Sem fornecimento de água, famílias relatam necessidades extremas no Nordeste; confira

O corte na verba endereçada à OCP (Operação Carro-Pipa), realizada no começo de novembro, por parte do governo de Jair Bolsonaro (PL), implicou na ausência de fornecimento de água para a região do Nordeste. Desde então, residentes das zonas rurais da região têm vivido de doações para que esse elemento essencial chegue até suas casas. As informações foram publicadas pelo portal UOL.

Acima de tudo, o corte inicial aconteceu após o resultado do segundo turno das eleições presidenciais, o que afetou mais de 1,6 milhão de pessoas em oito estados da região. Devido a repercussão negativa, o governo possibilitou cerca de R$ 21,4 milhões ao MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional) para normalizar a operação. 

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Todavia, em dezembro, no apagar das luzes da gestão Bolsonaro, um segundo corte atingiu a região sem água. Um dos locais afetados foi a cidade de Santa Cruz (RN), a 117 km de Natal. Na região, 3.677 pessoas são beneficiadas pelo programa, além de 12 pipeiros, de acordo com informações da plataforma do Exército Brasileiro que gerencia a operação. 

Ainda que a situação no município tenha o status de “em execução” na plataforma, famílias da zona rural estão até então com a situação indefinida. 

"O que a gente está sabendo é que cortou de vez", afirma a agricultora Júlia Maria Avelino, de 58 anos, do Sítio Araruá, na zona rural do município. Além dela, outras 16 famílias da comunidade foram impactadas com os efeitos da falta de água. 

Em geral, as famílias relataram, também conforme a publicação, que os pipeiros costumam visitar os sítios entre três e quatro vezes mensalmente. No entanto, em dezembro deste ano, apenas um abastecimento foi realizado até o dia 18. A princípio, cada família teria direito a 20 litros de água por pessoa ao dia. 

Servida pela OCP, a água serve sobretudo para atividades como cozinhar e higienizar. Em função da necessidade de economizar água, o banho é realizado muitas vezes com água salgada subtraída de poços.

"Está com um pouquinho porque não pode deixar secar de vez, senão racha todinha e a água vai embora", explica Júlia, que mora no Sítio Araruá, e esperava seu filho, que atua como pedreiro em outro local e visitaria a família no domingo . "Já chegou o dia de não ter água nem pra fazer o café”, lamentou. 

De modo geral, aproximadamente 56.593 pessoas são atendidas por 167 pipeiros em 41 cidades, de acordo com o site do Exército, em todo o Rio Grande do Norte. Pelo menos oito estados do Nordeste, além de Minas Gerais, são atendidos pelo programa. Identificada como Francisca Ivanete dos Santos Silva, de 50, também chamada por "Neném", é ‘atendida’ pela ajuda da gestão municipal. 

"A gente pede água na prefeitura, aí eles mandam pipa d'água, às vezes pra duas cisternas. E é assim que a gente está se virando", comentou a agricultora, que vive do auxílio de R$ 600 que recebe mensalmente, além do apoio financeiro do marido, Francisco de Assis da Silva, que realiza bicos de corte de terra, montagem de cercas e construções de curral para completar o orçamento. 

"Pra comprar com o nosso próprio dinheiro é difícil, porque quem é agricultor mesmo vive da agricultura, e na agricultura no inverno nós temos alguma coisa, mas agora na seca não temos nada", ressalta Neném, em entrevista ao portal UOL. 

"Aí o que você arruma, alguma besteirinha, vai ser pra comprar alimento. Pra comprar água já fica mais difícil. Porque a água, se a gente for usar mesmo, não dá pra dois meses um carro pipa". Ainda conforme ela, o valor de um carro-pipa tem o valor de R$ 200.

Questionado pela reportagem da publicação, o Ministério da Economia relatou, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), "que trabalha para assegurar a continuidade da Operação Carro Pipa". Além disso, por meio de nota, o órgão reforça que a "necessidade de recursos adicionais foi formalmente comunicada ao Ministério da Economia e o MDR aguarda decisão da Junta de Execução Orçamentária (JEO), que deverá se reunir para deliberar sobre o assunto".