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Após cinco meses foragido, jovem que matou namorada muda versão e alega legítima defesa

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Defesa de Adriel Montenegro dos Santos, concedeu uma entrevista exclusiva, na tarde desta terça-feira (26)  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 26/09/2017, às 15h53   Brenda Ferreira


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Adriel Montenegro dos Santos, 21 anos, autor do homicídio da estudante Andrezza Victória Santana Paixão, 15 anos, em abril deste ano, prestou depoimento à polícia, na tarde de segunda-feira (25), no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O jovem foi à delegacia acompanhado de Roberto Walace e o sargento da Polícia Militar, Alberilo Junior, advogado e pai de Adriel, respectivamente, e alegou que o crime foi acidental. 

Na tarde desta terça-feira (26), o advogado do jovem concedeu entrevista exclusiva para a Record TV Itapoan. Durante a entrevista, Roberto Walace, advogado de Adriel contou a sua versão e deu detalhes sobre o caso. “Antes, devemos fazer uns esclarecimentos que norteiam o fato: Adriel entrou em contato com o pai dele por livre e espontânea vontade. Não foi tática de defesa esconder ele, ou algo do tipo. Em segundo lugar, o primeiro contato pessoal que eu tive com Adriel foi no dia da apresentação [ontem], momentos antes, mas já tinha tido conversas antes com o pai dele e com o diretor do DHPP”, revelou Walace. 

Quanto à causa do crime, o advogado do acusado afirmou que o tiro foi acidental e alegou legítima defesa. Roberto Walace contou que Adriel Montenegro descobriu, em janeiro, que Andrezza Paixão abortou um filho do casal, o que teria motivado o término do relacionamento. “A partir disso, ela ficou insistentemente indo de encontro a ele, querendo a volta. Na semana do incidente era aniversário dele e ela foi lá dois dias depois da data”, relatou, se referindo ao dia do crime.

O advogado ainda justificou o porte da arma do seu cliente, um revólver calibre 38: na época que eles namoravam, ele comprou uma arma porque tem um parentesco com uma pessoa que fez parte de uma facção e o local que Andrezza morava era de outra facção e ele tinha que levá-la em casa tarde da noite. 

VERSÃO DA DEFESA

Ainda durante a entrevista, o advogado Roberto Walace detalhou a versão de Adriel Montenegro. Segundo o causídico, a garota entrou na casa, pois tinha livre acesso, entrou no quarto, pegou a arma e sentou no sofá, enquanto Adriel tomava banho. “Só eles dois sabiam onde estava a arma. E no momento, ele pergunta por que ela estava com a arma na mão e Andrezza diz: você não vai voltar para mim? E ela aponta pra ele o 38”, relatou. 

“Eles entraram numa briga corpórea. Apesar de ele ser bem mais alto que ela, na entrevista, a delegada fala que na perícia constatou que o tiro foi intencional e na nuca. Não foi na nuca. Tendo acesso às fotos dela, dá para ver que o tiro alcança atrás da orelha de cima pra baixo”, continuou o advogado. Após isso, “ele tentou pegar a arma na mão dela, houve esse disparo e ele passou cinco minutos em estado de choque. Ele nem sabia que ela estava morta porque conferiu que Andrezza ainda estava com sinais vitais. Ele saiu correndo com a roupa do corpo e, por isso, não houve premeditação”, finalizou. 

SOCORRO OU NÃO?

Após o crime, Adriel Montenegro chegou a chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas segundo o advogado, houve omissão de socorro, pois a ambulância não apareceu. “Fizemos o requerimento de acesso à ligação para juntar aos autos de para ser denunciado futuramente a coautoria do crime”, polemizou. 

O pai do jovem, o sargento Alberilo Junior, da Polícia Militar, chegou à sua casa 20 minutos após o crime. O advogado relatou que a menina estava sentada na escada com o pescoço ensanguentado, mas o sargento só conseguiu identificar que era um disparo de arma de fogo depois de ter conferido. 

“Ele [o sargento] a levou para Upa [Unidade de Pronto Atendimento] de Itapuã e depois ela foi transferida para o HGE [Hospital Geral do Estado]. Ele ficou com ela até ser constatado o óbito, inclusive, a mãe dela veio para cima dele falando que tinha apresentado a filha dela como uma indigente. Hora nenhuma aconteceu isso. Ele esperou o total desfecho da situação”, declarou o advogado Roberto Walace.

Por outro lado, existe o desespero de uma mãe que, agora, se encontra com uma filha morta. “Minha filha não chegou a dar entrada, ela não foi para HGE. Ele está mentindo! Minha filha chegou morta! Ela chegou morta! Não chegou a dar entrada porque já estava morta!”, rebateu a mãe, emocionada durante a transmissão ao vivo. 

Lívia Tito, mãe da vítima, também acompanhou a entrevista do advogado ao vivo no programa Balanço Geral, mas, não conseguiu segurar a emoção e continuou: como é que ela sabia da arma? É tudo mentira! Como é que além de matar, querem denegrir a imagem da menina? Pelo amor de Deus! É mentira! Minha filha nunca ia pegar uma arma! Quem reconheceu o corpo de minha filha na UPA foi o pai! E está lá no relatório: adolescente deu entrada como indigente, encontrada agonizando na rua! Como é que deu socorro? É revoltante! É ironia dele! Ele por ser advogado não sabe que a minha filha não foi no HGE? Minha filha está morta! 

Adriel agora está no Complexo Policial da Baixa do Fiscal, onde ficará à disposição da Justiça até a conclusão do inquérito. Ao final da investigação, será definido se o tiro que matou Andrezza foi acidental ou não e a prisão preventiva de Adriel poderá ser decretada.

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