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População reclama de atrasos e dos serviços em agências bancárias de Salvador

Adenilson Nunes e Arquivo
Blitz do BNews passou por bancos da capital baiana   |   Bnews - Divulgação Adenilson Nunes e Arquivo

Publicado em 21/07/2018, às 07h25   Brenda Ferreira


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Após passar em postos de saúde da rede municipal de Salvador, a Blitz BNews desta semana percorreu agências bancárias para saber a opinião da população sobre os serviços prestados. Durante o giro pelo Centro da capital baiana, uma reclamação em comum: bancos lotados e demora no atendimento.

Conforme o art. 1° da lei municipal N° 5978/01, ficam as agências bancárias obrigadas a prestar, no setor de caixas, atendimento aos usuários dentro dos períodos de tempo estabelecidos na presente Lei.

De acordo com o art. 2°, o tempo máximo de atendimento corresponde a: I - até 15 minutos em dias normais; II - até 15 minutos nos dias de pagamentos dos funcionários públicos municipais, estaduais e federais, de vencimentos de contas de concessionária de serviços públicos e de recebimento de tributos municipais, estaduais e federais; III - até 25 minutos em véspera ou após feriados prolongados.

A Diretoria de Ações de Proteção e Defesa do Consumidor (Codecon), vinculada à Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), já emitiu uma notificação e nove autos de infração em ações de fiscalização em agências bancárias de Salvador durante o mês de julho. Neste período, 29 bancos foram vistoriados para verificação do cumprimento da lei dos 15 minutos. Também foram observadas se o atendimento prioritário voltado para idosos, gestantes e pessoas com deficiência está sendo cumprido.

As instituições financeiras têm dez dias, a partir da autuação, para apresentar sua defesa. As multas para as infrações podem variar entre R$ 600 a R$6 milhões, a depender do tempo de espera do cliente. Após a quinta reincidência, a agência bancaria poderá ter o alvará de funcionamento suspenso.

“Eu acabei de sair da Caixa Econômica. Levei 25 minutos para poder trocar uma senha silábica”, foi a primeira coisa que a equipe de reportagem ouviu ao entrevistar a fisioterapeuta Deborah Soledade.

Mas, segundo Deborah também tem o outro lado. “Eu também já fui bancária. Sei que muitas vezes a lei não se cumpre, mas não é pela competência do profissional em manter isso. Vários eventos ocorrem”.

A insatisfação ainda se estende por outros bairros de Salvador. De acordo com o autônomo Genival de Jesus, em Cajazeiras, um dos mais populosos da cidade, tem quatro agências. Uma de cada banco (Bradesco, Itaú, Brasil e Caixa Econômica). “O Bradesco tem mais clientes, então está tendo [sic] muita demora. Quase duas horas para ser atendido. Eu estava lá na última terça-feira e estava parecendo carnaval dentro da agência. Tinha mais ou menos 100 pessoas no segundo andar. Eu fiquei lá exatamente duas horas e cinco minutos”, desabafou.

A enfermeira Larissa Costa ficou no “meio-termo”. “Na última vez que fui no banco, foi até mais organizado, mas foi lá na agência do Bradesco de Brotas. Fui atendida em menos de 15 minutos, mas acredito que não é [sic] todos os bancos. Você ainda vê queixas de pessoas reclamando de demora da fila. O máximo que esperei [de todas as vezes] foi 30 a 40 minutos”.

Ainda durante a Blitz, a equipe de reportagem encontrou o professor de Educação Física, Rafael de Jesus, que também reclamou da demora, porém sugeriu uma melhora para o serviço prestado. “Eu acho que podia ter mais gerente disponível para poder falar com o pessoal. Porque se a demanda é alta, o contingente deveria ser proporcional a quantidade de pessoas. Hoje eu levei entre meia hora, 40 minutos”.

O OUTRO LADO

Questionado, o presidente licenciado do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcellos, garantiu que a corporação está trabalhando para melhorar o serviço. “O Sindicato dos Bancários tem pressionado os bancos para que promovam novas contratações. Inclusive, o sindicato tem ações judiciais para obrigá-los a contratar”, afirmou.  

Além disso, Vasconcelos relatou que a associação é idealizadora do Projeto de Lei dos 15 minutos, descritos no início da matéria. “Esse Projeto de Lei foi uma iniciativa do sindicato para pressionar as empresas a contratarem”.

“A culpa por um atendimento inadequado não é do trabalhador, que tem metas cada vez mais abusivas. Bancários e consumidores tem que estar juntos. O consumidor pode denunciar no Banco Central, no Procon e também no Sindicato dos Bancários, através do aplicativo ‘Bancários Bahia’”, declarou.  

DADOS

Ainda conforme o representante dos bancários, os bancos reduziram, em todo o país, 41 mil postos de trabalho nos últimos 18 meses. “Sem falar na redução de prestadores de serviços. isso tem relação com o que estamos chamando de deterioração. Os bancários estão sobrecarregados e não há qualquer justificativa para os bancos não contratarem”, pontuou.

“Os cinco maiores bancos do país, somente no ano passado, lucraram R$ 65 bilhões. Então eles podem, sim, ampliar o número de agências e funcionários. Outro aspecto é o fato de que centenas de agências fecharam. O Banco do Brasil foi o que mais fechou. O banco está chamando de restruturação, mas a gente está chamando de desmonte visando a privatização”, contabilizou Vasconcelos.

ORIENTAÇÕES PARA RECLAMAÇÕES

Para quem já passou por situações como as de Deborah, Rafael e Genival, existem alternativas. De acordo com o advogado e professor de direito do consumidor, Ricardo Maurício Soares, “é importante que o consumidor chegue no estabelecimento bancário e solicite uma comprovação do horário em que ele entrou no estabelecimento”.

O advogado especialista explicou ainda que “havendo demora ou mau atendimento, o consumidor, munido do comprovante, deve se dirigir a algum órgão do consumidor pra registrar uma queixa”. São exemplos destas unidades: Procon (Proteção ao Consumidor), Diretoria de Ações de Proteção e Defesa do Consumidor (Codecon), Ministério Público da Bahia (MP-BA) e Defensoria Pública da União (DPU).

“Também é interessante que o consumidor registre sua reclamação no Banco Central, no site, é bastante eficaz”, completa Soares. O número da central telefônica do BC é 145 (custo de ligação local).

Em caso de dano moral ou material, o advogado orienta que o consumidor se dirija aos juizados especiais para esse tipo de causa. Estes ficam localizados no bairro do Imbuí, em Salvador.

Colaborou: Diego Vieira, repórter do BNews.

Classificação Indicativa: Livre

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