Geral

Acusado de tortura, bispo Átila Brandão vai à Justiça contra jornalista

Imagem Acusado de tortura, bispo Átila Brandão vai à Justiça contra jornalista
Segundo Emiliano, em 1968 estudantes acusavam oficiais de espancar alunos em conflitos  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 28/04/2013, às 06h01   Redação Bocão News (Twitter @bocaonews)


FacebookTwitterWhatsApp

Acusado de ser torturador, como oficial da PM, em 1971, e sentindo-se caluniado, o pastor Átila Brandão, bispo da Igreja Batista Caminho das Árvores, entrou com queixa-crime, no Juizado Especial Criminal, de Salvador, contra o jornalista e escritor Emiliano José, que publicou reportagem no jornal A Tarde (11/02/2013) intitulada “A premonição de Yaiá”. 
Em seu site, Emiliano conta que a queixa-crime reproduz o depoimento de D. Maria Helena Helena Rocha Afonso, documentado por gravações, conhecida como D. Yaiá, mãe do hoje professor de História Renato Afonso, que confirmou todas as acusações de tortura. O depoimento do professor Renato Afonso foi publicado no site da revista CartaCapital com o título “Corpo amputado querendo se recompor”, em que ele narra em detalhes as torturas infligidas por Átila Brandão e denunciadas por D. Yaiá, no Quartel da Polícia Militar dos Dendezeiros, em Salvador.
De acordo com Emiliano, o ex-preso político Renato Afonso, à época militante do Partido Comunista Brasileiro revolucionário (PCBR), em 1968, era estudante da Faculdade de Direito da UFBA. Ele participou do movimento para expulsar da universidade oficiais da PM, que agiram como espiões, entre eles Átila Brandão de Oliveira. Os estudantes acusavam os oficiais de espancar alunos durante os conflitos de rua com a polícia. Os fatos estão detalhadamente registrados em documentos encontrados pelo Grupo Tortura Nunca Mais no SNI.
Emiliano detalha que em 1970, o então militante foi preso no Rio de Janeiro, chegando a sofrer, no centro de tortura da rua Barão de Mesquita, uma simulação de fuzilamento. Salvo por interferência do arcebispo Eugênio Sales, a pedido da família, Renato Afonso foi transferido para Salvador, ficando preso no Quartel da Polícia Militar dos Dendezeiros. Foi aí que voltou a se defrontar com o oficial Átila Brandão e sua equipe de torturadores. Sofreu espancamentos e estava dependurado no pau-de-arara quando D. Yaiá apareceu fazendo barulho. O advogado Jaime Guimarães foi avisado e as torturas cessaram. O oficial PM Átila Brandão soltou palavrões e se retirou. Renato Afonso cumpriu pena na Penitenciária Lemos de Brito.
O Sindicato dos Jornalistas (Sinjorba) publicou nota de repúdio, evidenciando que com a queixa-crime, o pastor Átila tenta cercear a liberdade de imprensa e de opiniã. Além disso, acrescenta que Emiliano estava em pleno exercício da profissão e reportou depoimentos com fontes claramente identificadas.

Nota originalmente postada às 7h do dia 27

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp