Eleições / Eleições 2022

Quase metade das baianas eleitas deputadas federais são esposas de político

Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Mais de metade das deputadas eleitas com parentesco político têm companheiro na vida pública  |   Bnews - Divulgação Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Publicado em 18/10/2022, às 07h36 - Atualizado às 12h02   Vinícius Dias


FacebookTwitterWhatsApp

A Câmara dos Deputados brasileira terá sua maior bancada feminina da história a partir de 1º de janeiro de 2023. Um dado curioso é que 23% das 91 mulheres que vão tomar posse no início do próximo ano tem ou teve casamento com políticos.

Segundo levantamento do jornal Folha de São Paulo, 21 delas têm parte do capital político ligado a maridos e ex-maridos. A Bahia tem nomes presentes nessa lista: duas das cinco eleitas são esposas de políticos com carreiras já estabelecida.

O número indica como o apadrinhamento político masculino ainda é importante para que as mulheres consigam capital político. Em 2018, levantamento do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) mostrou que dentre os homens eleitos, 33% tinham familiares políticos, contra 36% das mulheres eleitas.

Mulher mais votada na Bahia, Roberta Roma (PL) é estreante na política e é um dos nomes femininos eleitos no estado. Ela é esposa do ex-ministro da Cidadania João Roma (PL), que concorreu ao governo do Estado e ficou no primeiro turno. A eleição baiana será decidida por ACM Neto (União Brasil) e Jerônimo Rodrigues (PT).

Irmã de Jerônimo, a vereadora de Salvador Marta Rodrigues (PT) tentou uma vaga na Câmara, mas não conseguiu se eleger.

A Bahia elegeu cinco mulheres para a Câmara: Roberta Roma, Alice Portugal (PC do B), Lídice da Mata (PSB), Ivoneide Caetano (PT) e Rogéria Santos (Republicanos). Ivoneide é esposa do ex-secretário de Relações Institucionais do governo Rui Costa (PT) e coordenador da campanha de Jerônimo Rodrigues, Luiz Caetano, que também é ex-prefeito de Camaçari.

Lídice e Alice são deputadas reeleitas entre os 39 do Estado. Rogéria Santos é ligada à igreja Universal.

O capital político familiar não é via de acesso ao poder somente para mulheres. Ainda aqui na Bahia, os senadores Otto Alencar (PSD) e Ângelo Coronel (PSD) fizeram filhos deputados: Otto Alencar Filho foi o mais votado da Bahia, enquanto Diego Coronel (PSD) foi o terceiro da lista.

Coronel ainda elegeu Ângelo Coronel Filho para a Assembleia Legislativa. Presidente da Câmara de Vereadores de Salvador e candidato a vice-governador na chapa de Jerônimo Rodrigues, Geraldo Júnior conseguiu eleger o filho, Matheus de Geraldo Júnior, para a Assembleia Legislativa da Bahia.

No caso das mulheres, embora haja a presença de filhas de políticos —como Daniela Cunha (MDB-RJ), filha de Eduardo Cunha (MDB-SP), ou Luiza Canziani (PSD), filha do ex-deputado Alex Canziani— estudos mostram que há uma prevalência do capital político como casal.

A importância do apadrinhamento masculino a candidaturas de mulheres ainda é alta —23% do total de cadeiras—, mas vem diminuindo. Em 2006, das 45 eleitas para a Casa metade tinha relação familiar com algum político. Dessas, 62% eram esposas.

A grande diferença está no grau de parentesco. Apenas 8% dos homens com parentesco político eleitos tinham uma companheira que também atuava na vida pública, número que salta para 54% em relação às mulheres.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp