Política

La Vue: ex-ministro faz revelações e diz que estudos apontaram até falsificações

Publicado em 20/11/2016, às 17h39   Redação Bocão News


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O ex-ministro da Cultura no governo Dilma Rousseff, Juca Ferreira, faz uma série de revelações envolvendo a Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na Bahia envolvendo o caso do licenciamento das obras do edifício La Vue, na Ladeira da Barra, em Salvador. Nesta sexta (18), Marcelo Calero pediu demissão do Ministério da Cultura alegando ter sofrido pressão do baiano e também ministro Geddel Vieira Lima, que teria pedido intervenção no Iphan nacional para que liberasse as obras do espigão.

Em sua página na rede social Facebook, Juca Ferreira relata ações do ex-superintendente Carlos Amorim para facilitar a liberação da construção. "Há muito tempo, o patrimônio histórico é motivo de cobiça e vem, sempre que há oportunidade, sendo achacado pela especulação imobiliária e por uma bandidagem que atua por dentro da política e das instituições. Depois de décadas de desvalorização constante, os centros históricos e suas terras vivem um momento de valorização o que tem aumentado em muito a pressão de empresários e políticos desonestos para controlarem esse órgão encarregado da proteção do nosso patrimônio ou para retirar seus poderes constitucionais", escreve o ex-ministro baiano em seu texto.

"Muita gente tem olho grande no Ihan devido à importância institucional do órgão. Na Bahia, esse assédio é ainda mais violento e dramático pela grandeza do patrimônio. Isso pode ser entendido a partir da história do edifício La Vue Barra, empreendimento que Geddel pretendia aprovar a qualquer custo e motivo da discórdia entre os dois ministros de Temer e alegada razão da demissão de Calero", continua Ferreira.

Ainda de acordo com a declaração de Juca Ferreira, medidas foram tomadas em sua gestão para impedir desmandos do Iphan baiano no caso do Le Vue. "Enquanto fui ministro da Cultura em meu segundo mandato, junto com a arquiteta Jurema Machado, então presidente do Ihan Nacional, tomei todas as providências para impedir o avanço dessa obra irregular e para combater os desmandos na superintendência regional do Iphan em Salvador. Meses depois que assumi o MinC, tomei conhecimento da eventuais irregularidades em torno desse empreendimento imobiliário na Barra, e recebi denuncias graves de desmandos por parte do superintendente local do Iphan, Carlos Amorim", conta. 

O ex-ministro relata ainda que, após tomar conhecimento do caso, determinou a criação de um grupo de trabalho em seu gabinete para apurar as denúncias e passou, então, a ouvir detalhes sobre as manobras para que o empreendimento fosse licenciado na superintendência baiana. "As denúncias revelaram situações absurdas. Um exemplo: O Escritório Técnico de Licenciamento e Fiscalização – ETELF, encarregado de analisar os projetos imobiliários em áreas de preservação foi extinto, em outubro de 2014, pelo então superintendente do Iphan-BA, Carlos Amorim, depois de ter dado parecer contrário à construção do La Vue Barra. Foi ele que na mesma época autorizou a demolição de casarões tombados na área de maior concentração do patrimônio histórico da cidade", relata Juca Ferreira.

"As evidências de desmandos eram tantas que, em outubro, determinei a demissão de Carlos Amorim e o prosseguimento das apurações e dos estudos técnicos, que mais tarde revelariam até falsificações e montagens grotescas. Carlos Amorim costumava mostrar uma fotomontagem para sustentar a falsa premissa de que as poligonais de tombamento dos bens localizados na vizinhança do prédio não alcançavam a área onde se localizaria o edifício", explica o ex-ministro.

Juca Ferreira lembra ainda que em fevereiro deste ano o Iphan nacional revogou o parecer técnico nº 0627/2014, que autorizava a obra e era assinado pelo engenheiro Bruno Tavares, segundo o ex-ministro, homem de confiança de Carlos Amorim. Posteriormente, no governo Michel Temer, Bruno Tavares foi nomeado superintendente regional do órgão na Bahia e segue no comando atualmente. 

Agora, com a denúncia de Marcelo Calero e a confirmação do embargo pelo instituto nacional, Juca Ferreira afirma que o Iphan "mostra o que é integridade, coragem, grandeza e respeito à coisa pública e, simplesmente por contraste, revela a podridão e a baixeza das motivações dessa gente que afastou uma presidenta honesta e que finge estar combatendo a corrupção".

Em sua opinião, Temer não poderá alegar "que não sabia do crime cometido por Geddel". "O ministro palaciano tem que ser imediatamente afastado e as denuncias contra ele apuradas com rigor. É preciso investigar a compra dessa cobertura que Geddel tem no prédio. Houve compra ou seria um pagamento por serviços prestados? O presidente Temer também precisa esclarecer à sociedade porque, ao ser informado por Calero, não tomou providências. Da mesma forma, o governo deve anular a criação da Secretaria do Patrimônio Histórico, confirmar a decisão do Iphan e exonerar, a bem do serviço público, o atual superintendente do Iphan da Bahia que nada mais é do que um estafeta de Carlos Amorim a serviços da especulação imobiliária", exige o ex-ministro da Cultura do governo Dilma Rousseff.

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