Artigo
Publicado em 14/03/2017, às 20h30 Guilherme Reis*
Na última semana, foi notória a atitude desdenhosa do jornalista Alexandre Garcia em relação ao abuso sexual que a atriz Jane Fonda afirma ter sofrido na infância. Em sua conta no Twitter, o apresentador do Bom Dia Brasil compartilhou e notícia com a seguinte legenda: “E eu com isso?”. Confesso que não me senti tão chocado como algumas pessoas, tanto é que nem me preocupei em acompanhar a repercussão do episódio. O que realmente me inquietou foi a frase tão covardemente proferida. Ela cravou fundo no meu espírito, me causou pesar e trouxe à tona memórias antigas, algumas ungidas por sofrimento.
“E eu com isso?” é o bordão de quem faz troça da dor alheia e nunca se preocupou em exercitar a empatia – qualidade que nos torna humanos e nos aproxima de nós mesmos. Em tempos tão voláteis, encontrar um terreno onde a capacidade de se colocar no lugar do outro floresça é raridade, mesmo que seja uma tarefa relativamente fácil, que nos exige apenas a boa vontade de deixar o comodismo de lado. É imaginar o sofrimento alheio e as condições injustas que o geram. A frase milenar “Amar o próximo como a nós mesmos” sintetiza a ideia de forma perfeita.
Por falta de empatia vivenciamos aberrações midiáticas como a citada no início do artigo, para não falar nos discursos polarizados que tentaram segregar o país nos últimos dois anos. Para além dos interesses de uma classe social ou de um grupo político, estão interesses individuais que não obedecem a regras nem possuem código de honra.
Como diz a escritora Martha Medeiros em uma crônica, colocar-se no lugar do outro não significa que devamos nos converter ou passar a agir como santos da noite para o dia, mas é a solução para superamos a barbárie disfarçada (nem sempre) que vivemos diariamente.
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