Salvador

“Era como se a médica estivesse com nojo de mim”, denuncia grávida atendida no Iperba

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Ela acredita que o caso também envolva racismo e tem medo que o impacto emocional tenha prejudicado o seu bebê  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Google Maps

Publicado em 03/02/2020, às 22h53   Márcia Guimarães



A jovem Ayslane Rocha, 20, está grávida de três meses de seu primeiro filho. Como é mãe de primeira viagem, resolveu procurar o médico após sentir cólica e detectar um pequeno sangramento.

A auxiliar de farmácia decidiu procurar um obstetra e foi ao Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba), em Salvador, durante o seu horário de almoço. Ela conta que a médica que a atendeu parecia sentir nojo dela e em nenhum momento a examinou. 

“Era como se a médica estivesse com nojo de mim, em nenhum momento tocou em mim, não aferiu pressão. Me queixei de cólicas, sangramento e contei que não era a primeira vez que sentia, mas ela foi muito grossa. Aí, já me calei. Ela apenas receitou um medicamento e eu perguntei se ela não iria fazer nenhum exame para ver se o que estava sentindo era normal. Ela foi muito bruta, eu saí da sala e fiquei em choque. Contei pra minha mãe e ouvi de outras gestantes que estavam lá coisas horríveis em relação a essa médica. Uma delas inclusive se recusou a ser atendida por ela”, descreveu Ayslane. 

Como a jovem tinha saído do trabalho no horário de almoço, precisou voltar à sala e pedir o atestado de comparecimento. “A médica nem olhou na minha cara. Falou pra enfermeira: ‘pega a ficha da menina’. Aproveitei pra perguntar de novo se ela não ia me examinar, aí ela me mandou falar com a minha médica e disse que eu não podia me referir a ela como você, apenas como Sra. Em seguida, ela amassou a folha e me mandou buscar o atestado na Diretoria, falando pra eu me retirar da sala. Comecei a chorar. Nunca tinha sido tratada assim em toda a minha vida, me senti como um animal”, confessou a auxiliar. 

Após o episódio, ela deu queixa na ouvidoria da instituição. Ela acredita que o caso também envolva racismo e tem medo que o impacto emocional tenha prejudicado o seu bebê.

“Sou jovem e negra. Acho que foi até racial. Fiquei muito mal. Esperei até depois das 18h para ser consultada com outro médico. Ele fez todos os exames, me deu diagnóstico e só prescreveu o medicamento depois disso. Se as pessoas não estão satisfeitas com a sua profissão, busquem outra coisa, mas não façam isso com o ser humano”, desabafa.

A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou que será instaurada uma sindicância para apurar os fatos, “visto que a conduta relatada não condiz com as práticas adequadas de acolhimento dos pacientes”.

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