Política

Caetano Veloso faz vídeo contra o Escola sem Partido

Reprodução/ Redes sociais
Para ele, os professores são vários e seus modos de ensinar devem poder variar  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Redes sociais

Publicado em 25/11/2018, às 19h12   Márcia Guimarães


FacebookTwitterWhatsApp

O cantor Caetano Veloso gravou um vídeo sobre a censura nas escolas e lançou em seu Twitter no sábado (24). Ao lado da irmã Mabel, que é professora, ele pergunta sobre o que ela tem pensado a respeito do momento atual da educação.

“Eu estou aqui com Mabel, minha irmã, que é professora há mais de 60 anos. Quando eu era menino, Mabel era uma moça que ensinava na escola e os alunos sempre adoraram ela. Vou perguntar a ela sobre educação hoje: o que você tem pensado nesse momento atual?”, questionou o cantor.

No vídeo, que soma mais de 40 mil visualizações e 4.500 likes, Mabel responde que está com medo. “Você sabe que eu sou uma pessoa covarde. Com isso tudo que está acontecendo, eu só tenho medo, um medo horrível e pena dessas crianças que estão chegando, porque aquele colégio que você conheceu, que eu conheci e onde eu trabalhei, eu acho que vai se acabar. Tenho medo”, destacou a professora. 

Caetano Veloso já tinha criticado o Escola sem Partido esta semana também em suas redes sociais. No Instagram, sua postagem teve mais de 16 mil curtidas. Ele revelou que fica angustiado ao ler sobre o projeto e que, quando era jovem, sonhou em ser professor, somente pela importância que professores tiveram na sua formação. 

“Apenas para começar a conversa, destaco Dona Candolina, a professora de português cujas aulas assisti nos dois dos três anos do segundo ciclo do secundário. Candolina era uma soteropolitana negra e extrovertida, embora muito discreta e rigorosa. Ela era temida pelos alunos desleixados e celebrada pelos atentos ao tema do uso da língua. Eu estava entre estes últimos. Mas mesmo os que a temiam reconheciam-lhe o valor”, narrou. Ele relatou que fica pensando na dedicação daquela mulher ao preparar-se para a missão de ensinar. 

“Muitos professores me abriram os olhos para o mundo, para a literatura e para a vida. Candolina é um símbolo dessa grandeza. Isso não pode ser ameaçado por ondas obscurantistas que sugerem uma intimidação dos mestres e uma suspeita permanente na alma dos alunos. Só um desejo violento de partidarizar o ensino poderia conceber ideias como as que aparecem no projeto de lei apelidado ‘Escola Sem Partido’. Os professores são vários e seus modos de ensinar devem poder variar. Estudantes devem ser estimulados a pensar por conta própria. Tratar o tema a partir de restrições e estímulo a delações é desrespeitar algo sagrado”, alertou.

Na avaliação do poeta, a escola é experiência que não deveria faltar a ninguém. “Em homenagem a Dona Candolina, convido a quem me lê a observar com cuidado esse problema. Até aqui, nenhum governo, nenhum dos poderes do Estado posterior à redemocratização orientou ou limitou o ensino. Que não seja agora, na segunda década do século 21 que mitos absurdos ameacem o ofício do professor”, finalizou.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp