Justiça

Ex-presidente do BB diz a Moro que não participou de atos ilícitos

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Publicado em 16/01/2018, às 19h30   Folhapress


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Ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, Aldemir Bendine foi interrogado novamente pelo juiz Sergio Moro nesta terça-feira (16), a pedido de sua defesa. Ele negou participação em qualquer ato ilícito. 

Em novembro do ano passado, os advogados orientaram Bendine a ficar em silêncio, argumentando que não tiveram acesso à fala do publicitário André Gustavo Vieira da Silva, ouvido antes dele. 

Em seu interrogatório, André confirmou a acusação ao dizer que recebeu propina da Odebrecht e repassou R$ 950 mil em espécie a Bendine. 

Nesta terça, Bendine negou "veementemente" qualquer irregularidade. "Jamais solicitei ou autorizei que alguém solicitasse qualquer tipo de vantagem indevida", disse. 

Segundo o ex-presidente da estatal, a declaração de André "é totalmente mentirosa, visando buscar algum tipo de acordo".

"Chega a beirar o ridículo esse depoimento." 

'PERSEGUIÇÃO'  — Bendine diz sofrer uma "perseguição brutal", que destruiu sua "integridade moral" e sua família. 

"Talvez porque eu tenha tido a ousadia, quando ninguém se prontificou a assumir uma empresa que simplesmente iria desaparecer", afirmou. 

De acordo com a acusação, Bendine solicitou R$ 3 milhões em propina para executivos da Odebrecht, a fim de proteger a empreiteira em contratos da estatal. Ele está preso preventivamente desde o final de julho. 

O ex-presidente da Petrobras se recusou a responder perguntas do Ministério Público e do advogado de André Vieira da Silva. 

'NETWORKING'  — Ele disse ao juiz Sergio Moro que conheceu André ao final de 2013, com quem mantinha uma relação de "networking". O publicitário teria ajudado Bendine a conseguir hospedagem para uma viagem a Nova York e adiantado o pagamento dos custos, que, posteriormente, teriam sido reembolsados em espécie pelo executivo. 

Bendine também falou sobre uma reunião que teve com Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, ex-diretor da Odebrecht Ambiental. Segundo ele, o tema foi a situação do grupo frente aos impactos da Operação Lava Jato. 

Marcelo teria comentado sobre dificuldades enfrentadas por suas empresas, penalizadas por um bloqueio cautelar. Segundo Bendine, a reunião foi "absolutamente técnica" e "tranquila". 

O executivo disse que percebia uma "ansiedade muito grande" de Marcelo Odebrecht em passar recados para o governo, relacionados aos desdobramentos da Lava Jato. 

Bendine afirmou que foi "muito taxativo" e que disse a Marcelo: "Primeiro que não faço parte do governo, não sou nem funcionário público. Não faço parte da administração do governo no dia a dia. Segundo, não tenho conhecimento nenhum em relação a isso". O ex-presidente da estatal teria dito ao executivo que "não seria garoto de recados". 

No seu depoimento, também em novembro de 2017, Marcelo Odebrecht afirmou que fez três pagamentos de R$ 1 milhão a André, para que Bendine facilitasse assuntos da construtora na Petrobras. 

Na ocasião, Odebrecht afirmou que Bendine nunca o abordou diretamente sobre o tema. Segundo ele, os pedidos eram feitos por meio de André Vieira da Silva para Fernando Reis.

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