Justiça

Acho que a Lava Jato não termina este ano, avalia delegada da PF em Salvador

Publicado em 10/03/2016, às 22h37   Rodrigo Daniel Silva (@rodansilva)



Luciana Caires ministrou palestra nesta quinta na ESA

A delegada da Polícia Federal Luciana Caires, que integra a Lava Jato, disse, na noite desta quinta-feira (10), que é impossível prever se as investigações da operação vão terminar neste ano. Segundo ela, ainda há muitos fatos para serem apurados.

“Sinceramente, acho que não termina este ano ainda a Lava Jato. Infelizmente, [por causa do] volume de coisas, eu acho que não termina em 2016. [...] Eu fiz busca na 24ª fase da Lava Jato [que ficou marcada pela condução coercitiva do ex-presidente Lula] e fiz a brincadeira: ‘gente, 24 fases e ainda encontro isso aqui. Tinha lá: recibos de doações ilícitas’”, contou a delegada, durante a palestra que ministrou na Escola Superior de Advocacia Orlando Gomes (ESA), no Campo da Pólvora, em Salvador.

Em sua exposição, a delegada falou também sobre a importância da mídia para Operação Lava Jato. “Se a imprensa não tivesse divulgado da forma que foi divulgado, acho pouco provável que a coisa tivesse ido tão longe. Certamente, as estruturas de poder, as forças de poder teriam dado uma forma de apagar aquilo ali aos poucos. Se a sociedade não soubesse da Lava Jato, a nossa realidade certamente seria outra”, ressaltou a delegada, ao falar sobre a relevância do procedimento do inquérito policial para a democracia.

A delegada afirmou que a Lava Jato é dividida em fases para evitar que a operação corra o risco de ser anulada na totalidade. Luciana Caires disse também que “o Direito Penal e as páginas policiais estão escrevendo a história” do país.

Ainda na sua fala, a delegada defendeu a delação premiada. Para ela, o instrumento facilita o trabalho do investigador. “[Com a delação, o investigador] já sabe onde vai conseguir a prova, quem tem que interrogar, intimar e de quem deve quebrar o sigilo bancário. Às vezes, não tem outro meio de conseguir mapear o crime”, analisou, ressaltando que a delação deixa de ser sigilosa após a Justiça receber a denúncia do Ministério Público.

“Então, o que estão dizendo de vazamento seletivo para imprensa, não é bem assim. Assim que recebeu a denúncia, deixa de ter sigilo sobre a delação premiada”, frisou.  

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