Economia & Mercado
Publicado em 03/05/2022, às 16h34 Redação Bnews
A marca Daslu, da rede pioneira em varejo de luxo no Brasil, será leiloada seis anos após a empresa ter sua falência decretada. O certame, que se encerra no dia 11 de maio, é realizado pela Sodré Santoro e tem lance inicial de R$ 1,4 milhão.
Outras submarcas da varejista também serão vendidas para quitar as dívidas da empresa, que já foi considerada a principal referência do luxo brasileiro.
A Daslu foi criada pelas empresárias Lucia Piva de Albuquerque e Lourdes Aranha, na década de 1960, ganhando os holofotes a partir de 1990, sob o comando de Eliana Tranchesi, filha de Lucia. A rede foi a primeira varejista de moda a trazer rotineiramente grandes grifes internacionais para o mercado brasileiro.
O primeiro casarão da Daslu ficava na Vila Nova Conceição. O negócio deu certo por mais de uma década. O faturamento chegou a atingir mais de R$ 400 milhões. Para expandir o negócio, a empresa se mudou para uma nova unidade na Marginal Pinheiros, onde hoje está o shopping JK Iguatemi. Na época, o investimento foi de R$ 200 milhões pelo terreno de mais de 60 mil metros quadrados. A empresa chegou a ter mais de mil funcionários.
Após a inauguração da Villa Daslu, a empresa passou por inspeções da Polícia Federal (PF), que investigava denúncias de sonegação fiscal. Tranchesi foi detida e indiciada pelo crime, além de processada por formação de quadrilha, falsificação de documentos e fraude em importações. A empresária cumpriu a maior parte de sua pena em liberdade.
A empresa encenou a volta por cima com de lojas com menos glamour até 2012. Entretanto, em decorrência de problemas de saúde, Tranchesi faleceu. Quatro anos depois, a Daslu teve sua falência decretada.
Leilão
A organizadora da leilões Sodré Santoro foi selecionada pelo juiz responsável pelo caso da Daslu. Os lances já podem ser feitos de forma online.
“Existe um perito técnico que faz a avaliação da empresa para o leilão. Essa estimativa do valor funciona com uma avaliação de um imóvel. O perito leva em consideração o valor que essa marca já teve no passado e as variáveis do presente. Inicialmente, o montante estava em R$ 1,2 milhão, mas após um tempo foi atualizado pelo juiz para R$ 1,4 milhão”, explica Sidney Palharini Júnior, advogado da Sodré Santoro.
De acordo com ele, caso não haja nenhum interessado até o dia 11, serão abertas mais três oportunidades para lances. Na segunda tentativa, o valor pode cair até 50%, e na terceira o ofertante com o melhor lance leva os ativos, independentemente do valor da avaliação.
A leiloeira Mariana Lauro Sodré Santoro Batochio afirma que a expectativa para o leilão é grande. “É uma marca que abriu portas para o Brasil de grifes importadas que não eram vendidas aqui. Eu acho que ela teve um papel muito importante”, comenta.
“Eu acho que é necessário fazer uma super curadoria, o que era um grande diferencial da Daslu. Era isso que eles vendiam. Então eu acho que esse mix é importante”, completa.
Carolina Lauro Sodré Santoro, também leiloeira da empresa, acredita que o marketing vai ser determinante. “Eu acho que é uma questão de marketing e de posicionamento. Se [o comprador] for um grupo grande e vier com o intuito de fazer a marca renascer, pode dar certo”, diz.
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