Salvador

Greve dos caminhoneiros afeta comércio na Feira de São Joaquim: "o que temos não atende uma manhã de vendas"

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De acordo com o feirante Denilson Alves, os únicos produtos que conseguem chegar ao local são os que vêm pelo mar  |   Bnews - Divulgação Gilberto Júnior/BNews

Publicado em 24/05/2018, às 11h23   Diego Vieira


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Boxes fechados, prateleiras praticamente vazias, baixa movimentação de clientes, preços elevados. Esse é o cenário da tradicional Feira de São Joaquim, em Salvador, que sofre os reflexos do quarto dia de protestos dos caminhoneiros contra a alta do diesel.

De acordo com o feirante Denilson Alves, os únicos produtos que conseguem chegar ao local são os que vêm pelo mar. “Só chega aqui o que vem pelo sistema ferry boat. No que diz respeito à BR, estamos com muitas dificuldades, principalmente na parte de hortifruti, porque a maioria das frutas e verduras vêm da região de Petrolina, Juazeiro e dos estados do Ceará e Sergipe. Em quantidade eu só tenho laranja e jenipapo, isso porque são mercadorias que chegam pelo mar”, afirmou o comerciante, que já começou a sentir no bolso o prejuízo.  “A maioria desses produtos são perecíveis. Já temos várias cargas perdidas nos bloqueios. O que nós temos hoje não atende uma manhã de vendas”, completou. 

Quem também está preocupado com a situação é o vendedor de abacaxis Douglas Araújo. Ao BNews, ele contou que teme em não ter mercadorias para trabalhar no fim de semana, período de maior movimento no local. “Só tenho essa quantidade de abacaxi porque o caminhoneiro conseguiu desviar da rota de bloqueios, mas tem outro caminhão carregado que também está preso no protesto. Se acabar essa mercadoria, não teremos mais nada para trabalhar no fim de semana”, disse. 

Diferentemente do caso do abacaxi, a banana da prata se tornou produto raro. Desde a última segunda-feira (21), os clientes encontram dificuldades para encontrar a fruta. “Eu só tenho banana da terra porque ela vem de Nazaré das Farinhas, mas a da prata já está muito difícil de conseguir porque ela vem de outras cidades”, explicou o feirante Roque Epifânio. 

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E pelo visto vai demorar um pouco para o estoque da fruta ser totalmente reabastecido. Isso porque, pelo menos dez caminhões carregados com a fruta estão presos nos protestos nas rodovias baianas. “Pior que esses veículos vão ter que voltar para descarregar em local de origem, porque a carga já está praticamente estragada”, informou o feirante Paulo Bonfim. 

E se está difícil encontrar o produto, sobra para o bolso do consumidor. A caixa da banana da prata que antes era vendida a R$ 50 aumentou para R$ 80. “O único jeito que tive para diminuir um pouco o meu prejuízo foi reajustando o valor”, contou o comerciante Djalma Bispo. 

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Segundo ele, não vai demorar muito para o estoque de outras frutas chegar ao fim. “Tem dois caminhões meus com carga de mamão, melão e melancia presos na manifestação. Só tenho para vender o que está aqui exposto aqui. O mamão já chegou maduro, se eu não conseguir vender hoje, eu posso perder tudo”, lamentou. 

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O protesto

Foram registradas manifestações de caminhoneiros em 24 estados, na terça-feira (22), com 384 pontos de rodovias bloqueadas no início do dia, que foram aumentando. Na segunda-feira (21), foram 188. Segundo a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), foram 160 no Sul, 105 no Sudeste, 51 no Nordeste, 56 no Centro-Oeste e 12, no Norte. Em três dias, as manifestações resultaram em uma morte, um atropelamento, brigas entre motoristas e veículos danificados.

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