Aécio quer ser presidente do Senado

O acordo selado entre os presidentes do PMDB, Michel Temer, e do PT, José Eduardo Dutra, para que os dois partidos controlem o Congresso Nacional, corre o risco de ser atrapalhado pela disposição do senador eleito por Minas Gerais Aécio Neves (PSDB), que vem se articulando para conquistar a presidência do Senado.

Para isso, ele já conta com o apoio de alguns partidos da base governista insatisfeitos com o acordão firmado entre PT e PMDB. O senador eleito deflagrou articulação política para conquistar a presidência do Senado, acenando em troca com apoio para os parceiros disputarem o controle da Câmara Federal.

Na chamada "operação Aécio", bancada pelo PSDB e pelo DEM, já conquistou o apoio informal de setores do PSB e do PP, podendo ter a adesão de PDT e PC do B. A idéia é formar uma ampla aliança entre esses partidos capaz de acabar com a dobradinha PT/PMDB nas duas Casas. Isso garantiria ao grupo expressivo número de votos na Câmara e no Senado.

No Senado, a soma do bloco de oposição formado por PSDB, DEM e PPS garante 18 votos, total que pode subir para 21, com a adesão de senadores dissidentes do PMDB. É pouco para impor perigo à dupla PMDB-PT.

Mas a costura de um acordo com PP (5 senadores), PDT (4 senadores) PSB (3 senadores) e PC do B (2 senadores) mudaria esse patamar para 32 senadores, o que garantiria uma largada forte nessa disputa contra outros 31 senadores da aliança PMDB (com 17 senadores) e PT (com 14).

Assim, a decisão da questão se daria por meio da captura dos votos de partidos mais flutuantes, como PTB e PR, por exemplo.

O governo ainda não impôs a ordem para acabar com os planos do tucano, mas não esconde preocupação com a movimentação do adversário. É evidente que não há interesse do governo no sucesso da empreitada de Aécio Neves. O Planalto deve atuar para impedir sua vitória.

A  negociação de Aécio preocupa mais ainda ao PMDB, que sempre tem a Presidência de pelo menos uma das duas Casas e não quer abrir mão desse poder.