Política

"Nosso candidato poderá ser o cabeça de chapa"

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Passos disse que serão esgotadas todas as possibilidades em prol da união contra Nelson Pelegrino  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 30/04/2012, às 07h39   Redação Bocão News


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O presidente da executiva estadual do PSDB, Sérgio Passos, em entrevista concedida ao jornal Tribuna da Bahia, afirmou não ter jogado a toalha na tentativa de unir o partido com o PMDB e o DEM, na eleição deste ano em Salvador. 
Na publicação, Passos disse que serão esgotadas todas as possibilidades em prol da união contra o candidato do PT, Nelson Pelegrino.  
Na entrevista também foi feita uma análise sobre a gestão João Henrique. Para o Tucano, JH “não foi bom para a cidade” e "existe a necessidade de se recuperar os serviços públicos que não funcionam”. 
Tribuna da Bahia - A gente está em um momento delicado onde as arrumações políticas estão prestes a serem finalizadas. Ainda é possível construir uma aliança entre os partidos de oposição em Salvador?
Sérgio Passos –  Eu sou um esperançoso, principalmente quando se trata de política. A política não tem prazo determinado nas conversas. Então, acredito que se mantêm a ideia, todos nós, partidos de oposição, de lutarmos pela unidade. E isso, mesmo vendo que ela se torna um pouco distante. Eu, com muita expectativa e fé, continuo pensando e trabalhando por essa união, pois Salvador precisa que nós tenhamos um candidato de oposição forte, competitivo, que possa espelhar a Bahia. Justamente por isso que acredito que todos nós do PSDB, do PMDB e do Democratas continuamos trabalhando pela unidade.
Tribuna - Qual a dificuldade que se tem, hoje, para fechar uma aliança com o DEM e o PMDB? Qual o gargalo?
Passos - O gargalo é que nós temos três bons candidatos. Todos são nomes representativos, bastante conhecidos da sociedade de Salvador e por isso julgam-se com competência e qualificações para enfrentar a eleição de outubro. Então, nesse ponto é que se encontra o gargalo. Três bons candidatos, todos bem situados, respeitados na cidade e no ambiente político e isso dificulta, já que alguém terá que abrir mão da candidatura. 

Tribuna - Não poderiam ser colocados critérios que levassem, se realmente há interesse para o entendimento, a ajudar na escolha?
Passos – Critério acredito que tenhamos, que é o critério de conhecimento da cidade, de capacidade política, de capacidade para fazer o grande programa para Salvador e também a capacidade para se articular. Eu acredito que isso, que é uma necessidade impositiva, acontece com os três candidatos. Por isso vem a dificuldade.
Tribuna - O PSDB ficou com algum ressentimento por causa da movimentação do Democratas que já lançou a pré-candidatura de ACM Neto?
Passos - Absolutamente. É um direito que assiste a qualquer partido. Por não ficarmos contrariados ou magoados, continuamos trabalhando pela unidade. 

Tribuna - A pressão nacional do PSDB e do DEM estão sobrepondo aos arranjos locais? Isso é uma coisa que preocupa os tucanos da Bahia? 
Passos - Eu não entendo com uma pressão. O interesse nacional está sempre influenciando os estaduais. Seja no PSDB, seja no Democratas, seja no PMDB, seja em qualquer partido. Os interesses nacionais influenciam as decisões estaduais como as estaduais influenciam as decisões municipais. Então, claro que isso tem influenciado a nossa decisão, aqui, mas não é algo determinante por si só. Claro que por um acordo, aqui na Bahia, passará por um interesse da cidade de Salvador, da população de Salvador, porque Salvador é muito grande, é muito importante e não estaria apenas ao sabor do interesse nacional.
Tribuna - Há o risco de o PSDB aderir à candidatura de ACM Neto, do Democratas, e Imbassahy ficar de fora, não se dedicando à formação da chapa e da campanha?
Passos - Eu não colocaria como risco. Tudo depende de como isso seja alcançado. Em uma hipótese colocada de um acordo PSDB/DEM, eu acredito que o importantíssimo seria a presença, no palanque, do nosso pré-candidato Imbassahy. Isso tudo vai depender de conversas, de articulações, de entendimento, principalmente entre os candidatos e, também, entre os partidos.
Tribuna - A disputa de ego e as dificuldades para os partidos cederem pode gerar um desgaste maior e a oposição chegar desunida na eleição? 
Passos - Eu não acho que seja ego, isso faz parte do processo político. Cada um finca suas bases, é como se fosse um cabo de força, e dali começa a fazer com que o processo deslanche. Os espaços, os interesses, o discurso, tudo isso é avaliado num processo político. O que existe é o posicionamento de cada partido na busca daquilo que seja melhor 
para seus filiados. Estando, claro, sempre abaixo dos interesses de Salvador. Por isso temos até junho para esgotar todo o tempo possível na busca da unidade. Não sendo possível essa unidade, teremos que ter uma campanha responsável para que, em um segundo turno, possamos estar juntos.
Tribuna - Não fechando acordo com DEM, há possibilidade do PSDB marchar com o PMDB em duas candidaturas da oposição? 
Passos - Isso é possível. Na nota oficial, fruto da nossa reunião do dia 20 de abril, nós colocamos que os entendimentos com o PMDB deveriam continuar, porém sabendo que, sempre devido à nossa história nacional, poderíamos, também, estar juntos com o Democratas.
Tribuna – A demora em apresentar uma candidatura única da oposição não vai dificultar a construção de um discurso ao longo da campanha? 
Passos – Acredito que não porque nós temos três nomes bastante conhecidos, que conhecem a cidade e que os problemas estruturais de Salvador são bastante visíveis. Através de uma equipe bem montada, com especialistas de trânsito e de segurança, por exemplo, qualquer um desses três partidos poderá, rapidamente, fazer um programa eficiente para a capital.
Tribuna - Imbassahy admite, em algum momento, a possibilidade de abrir mão da candidatura para ser vice de ACM Neto ou de Mário Kertész? 
Passos - Ainda trabalhamos com a hipótese de que o nosso candidato poderá ser o cabeça de chapa.
Tribuna - Qual o discurso do PSDB para essa campanha? 
Passos - O discurso prioritário dessa eleição será necessidade de resolver a questão da mobilidade urbana, do transporte de massa. Isso é fundamental. Salvador não pode continuar da maneira que está. Engarrafamento em cada esquina, impedimentos de trafegar com segurança. Nós temos que ter um grande projeto de transporte que sirva não só para a 
classe média, mas também para as classes mais elitizadas e as menos favorecidas. Esse é um dos nossos discursos, além da recuperação da infraestrutura dos bairros, sobretudo os turísticos, onde nós vemos a perda continua do turismo. É necessário investir anda nos bairros mais carentes para melhorar a qualidade de vida da população. Sem contar que precisamos recuperar os serviços públicos da cidade que não funcionam. O PSDB quer fazer isso.
Tribuna - Qual a avaliação que o senhor faz do governo João Henrique?
Passos – Infelizmente não foi boa para a cidade. A primeira gestão não foi boa, conseguiu se reeleger com discurso de melhoria. Mas o que se viu foi a segunda igual ou pior. Saúde precária, transporte precário, limpeza pública precária, tudo precário. Não foi uma boa administração, Salvador parou no tempo ou retrocedeu.
Tribuna - O senhor falou que uma das prioridades do próximo prefeito vai ser a questão da mobilidade urbana. O que falta, hoje, para Salvador dar um passo efetivo na resolução desse problema que trava a cidade como um todo?
Passos – Nós não podemos esquecer que Salvador tem características próprias de uma metrópole centenária. Salvador tem o centro comercial e o centro da cidade que têm características próprias de uma cidade que cresceu a partir do século XIX e mantém, ainda, essas características urbanísticas. Só nos resta um grande transporte de massa sobre os 
trilhos. Sem isso, continua atravancando tudo, além da poluição que traria o transporte através do BRT (Bus Rapid Transit) que não resolveria o problema como um todo. Tem que ser o metrô ou não teremos saída. Salvador já está atrasada nesse processo.
Tribuna – E por falar no transporte sobre trilhos, o senhor acredita que na campanha Imbassahy pode ser culpado pelo fiasco do projeto do metrô? 
Passos - Eu acredito que não. Ele, apenas, iniciou o projeto do metrô que, em seguida, foi reduzido na gestão do atual prefeito, que não conseguiu concluir. Imbassahy, inclusive, não pode ser considerado culpado sobre o que vem acontecendo ao longo dos últimos oito anos na administração da cidade.
Tribuna - O senhor acredita que vai ser possível mudar a realidade de Salvador sem os apoios efetivos dos governos federal e do Estado? 
Passos - A política mudou no Brasil. As pessoas olham de maneira superficial e acreditam que não tenha mudado, mas, hoje, todos nós, seja no município, no Estado ou a nível federal temos compromisso com a população. Um bom prefeito, que tenha a capacidade de se articular e apresentar projetos, seja ele da oposição ou da situação, será capaz de tirar Salvador do estado em que se encontra.
Tribuna - O deputado Jutahy Jr. tem atuado em favor do candidato José Serra em São Paulo. Pode haver algum estremecimento com os tucanos baianos por conta dessa tentativa de costurar apoio nacional através de uma aliança aqui na Bahia?
Passos - Graças a Deus nós temos um deputado do PSDB que tem grande influência nacional. Jutahy é um deputado respeitado, com bons projetos na Câmara, bem articulado nacionalmente e que tem a respeitabilidade da oposição e da situação. Por isso, só vem engrandecer a Bahia. Não acredito que o deputado venha a tomar nenhuma atitude, nem tenha nenhum procedimento político que venha prejudicar a nós, baianos. Eu acho que ele se sairá muito bem nesse processo político.
Tribuna - A avaliação que o PSDB baiano faz, hoje, do governo Jaques Wagner, qual o maior erro e o maior acerto do governo? 
Passos - Nesse caso, eu digo pessoalmente. Eu acho que a questão da segurança continua precisando de grandes investimentos e de um projeto real que garanta a tranquilidade da sociedade. Já o maior acerto é a democracia. Realmente é um governador democrata, um homem educado.
Tribuna - O senhor acredita que os elogios que o deputado ACM Neto fez ao governo, essa semana, possam ter causado algum tipo de mal estar?
Passos - Não. A oposição tem que elogiar e tem que criticar. Oposição responsável é isso. Aquilo que apresenta falhas, críticas no intuito que o governo, o executivo possa corrigir, melhorar.
Tribuna - O senhor acredita que a oposição está pecando em não construir um projeto forte pensando em 2012 e 2014, como era a ideia no começo?
Passos - Eu acredito que cada eleição tem o próprio tempo. Na política existe muito do imponderável. Nós não podemos fazer uma eleição em 2012 voltada apenas para 2014. Eu acho que uma coisa leva a outra, mas não que, agora, se esteja decidindo 2014. 
Tribuna - O PSDB é um partido pequeno na Bahia, sobretudo, em relação ao restante do país. Qual a meta de vocês para essa eleição? Tem algum objetivo de ocupar novos espaços no interior?
Passos - Talvez, a representatividade do PSDB nas casas, Câmara de Salvador, Assembleia Legislativa e Câmara Federal não represente o tamanho que nós temos no interior. Nós estamos em quase 300 municípios baianos e estamos nos organizando para sairmos mais fortes, seja com o maior número possível de candidatos a prefeitos, vice-prefeitos ou 
vereadores. Mas uma coisa é certa, sairemos do processo eleitoral de 2012 mais fortes e com força para influenciar em 2014.
Tribuna - O PSDB tem quantas prefeituras, hoje, e tem o objetivo de construir quantas?
Passos - Nós temos, hoje, em torno de 20 prefeituras no Estado da Bahia. Claro que a nossa ideia é fazer mais do que isso daí, mas nesse instante, que ainda estamos em um processo de articulação no interior, também, fica difícil avaliar. Mas queremos manter ou crescer.
Tribuna – O que as pessoas podem esperar do PSDB nesse momento de finalizações de acordos com os partidos de oposição? 
Passos - Que agirá com responsabilidade, sempre colocando acima de qualquer interesse político ou partidário os interesses da população de Salvador, que vem sofrendo muito e precisa ter um administrador sério e responsável para mudar o estado das coisas que aí estão.

Classificação Indicativa: Livre

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