Política

Florence desconfia da declaração de Bolsonaro sobre privatização de parte da Petrobras

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Na avaliação dele, é mais uma afirmação que parece inocente, mas que preocupa a sociedade  |   Bnews - Divulgação Gilberto Júnior/BNews

Publicado em 19/11/2018, às 20h20   Márcia Guimarães


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Diante da declaração do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) sobre uma possível privatização de “parte” da Petrobras, o deputado federal Afonso Florence (PT-BA) questionou se o futuro governante do Brasil irá manter o seu posicionamento. “As declarações dele às vezes não são sustentadas no dia seguinte. Ele fala, nega e se contradiz. Primeiro, tem que ver se ele vai manter essa afirmação porque ele tem dado declarações e ele próprio, às vezes, desmentido no mesmo dia ou no dia seguinte”, criticou Florence.

O deputado também perguntou sobre qual parte da Petrobras seria privatizada, se será a extração, o refino, a bolsa ou os blocos do pré-sal, por exemplo. Segundo Florence, a afirmação de Bolsonaro é de “uma generalidade enorme e não diz muita coisa sobre o assunto”. 

“Outro ponto: como isso vai repercutir e tramitar dentro do próprio governo e depois no Congresso e na sociedade. Temos visto na imprensa que tem muita disputa dentro do grupo dele. Os militares são nacionalistas, então o próprio Mourão disse que é só uma parte, sendo que primeiro foi dito que era a Petrobras inteira. Existe uma distância muito grande entre o que Bolsonaro está falando e uma realidade factível. Que iniciativa será essa e como ela será institucionalmente realizada? Ele disse muita coisa na campanha que tinha imprecisão técnica, desconhecimento. Tem sido assim em relação ao Mais Médicos, por exemplo”, citou Florence.

O deputado lembra que Bolsonaro afirmou, ainda durante a campanha, querer acabar com o monopólio estatal. “Não há monopólio estatal, ele acabou na década de 90. O governo FHC abriu o processo de leilões e leilões continuam a ser realizados pela ANP. O regime de partilha, no caso do pré-sal, instituiu um percentual de 30% para a presença da Petrobras, mas ainda é leilão e é concorrência. A operadora única e a obrigatoriedade da presença da Petrobras caíram com uma lei aprovada. Ele está dizendo uma coisa que não existe”, contextualizou. 

Na avaliação dele, a possível privatização de parte da Petrobras é mais uma declaração que parece inocente, mas que preocupa a sociedade porque pode trazer consequências danosas para os próprios interesses nacionais, representados pelas ações da Petrobras. “São declarações sempre preocupantes e isso quem fala não sou só eu, são especialistas que não têm nada a ver com o PT. Estes especialistas se dizem preocupados com o impacto dessas declarações na cadeia do petróleo e gás e para a presença da empresa na geopolítica do petróleo mundial”, alerta.

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