Cultura

Dia da Consciência Negra

Publicado em 20/11/2012, às 11h29   Redação Bocão News (@bocaonews)


FacebookTwitterWhatsApp

Uma boa forma de comemorar o Dia da Consciência Negra, nesta terça-feira (20), é passear por atrações turísticas relacionadas à cultura preservada pelos descendentes de africanos trazidos ao Brasil desde o século XVI como escravos. Apesar da privação da liberdade, os negros conseguiram passar às gerações seguintes a religião, arte e costumes, gastronomia, danças e rituais, o que rendeu ao Brasil, e, principalmente, à região Nordeste, uma riqueza de aromas, sabores e ritmos inigualáveis. O Dia da Consciência Negra é celebrado desde 1960 para lembrar a morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares (1655-1695).

Em Salvador, com mais de 80% da população afrodescendente, a cultura de matriz africana faz parte dos principais atrativos consumidos por turistas. Há mão de africanos em quase tudo na capital: no acarajé, na capoeira, nas comidas e artesanatos típicos, nos panos da costa e nos trançados da palha e da piaçava, na arte em barro e nas igrejas, erguidas e decoradas pelas mãos hábeis de artistas escravos e alforriados.

Fora da capital, o turismo étnico-afrodescendente oferece passeios a comunidades remanescentes de quilombos, roteiros que incluem trilhas pela natureza, manifestações culturais como capoeira, samba e principalmente passeios em igrejas, sedes de irmandades e terreiros de Candomblé. O turismo étnico-afro é a atração principal nos municípios de Cachoeira, São Francisco do Conde, Maragojipe e Santo Amaro da Purificação, mas é encontrado também em várias regiões, a exemplo da Costa do Dendê e Chapada Diamantina.



Começando pela capital, um dos destaques é o bairro da Liberdade, detentor da maior população afrodescendente do país (cerca de 600 mil habitantes). O atrativo é o bloco afro Ilê Aiyê. Fundado em 1974, o grupo foi pioneiro em trabalhos de inclusão social e valorização das raízes africanas. A Senzala do Barro Preto, no Curuzu, sede do bloco, é o principal ponto de visitação.

O turista pode se guiar, em Salvador, pelos sete roteiros do “Caminho dos Orixás”. Neles estão incluídos os principais terreiros de Candomblé, como a Casa Branca e o Ilê Axé Oxumaré (Rio Vermelho), o Gantois (Federação) e o Ilê Axé Opô Afonjá (São Gonçalo do Retiro), todos com museus e projetos sociais. O caminho clássico é o do Centro Histórico e a Cidade Baixa, com o Mercado Modelo, Elevador Lacerda, Santo Antônio Além do Carmo (onde fica o Forte da Capoeira) e Igreja do Rosário dos Pretos, templo católico, localizado no Pelourinho, restaurado pelo governo do Estado e governo Federal. Iniciado em 1704, foi construído com dinheiro e trabalho de escravos, durante um século.

Quilombos

Em Cachoeira, a 110 quilômetros de Salvador, seis comunidades quilombolas integram o projeto Rota da Liberdade, que põe o turista em contato com os aspectos culturais e históricos de um quilombo (comunidade que abrigava escravos fugidos). Fazem parte as comunidades de Kaonge, São Francisco do Paraguaçu, Dendê, Engenho da Ponte, Engenho da Praia e Camboa. Os passeios podem durar de três horas a um dia inteiro.

No roteiro histórico, o turista (geralmente em grupos) faz o percurso de barco, (há caminho alternativo, de carro), passando pelo Convento de Santo Antônio, pela Igreja Matriz de Santiago do Iguape, Camboa de Pau, Igreja de Nossa Senhora da Conceição e manguezais da região.

No roteiro Trilha Griô Caravanas dos Orixás, o visitante conhece o samba de roda e a dança da comunidade do Engenho da Ponte, os produtos locais (farinha, azeite de dendê, mel, doces, dentre outros) e artesanato.

Em São Francisco do Conde, a 66 quilômetros de Salvador, o samba de roda do Recôncavo, fortemente ligado às danças africanas, também é destaque. Há exemplos de variações, como a batucada (ou batuque, dançada em roda); samba corrido (alternam-se um ou dois solistas e a resposta vocal do coro); chula (de versos ou chulas em que somente uma pessoa samba por vez); e samba de lata (típico da comunidade quilombola de Tijuaçu, Senhor do Bonfim, de batucada em lata de água).


Foto: Ascom / Funceb

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp