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Especialistas apontam falhas que facilitaram fuga de detentos em presídio federal de Mossoró

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Os detentos fugiram do presídio após fazerem buracos em suas celas individuais  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Nilson Marinho

por Nilson Marinho

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Publicado em 26/02/2024, às 05h00


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Mais de 500 policiais estão em busca dos fugitivos Rogério da Silva Mendonça, de 36 anos, e Deibson Cabral Nascimento, de 34 anos, que escaparam do presídio Federal de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte. As operações de busca ocorrem incansavelmente, com as autoridades vasculhando matas, propriedades rurais, residências e veículos.

Este é o primeiro caso de fuga registrado na história do sistema prisional brasileiro, estabelecido em 2006, revelando uma série de falhas que permitiram a fuga de Rogério e Deibson através de buracos nas paredes de suas celas.

Parte do sistema de câmeras de vigilância estava inoperante, corredores estavam às escuras, e os criminosos conseguiram acesso a ferramentas utilizadas por trabalhadores em uma obra realizada dentro do presídio.

"É surpreendente que em uma penitenciária de segurança máxima, como é o caso, os policiais penais não realizem vistorias diárias nas celas. A ausência de tal prática levanta questões sobre como os buracos foram feitos sem que um único agente suspeitasse. Uma simples medida preventiva poderia ter evitado a fuga desses detentos", comenta Hugo Farias, especialista em Segurança Pública e Direito Penitenciário.

"Outro fato que chama atenção e que já é conhecido é que os agentes penitenciários estavam mais relaxados devido ao feriado de carnaval, tanto que a fuga dos dois criminosos só foi percebida duas horas depois. Estamos falando de uma penitenciária de segurança máxima, onde os criminosos mais perigosos do Brasil estavam detidos, é preciso constante capacitação e reciclagem desses agentes. Foi uma sucessão de erros", completa o especialista.

Após a fuga, a Corregedoria da Secretaria Nacional de Políticas Penais afastou quatro diretores da penitenciária até que as investigações sejam concluídas. Já o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou um conjunto de medidas que serão adotadas nos cinco complexos de segurança máxima controlados pela União.

"É a primeira vez que isso ocorre no sistema penitenciário federal. Até então, as penitenciárias federais eram consideradas referência por não registrarem rebeliões nem entrada de celulares, por exemplo, mas um fato tão simples colocou isso em cheque. Em meio a uma obra, um alicate, como revelou a investigação, foi utilizado pelos criminosos, que estava sendo realizada no terraço do banho de sol.", afirma Tomaz Carrão, advogado e Especialista em Inteligência Policial e Penitenciária.

"Foi uma fuga sem explosões, sem reféns, sem grande mobilização e as investigações devem apontar se alguém do sistema prisional pode ter contribuído para isso. Por ora, portanto, o que deve ser feito é o investimento cada vez maior em tecnologia e capacitação dos agentes para evitar se esse episódio se repita", completa Carrão.

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