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RLAM: Shell está entre interessadas na compra de 60% da refinaria; Venda gera prejuízos para a Bahia, aponta Sindipetro

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Presidente do sindicato conversou com o BNews sobre a venda, que deve acontecer em junho  |   Bnews - Divulgação Reprodução

Publicado em 30/05/2018, às 18h13   Caroline Gois


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Prevista para junho, a venda de 60% da Refinaria Landulfo Alves já causa temor e incertezas para os 860 funcionários diretos que ainda resistem na empresa. De acordo com o presidente do Sindipetro-Ba, Deivdy Bacelar, a refinaria já está em um processo de venda, que deve ser oficilizada no próximo mês. "Nós estamos cientes que o processo de assinatura do contrato será feito em junho. Ainda não sabemos a empresa, já que está numa fase de apresentação de propostas. O que sabemos é que estes 60% de venda anunciados pela Petrobras significa a perda do controle acionário da refinaria, já que a Petrobras não será mais a gestora", afirmou. 

Segundo Bacelar, o projeto da Petrobras aqui na Bahia "é vender os cincos terminais da Transpetro. Se brincar, o Governo Federal vai acabar com a Petrobras aqui". Ainda conforme o sindicalista, os valores da transação não foram divulgados. Entre as interessadas na compra da RLAM estão as gigantes Shell, Total S.A. e PetroChina.

De acordo com o projeto anunciado pela Petrobras este ano, a estatal vai ficar com 40% de participação e as empresas parceiras com o restante. O processo de venda será supervisionado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A refinaria, segunda maior do Brasil, é responsável por 99% do refino de petróleo da Bahia.

"Se não houver uma reação da sociedade e do governo do Estado quanto à transação do Governo Federal, as perdas serão enormes. Tanto na geração de empregos, quanto a arrecadação para a Bahia", afirmou Bacelar, que estima a perda de 25% do ICMS na arrecadação do Estado. 

O presidente da Sindipetro, que é técnico de segurança da refinaria, lamenta as perdas da RLAM nos últimos dez anos. "Já tivemos um pico de 10 mil trabalhadores atuando, que foi quando houve a construção de quatro novas unidades de processamento. De lá para cá, só houve redução de investimentos", pontuou. A RLAM já teve 10 mil funcionários terceirizados, hoje o número não ultrapassa os 1.200. Já os diretos chegam a 860, quando já somaram 1.500 trabalhadores próprios.

A Refinaria Landulpho Alves (RLAM) foi a primeira refinaria nacional de petróleo. Criada em 1950, foi impulsionada pela descoberta do petróleo na Bahia e pelo projeto de construir um Brasil independente em energia. Localizada no Recôncavo Baiano, sua operação possibilitou o desenvolvimento do primeiro complexo petroquímico planejado do país e maior complexo industrial do Hemisfério Sul, o Pólo Petroquímico de Camaçari.

A Petrobras anunciou que avalia reduzir participação no mercado de refino de petróleo, mediante parcerias e venda do controle de outras três refinarias dos blocos regionais do Nordeste e Sul, mantendo a operação no Sudeste. As parcerias incluiriam venda de participação nas refinarias Abreu e Lima, no Nordeste, e Alberto Pasqualini e Presidente Getúlio Vargas, no Sul, além de 12 terminais associados.

Paralisação dos petroleiros
Os petroleiros iniciaram à meia-noite desta quarta-feira (30), em pelo menos mais 12 estados do país, uma greve de 72 horas nas unidades da Petrobras. Em Salvador, a paralisação começou com atos em frente à sede da estatal, localizada na Avenida ACM, no bairro do Itaigara. A categoria manteve a greve, embora o Tribunal Superior do Trabalho (TST) tenha declarado o movimento como ilegal.

De acordo com o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), também há concentração de trabalhadores na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), no Polo Petroquímico de Camaçari; na sede da Transpetro, em Madre de Deus; e no Campo Petrolífero Miranga, em Pojuca.

Segundo Bacelar, há quatro eixos de reivindicações. São eles:

1 - Mudança da política de preços da nova gestão da Petrobras para baixar os combustíveis como diesel, gasolina e gás de cozinha;

2 - Aumento da carga das refinarias da Petrobras. "Hoje operam com carga muito reduzida. A Landulfo opera com 53% da capacidade por conta de uma decisão política que quer incentivar o processo de privatização e favorece empresas integradas de petróleo", reforça o presidente do Sindipetro.

3 - Pelo fim das importações de derivados de petróleo. "As refinarias têm plena condição de abastecer o mercado naiconal com todos os derivados".

4 - Luta contra a privatização do sistema Petrobras

De acordo com o Sindipetro, esta seria uma paralisação de advertência para que estes quatro eixos sejam atendidos, antes de ser deflagrada uma greve por tempo indeterminado.

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