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Historiador vê ‘oportunismo e sobrevivência política’ em alinhamento de membros do DEM a Bolsonaro

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Nesta terça-feira (23), o deputado federal Elmar Nascimento (DEM-BA), presidente do Conselho de Ética da Câmara, publicou um vídeo nas redes sociais declarando apoio a Bolsonaro  |   Bnews - Divulgação BNews

Publicado em 24/10/2018, às 12h47   Guilherme Reis



A mudança de estratégia de membros do Democratas em direção ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), alinhando o discurso ao do capitão reformado, tem o objetivo de tentar blindar o partido e conquistar espaços no eventual novo governo. A avaliação é do historiador político Carlos Zacarias, para quem os partidos de centro-direita saíram fragilizados das eleições.

“São figuras que de alguma forma foram derrotadas e agora buscam um lugar ao Sol, mas buscam também sobreviver em uma eventual conjuntura de exceção como está sendo anunciada pela candidatura de Bolsonaro. É uma questão de oportunismo, sobrevivência política e de ódio incontido por um país que vinha sendo construído e que eles ajudaram a derrotar”, disse em entrevista ao BNews

Nesta terça-feira (23), o deputado federal Elmar Nascimento (DEM-BA), presidente do Conselho de Ética da Câmara, publicou um vídeo nas redes sociais declarando apoio a Bolsonaro. “Estamos aqui externando o nosso apoio ao nosso futuro presidente, que vai nos ajudar a exterminar o PT na Bahia, que está fazendo muito mal ao nosso estado”, declarou.

O tom do discurso gerou polêmica, principalmente porque, em junho, Nascimento disse à rádio Metrópole que votaria até no PT para impedir a eleição de um “louco” como Bolsonaro: “Se você tiver uma pessoa tipo Haddad e Bolsonaro disputando o segundo turno, a eleição é do PT. A gente não vai exigir do cidadão brasileiro que seja desinteligente e deixe de votar em alguém, por mais que a gente discorde da ideologia, para votar em um louco”.

O deputado federal Paulo Azi (DEM-BA) foi outro democrata que passou a apoiar Bolsonaro após criticá-lo e classificá-lo como extremista. “Você tem o PT, tem o Bolsonaro, que não cabem no momento do Brasil. O Brasil vai precisar de um homem ou uma mulher que tenha capacidade de diálogo. O Brasil tem mais de 13 milhões de desempregados, 32 milhões vivendo na informalidade, 63 milhões de endividados que acompanham a mortalidade infantil, que voltou a crescer. Desafios enormes em um país que tem uma máquina pública que consome toda a receita da União”, afirmou, também à rádio Metrópole, em julho. 

Já nesta terça, Azi postou no Instagram uma foto ao lado do postulante e escreveu que a conversa girou em torno de projetos para a área de segurança pública. “Como membro da frente parlamentar da segurança pública, visitamos hoje Jair Bolsonaro. Ele se recupera bem do atentado que foi vítima e está muito confiante na vitória. Discutimos as medidas que ele irá encaminhar à Câmara dos Deputados para combater a violência que assola o país “, disse. 

Outro democrata que voltou atrás foi o presidente nacional do partido, o prefeito de Salvador, ACM Neto. Após colocar em xeque a capacidade de Bolsonaro para governar o país e dizer que a candidatura do capitão reformado era um “tiro no escuro”, o gestor justificou seu apoio como uma forma de derrotar o PT. Ele garantiu que não há negociação de cargos. Nesta quarta-feira (24), Neto disse que a sigla ainda não trata da sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara. Maia, no entanto, já ‘acenou’ a Bolsonaro ao dizer que pretende pautar a flexibilização do Estatuto do Desarmamento, esperando reciprocidade do possível novo presidente. 

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