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Marcell Moraes é denunciado por irregularidades em campanhas de castração de animais; deputado rebate

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Conselho de Veterinária cita abuso econômico e ações com cunho eleitoral  |   Bnews - Divulgação Arquivo BNews

Publicado em 01/08/2018, às 22h19   Redação BNews


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O deputado estadual Marcell Moraes (PSDB) é alvo de denúncias do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA) por abuso de poder econômico e irregularidades   em campanhas de castração e vacinação de animais que o parlamentar realiza em municípios da Bahia

Na peça levada à Procuradoria Regional Eleitoral o Conselho cita que o tucano “pratica atos assistencialistas às vésperas da campanha eleitoral”.

Em outras duas denúncias apresentadas aos Ministérios Públicos Estadual e Federal, no dia 30 de julho, o CRMV-BA diz as ações de Marcell colocam em risco a saúde animal, humana e ambiental.

De acordo com a presidente do CRMV-BA, Ana Elisa Almeida, o político realiza campanhas de vacinação e castração sem atender aos requisitos mínimos de segurança determinados pela legislação vigente. "É necessário fornecer ambiente apropriado para realizar os procedimentos, além de espaço suficiente e instalações adequadas", ressalta a médica veterinária.

Procurado pelo BNews, o deputado reagiu às acusações. “Me deixa triste porque o Conselho não faz nenhuma ação para os animais. Só faz ação contra Marcell. O que acontece é que na Bahia são 200 mil animais de rua. Qual ação do Conselho? Eu incomodo os veterinários gananciosos que só querem lucrar em cima dos animais”, declarou, ao citar que o serviço de castração chega a custar até R$ 1 mil em algumas clínicas.

O tucano, que é pré-candidato a reeleição, também negou que suas investidas têm cunho eleitoral. “Estranhamente só sai na imprensa contra Marcell. Isso ocorre desde que eu era vereador. Trabalho com isso há 18 anos. Hoje estou deputado estadual, mas vou continuar as campanhas com ou sem mandato”.

Nas denúncias, o Conselho ressalta, ainda, que as campanhas de vacinação promovidas pelo parlamentar são realizadas sem a autorização prévia das respectivas vigilâncias sanitárias e sem as anotações técnicas obrigatórias nas cadernetas de vacinação, o que pode provocar danos à saúde do animal e interferir o controle de zoonose e a eficácia da campanha de cada município.

A ausência de responsáveis técnicos devidamente habilitados pelo Conselho também é objeto das queixas apresentadas. "É inconcebível o desenvolvimento das atividades sem a presença ou supervisão do veterinário que é capacitado para garantir a qualidade dos produtos que serão ministrados nos animais. São condutas que vão garantir a eficácia dos procedimentos", destaca a presidente do CRMV-BA.

Em contraponto, Marcell Moraes disse ao BNews que sua última campanha de 11 dias em Vitória da Conquista foi autorizada pelo CRMV-BA. Lembrou, todavia, que precisou acionar a Justiça contra o impedimento posto pelo Conselho para que a mesma campanha fosse feita em Ilhéus.

As denúncias citam também que os resíduos provenientes dos procedimentos são descartados de forma indevida. "São restos de tecidos dos animais, medicamentos, anestésicos, objetos perfurocortantes, entre outros, e que, caso não tenham a atenção adequada, podem causar sérios prejuízos ao meio ambiente", enumera Ana Elisa Almeida.

O CRMV-BA apura, ainda, informações recebidas contra veterinários que participam das atividades realizadas pelo político e apura eventuais infrações cometidas pelos profissionais. O Conselho diz ter documentos que comprovam as irregularidades. A entidade afirma que oficiou o deputado estadual quanto às resoluções que normatizam os procedimentos, mas não houve retorno de Marcell no que diz respeito ao atendimento às regras.

Ao BNews Marcell Moraes afirmou que os veterinários das campanhas são perseguidos pelo Conselho. Em contra-ataque anunciou que vai propor a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) para cobrar transparência sobre as contas do CRMV-BA.

Além das denúncias, um abaixo-assinado feito por veterinários baianos, definido como "Carta de Repúdio", argumenta que a prática do deputado Marcell Moraes é irregular e tem evidente interesse eleitoral. 

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