Política

Uma nova primavera para o PT

Imagem Uma nova primavera para o PT
Bnews - Divulgação

Publicado em 16/12/2018, às 11h41   Éden Valadares*


FacebookTwitterWhatsApp

Primaveras são precedidas de invernos. Para muitos, o inverno do Partido dos Trabalhadores foi esse ano que se encerra. Em 2018, o PT perdeu a eleição presidencial após quatro vitórias consecutivas, viu sua bancada no Senado ser reduzida de 14 para 6 parlamentares e amargurou algumas derrotas importantes, como nas disputas estaduais do Acre e Minas Gerais.

Mas se as notícias foram gélidas, em verdade, o inverno não foi tão rigoroso quanto dizem por aí. Afinal, esse mesmo PT obteve mais de 47 milhões de votos no segundo turno, elegeu os governadores da Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, e fez a maior bancada da Câmara, com 56 deputados federais. 

Mais ainda: o Partido dos Trabalhadores, após intenso e ininterrupto ataque dos partidos conservadores, de parte da mídia e da sanha inquisitória de setores do Judiciário, conseguiu ter o melhor desempenho entre as legendas tradicionais, reiterou sua condição de protagonista das Esquerdas e consolidou novos quadros como lideranças políticas no cenário nacional, tais como Camilo Santana, do Ceará, Rui Costa, da Bahia e, claro, Fernando Haddad.

Está aí, nesta última conquista citada, a possibilidade de abertura de uma nova primavera para o PT: a renovação. Uma renovação não somente da linguagem, da estética ou dos meios de se comunicar com a sociedade (uso das redes sociais e etecetera). É preciso também que o PT renove sua capacidade política e cultural de representar, ser referência e liderar. Uma renovação não apenas teórica – muito menos retórica – mas sobretudo prática, de método, que se concretize em compromisso real com os valores democráticos, humanistas e civilizatórios.

A nova primavera para o PT precisa reconhecer seus erros, se inspirar nos acertos e apontar para a frente, para o amanhã, para os novos desafios impostos ao Brasil e ao povo brasileiro. É hora de jeito novo, novas vozes e novas caras. No lugar das mesmas figuras que há décadas representam o partido, é hora de “mais Haddads, mais Ruis e mais Camilos”.

Em 2019 deve acontecer o processo de eleições internas no campo petista. Uma janela histórica aberta. Se iniciar imediatamente esse processo, o PT poderá criar as condições objetivas para essa renovação, acumular caldo teórico, massa crítica e ver florescer – para seguir na metáfora primaveril – novos horizontes.

É o que espera, e luta para ver acontecendo, toda a minha geração.

*Éden Valadares, 37, foi secretário de juventude do PT Bahia, chefe do Gabinete da Presidência da República e em 2018 coordenou a campanha de Jaques Wagner ao Senado.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp

Tags