ainda maior, uma vez que o vice-prefeito Wanderson Barros (União) também está politicamente rompido com a gestora eunapolitana. Em conversa com o BNews, nesta sexta-feira (24), ele disse que a situação é fruto de uma gestão mal avaliada da prefeita.

"Desde o início do mandato, em 2021, a gestora [Cordélia Torres] não conseguiu criar laços com o Legislativo. Ainda assim, ao longo dos primeiros dez meses, empurrar a gestão 'com a barriga'. Mas, naquele mesmo ano, os próprios edis iniciaram uma conversa de cassar o mandato da prefeita, por acreditarem que ela não tinha compromisso com a cidade", afirmou o vice-prefeito.

Depois desse susto inicial, ela teria decidido estreitar os laços com a Câmara Municipal, na tentativa de ter uma maior governabilidade. Mas teria ficado apenas por aí. "Em 2022, a administração pública do município ocorreu da mesma forma, deixando a cidade abandonada, com indícios de fraude em todos os setores. Isso fez com que a população se revoltasse tanto com a gestora, que possui um índice de rejeição de 80%, quanto para com os vereadores", salientou.

Diante do cenário, os vereadores mudaram a atitude com relação à cidade, tendo em vistas o pleito municipal de 2024, quando eles buscaram se desvincular da prefeita. "É uma crise declarada", completou Wanderson.

Um novo capítulo dessa conturbada relação ocorreu essa semana, quando um empresário da cidade apresentou documentação que comprovaria irregularidades ocorridas na realização do evento "São João se Encontra com Pedrão 2022". Caso os vereadores acolham a denúncia, a prefeita poderia ser investigada.

Ainda segundo o portal CDN 24 horas, esse mesmo empresário, de nome Valvir Vieira, foi o autor das peças que culminaram no afastamento, por cinco meses, de Robério Oliveira, em 2017, após suspeita de fraude em contratos municipais - os desvios teriam chegado a R$ 200 milhões è época.

Desavenças

Além da Câmara de Vereadores, a prefeita de Eunápolis também não tem uma boa relação com o seu vice. Segundo Wanderson Barros, tudo começou após os seis primeiros meses de a chapa tomar posse na gestão. Ele revelou ao BNews que, em determinado momento, até mesmo o salário dele chegou a ser cortado.

"Não temos qualquer relação. Nos primeiros dias até participamos de alguns eventos juntos, mas depois fui caindo no esquecimento e posteriormente isolado. A partir dos seis primeiros meses de gestão, então, comecei a me manifestar, publicamente e nas redes sociais. Em seguida, eu me posicionei contra a maneira que o município estava sendo coordenada", afirmou.

Para 2024, ele disse que pode tentar se viabilizar como uma terceira força na cidade - contra Cordélia e Robério, eventuais candidatos. - e que está em vias de migrar para o MDB, partido do vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior. 

"Caso isso não aconteça, a gente vai tentar construir. Isso vai depender de que maneira vai se chegar lá na frente. Se os grupos entenderem que eu devo ser candidato, eu vou", finalizou.

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