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Branqueamento de corais em ilha brasileira preocupa pesquisadores; saiba detalhes

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Branqueamento de corais é um fenômeno que ocorre em função do aquecimento do oceano  |   Bnews - Divulgação Ilustrativa / Freepik
Emilly Giffone

por Emilly Giffone

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Publicado em 23/04/2024, às 11h02


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O branqueamento dos corais em Fernando de Noronha, em Pernambuco, tem preocupado pesquisadores. Após realizarem mergulhos na ilha, o fenômeno que ocorre em função do aquecimento do oceano foi comprovado, segundo informações do G1. 

Estudiosos do Programa Ecológico de Longa Duração nas ilhas oceânicas brasileiras (Peld-Iloc), em parceria com o Projeto Coral Vivo e Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) fizeram a coleta de dados. O monitoramento dos corais na região é feito com o apoio de uma boia que foi instalada na Baía dos Golfinhos. O acessório é responsável pelo registro da temperatura da água.

“Nós monitoramos, por meses, a temperatura da água em Fernando de Noronha através da boia oceanográfica instalada na Baía dos Golfinhos. Nós registramos a temperatura do mar em torno de 30 graus por algumas semanas, por isso já sabíamos da possibilidade de branqueamento dos corais”, afirmou a pesquisadora Marina Sissini. 

Marina revelou que apesar de saberem do branqueamento global, imaginavam que Noronha não seria afetado. 

“Foram dez semanas de estresse térmico acumulado, índice que prevê o branqueamento. Mesmo assim, nós imaginávamos que o branqueamento poderia não ocorrer em Noronha porque a ilha é preservada e protegida de impactos humanos, como poluição”, declarou. 

A pesquisadora destacou que o primeiro mergulho foi suficiente para constatar o fenômeno. “Nós fomos na região da Sapata, onde fazemos monitoramento há dez anos, e encontramos, na profundidade de 22 metros, corais doentes e pálidos”, contou. 

Ela ainda deu mais detalhes sobre outras regiões afetadas, inclusive partes rasas. “No raso, vimos até 100% dos corais da espécie Siderastrea sp branqueados. Sabemos que, no raso, o coral sofre branqueamento, mas se recupera. Nós também identificamos colônias de Montastraea cavernosa, de profundidade em torno de 20 metros, em situação ruim”, detalhou. 

O professor Paulo Hora sugeriu o que pode ser feito para solucionar o problema. “A solução definitiva é resolver a questão das mudanças climáticas. Precisamos parar de desmatar, reduzir essas emissões e parar de queimar combustíveis fósseis. Precisamos, ainda, elevar a saúde geral dos oceanos, reduzindo a contaminação por poluentes diversos, desde o nosso esgoto maltratado até todo o escoamento do continente contaminado com metais pesados e agrotóxicos, além do plástico e do microplástico”, explicou. 

Para ele, a situação de Noronha alerta para um cenário grave. “Eu nunca tinha visto uma situação como essa. Mergulho na ilha há décadas. Isso deixou uma cicatriz na minha alma. Se, em Fernando de Noronha, nós observamos branqueamento é porque o cenário é gravíssimo e precisa de atenção urgente”, lamentou.

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