Política

Indicação para instalação de Bíblia no Dique volta a polemizar na Câmara

Publicado em 25/11/2015, às 16h28   Victor Pinto (Twitter: @victordojornal)


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No bolo dos projetos de lei e de indicação de autoria dos vereadores que estão em apreciação na tarde desta quarta-feira (25), na Câmara de Salvador, a matéria 387/2015 de autoria da vereadora Cátia Rodrigues (PHS) voltou a polemizar. O texto visa indicar ao prefeito, a colocação de um monumento representando a Bíblia Sagrada no Dique do Tororó do mesmo tamanho dos orixás ali representados.

O vereador Edvaldo Brito (PTB), adepto do Candomblé, foi o primeiro a se manifestar na votação. O petebista demarcou seu posicionamento contrário à proposta. 

O líder em exercício da oposição, vereador Everaldo Augusto (PCdoB), questionou a colocação da proposta na Ordem Dia. Alegou que na houve acordo, fato contestado pelo presidente da Casa, vereador Paulo Câmara (PSDB) que reafirmou as negociações feitas entre as bancadas oposicionista, governista e independente.

A autora da proposta partiu para defesa. “Nós também temos o direito de passar ali e ver a bíblia representada”, argumentou a vereadora ao se referir aos tradicionais orixás que são representados no local.

“Projeto excelente e gostaria de parabenizá-la, vereadora”, corroborou o líder da bancada independente, vereador Isnard Araújo (PR).

O vereador Lessa argumentou que a indicação, como é direcionada ao prefeito, tem vício de origem. “A responsabilidade do Dique é da Conder, logo, do governo do estado e não da prefeitura de Salvador”, informou. Em seguida, na mesma linha, o vereador Silvio Humberto (PSB) salientou que o Dique é um tombado como patrimônio artístico e cultural, logo, de acordo com o socialista, não poderá sofrer alterações. “Se for assim, vamos mudar algumas regiões do Pelourinho”, provou.

Dona do debate, a indicação levou os vereadores a discutirem, inclusive, a paternidade da Bíblia Sagrada e a questão de intolerância religiosa.

Apesar da celeuma, a indicação foi aprovada por maioria. Apenas os vereadores da oposição, somado ao voto vereador Edvaldo Brito (PTB), foram contra.

INTOLERÂNCIA – Os principais protagonistas da discussão têm visões totalmente diferentes quando a questão da intolerância religiosa é colocada em questão. A autoria da indicação, em, conversa com o Bocão News, ressaltou que a Bíblia é um símbolo sagrado cristão.

“É uma simples indicação, que foi aprovada, e não fala em religião. Só fala da pré-disposição de ser visto no Dique a representação de um símbolo religioso cristão. O livro mais vendido do mundo! Acho que temos esse direito e ser contra isso é demonstrar a verdadeira intolerância religiosa”, disse.

Para o vereador Edvaldo Brito, principal voto contrário da discussão, a indicação fere o regimento. “Não se pode aprovar indicação que vise implicar solicitação de serviço e gerar custos ao Executivo. Ali são representações artísticas. São obras feitas por um escultor. Não tem sentido”, discorreu o trabalhista brasileiro.

ANTIABORTO – Não é a primeira polêmica em torno da vereadora Cátia Rodrigues. A nova humanista, no meio do ano, conseguiu a aprovação do dia municipal de conscientização anti aborto após uma contenda que durou longos meses de tramitação nas comissões. As vereadoras ligadas ao movimento feminista, como Vânia Galvão (PT) e Aladilce Souza (PCdoB) encaparam, assim como a oposição, uma luta contra a matéria.

No fim das contas, com a ajuda do líder da oposição, vereador Joceval Rodrigues (PPS), membro da Igreja Católica, Cátia conseguiu êxito na proposta.

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