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Delator diz ter pago a Marin e Del Nero US$ 4,8 milhões em propina

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Eladio contou que em abril de 2017 foi procurado por investigadores americanos e decidiu fazer um acordo de colaboração  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 30/11/2017, às 06h23   Redação BNews


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O ex-funcionário da empresa argentina Torneos y Competencias (TyC), José Eladio Rodrigues, disse em depoimento prestado na quarta-feira (29) no Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York, que pagou propina aos ex-presidentes da CBF, José Maria Marin e Ricardo Teixeira, e ao atual detentor do cargo, Marco Polo Del Nero.

Conforme o G1, Eladio especificou que Marin e Del Nero receberam juntos US$ 4,8 milhões entre 2013 e 2014 em propinas referentes à Taça Libertadores (US$ 1,8 milhões) e à Copa América (US$ 3 milhões). Ele afirmou também que, usando empresas nas Ilhas Cayman e na Holanda, a TyC comprava barato os direitos de transmissão de campeonatos da Conmebol, como a Libertadores, e revendia mais caro para a TV Globo. A diferença era usada para pagar propinas para dirigentes.

Ainda segundo o G1, Eladio contou que em abril de 2017 foi procurado por investigadores americanos e decidiu fazer um acordo de colaboração. Ele devolveu US$ 675 mil para o governo americano e aceitou depor. Em troca, não foi acusado de nada pelos EUA. No tribunal, ele foi interrogado pelo promotor federal Samuel Nitze e detalhou como conseguia o dinheiro para pagar as propinas para os dirigentes esportivos.

A testemunha disse ainda que só pela Libertadores chegou a pagar a quantia de US$ 900 mil (R$ 2,9 milhões na cotação atual) por ano a Marin e Del Nero, que, segundo Eladio, dividiam a quantia entre si.
Marin é acusado de sete crimes: três de fraude, três de lavagem de dinheiro e mais um por fazer parte de uma organização criminosa. Ele (assim como Del Nero e Teixeira) é acusado de receber propinas em três contratos: Copa América, Copa Libertadores e Copa do Brasil.

As acusações de Eladio Rodriguez nesta quarta-feira dizem respeito a duas delas, as duas primeiras. Até agora não houve nenhuma citação ao contrato da Copa do Brasil -- em que as propinas teriam sido pagas por Traffic e Klefer.

A defesa de Marco Polo del Nero divulgou o seguinte comunicado:
"Com referência à citação feita pelo delator premiado José Eladio Rodriguez na Corte de Justiça do Brooklin, New York, EUA, o presidente da CBF, Marco Polo del Nero, vem a público esclarecer que nega, com indignação, que tivesse conhecimento de qualquer esquema de corrupção supostamente existente no âmbito das entidades do futebol mencionadas. As investigações levadas a efeito naquele país não apontaram qualquer prova de recebimento de vantagens de qualquer natureza por parte do atual presidente da CBF. Igualmente, o que fica claro é que os contratos sob suspeita não foram por ele assinados nem correspondem ao período de sua gestão na presidência da CBF. Esclarece, ainda, que jamais foi membro do Comitê Executivo da Conmebol, mostrando-se também falsa essa informação.

O Grupo Globo divulgou a seguinte nota sobre o caso:
"O Grupo Globo comprou em boa fé os direitos da Copa Libertadores da empresa T&T Holanda, então detentora dos direitos. O Grupo Globo está surpreso com as alegações feitas no julgamento de que aquela empresa era usada para o pagamento de propinas a terceiros e reafirma que não tolera nem paga propinas."

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