Com a surpreendente ausência dos típicos holofotes dispensados a eventos envolvendo as principais figuras políticas baianas, o ex-prefeito João Henrique se filiou na manhã deste sábado ao PSL. A cerimônia ocorrida na sede da Associação Baiana de Supermercados (Abase) foi discreta e o salão do local ficou cheio, mas não lotado, ao passo em que muitos dos que já se declararam eternos amigos de JH estiveram ausentes.
Entre os políticos que compareceram ao evento estiveram as bancadas de parlamentares da Assembleia Legislativa e edis da Câmara de Vereadores do partido. Além disto, outros políticos identificados com JH também fizeram questão de comparecer, formando a legítima bancada “henriquista” da política da capital.
Já na plateia comum não estavam os típicos “militantes contratados”, comuns em eventos políticos. Sem bandeiras sendo agitadas e carros de som, os que acompanharam a nova filiação do ex-prefeito foram seus eleitores históricos, especialmente os de baixa renda. Com suas melhores roupas, as famílias vieram juntas e puderam cumprimentar e felicitar João Henrique pessoalmente. Extravagância foi apenas uma banda de fanfarra que chegou junto com a estrela do dia.
O novo militante do partido apareceu no evento acompanhado da mulher, Tatiana Paraíso, e despojado como não se esperava. De camiseta, jeans e tênis, dispensou a indumentária típica dos políticos - terno e gravata - e exibiu semblante mais tranquilo que o de costume. No discurso, foi fluido revelando o que aprendeu no curso de radialismo e evitou também se estender no pronunciamento. "Hoje é dia só de comemoração. Vamos comemorar."
O ex-prefeito chorou em algumas ocasiões durante homenagens feitas por seus novos correligionários e, em entrevista, disse que confia em Deus – e em seu advogado - para que seja liberado para a disputa política do ano que vem. Confirmou ainda que será candidato a deputado estadual e que agora disputar o Governo do Estado não faz parte dos seus planos. Voltar à prefeitura, porém, é uma possibilidade, mas futura.João Henrique deixou ainda claras algumas mágoas no momento do discurso de filiação e também em entrevista aos jornalistas. Segundo ele, “ninguém acredita em João Henrique” mesmo que sua carreira política demonstre sequenciais vitórias, todas elas surpreendentes. Já na questão do legado político, JH reclamou da perseguição que diz sofrer e lembrou que diversos políticos na história do Brasil foram silenciados e que, atualmente, há uma movimentação para garantir sua boca fechada.
“Estão querendo me deixar inelegível. Acho que o grande medo que tinham de grandes expoentes da política nacional que no passado tiveram que fugir de perseguições políticas (continua), (muitas personalidades) tiveram que se exilar do Brasil nas décadas de 60 e 70, foram morar fora por conta da Ditadura Militar. Hoje, usam outros métodos, outros meios, para deixar a gente inelegível. Enfim, mudaram os méritos, mudaram os meios, mas o objetivo de deixar pessoas que têm relação direta com o povo, este objetivo continua”, dissertou.
O ex-prefeito se comparou a políticos como João Goulart, Leonel Brizola e outros e disse que muitos deles voltaram ao Brasil nos braços do povo e que, se for possível voltar às disputas políticas, João Henrique espera repetir a aclamação. Além disto, ele afirmou não traçar planos de maneira muito aguerrida porque acredita que “às vezes, quando a gente se apega muito a um objetivo, Deus nos mostra um caminho que é muito melhor”.
Nota originalmente postada às 10h do dia 14
