Política

Deputada denuncia racismo na Alesp: "Dói muito"

Rede Alesp
A deputada afirmou ter sofrido racismo “mais de dez vezes” só no dia da posse  |   Bnews - Divulgação Rede Alesp

Publicado em 31/03/2023, às 19h09   Cadastrado por Edvaldo Sales



A deputada estadual Thainara Faria (PT-SP) denunciou, nesta sexta-feira (31), ter sofrido racismo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) diversas vezes. A parlamentar disse, em relato nas redes sociais e depois na tribuna da Casa, ter sido impedida por uma servidora de assinar a lista de presença dos deputados.

Desde que fui eleita deputada estadual por São Paulo e ocupo esse espaço para discutir e me preparar para a minha posse venho sofrendo racismo nesta Casa”, disse a deputada enquanto chorava no plenário.

Thainara, que está em seu primeiro mandato na Alesp, afirmou que após participar de um evento, no qual havia sido identificada por meio de uma placa como deputada, foi impedida de assinar a lista de presença dos parlamentares. A servidora que a barrou teria dito: “Não, esses livros são só para os deputados”.

Não estão acostumados com uma mulher preta, jovem, de 28 anos, circulando por essa Casa. Eu sabia que por estar de trança seria confundida e queria evitar esse tipo de situação. Não gostaria de estar chorando aqui, agora, mas a questão é que dói muito toda hora sofrer racismo. Quando não dói, ele mata a gente”, declarou.

Ela continuou:

Não tem por que me barrar nos espaços, impedir que eu assine o livro com o peso de uma mão de 98.388 votos do povo de São Paulo. E aí eles acham que é ‘mimimi’, mas não posso voltar com a agonia e o constrangimento para a minha casa, esse constrangimento tem que ser da servidora e de todos os racistas e as racistas desse país”.

A deputada disse ter esquecido, nesta sexta, de carregar um broche destinado apenas aos deputados na Alesp que os identifica como parlamentares. Ela afirmou ter solicitado outro e contou que o pedido foi negado.

Thainara também afirmou ter sofrido racismo “mais de dez vezes” só no dia da posse da nova legislatura, em 15 de março. “Na posse, uma policial e uma servidora pediram para que eu liberasse o caminho para que os deputados pudessem passar. Me confundiram várias vezes com outras pessoas. Só na posse foram mais de dez vezes que passei por situações de racismo estando acompanhada pelo meu assessor de comunicação, que é um homem branco. Isso reiteradas vezes durante os dias”, relatou.

Assista ao relato completo:

Cobrança ao presidente da Alesp

Na mesma ocasião, Thainara também fez uma cobrança ao presidente da Alesp, o deputado André do Prado (PL), que disse à Folha de S.Paulo que teria “paciência de Jó” com as bancadas de mulheres e de negros e negras na Casa após uma série de polêmicas na legislatura anterior.

A deputada exigiu que ele adote uma postura antirracista e lembrou que a eleição dele para a Presidência contou com os votos da bancada do PT, em um acordo que deu ao petista Teonilio Barba a 1ª Secretaria da Alesp.

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