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Festival de Verão, que não é mais Salvador, só teve uma atração da Bahia

Imagem Festival de Verão, que não é mais Salvador, só teve uma atração da Bahia
Apenas Ivete Sangalo foi a representante baiana entre artistas da moda e internacionais  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 10/12/2018, às 12h18   Tiago Di Araujo


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Em 2018, o Festival de Verão chegou em sua 20ª edição e provou que acabou o tempo em que a festa era da Bahia, ou que pelo menos, valorizava a música baiana. Já no nome, com a retirada do "Salvador", o evento demonstra que não tem os ritmos e artistas baianos entre suas prioridades.

E neste ano, a grade de atrações selou definitivamente que o pagode, o arrocha, no reggae, o sertanejo e forró que é feito na Bahia ou por representantes baianos pouco importa para os organizadores. A salvação tem sido na figura de Ivete Sangalo, única artista da terra convocada, e que se vacilar, mesmo sendo quem é, aparentemente é sustentada apenas pelo título de ser a única a se apresentar em todas as edições e por outros interesses empresariais, já que a vontade de ambas as partes não parece ser a mesma.

Enfim, mesmo em grandes momentos em suas carreiras, Léo Santana, Solange Almeida e Claudia Leitte não tiveram oportunidade. As Coleguinhas Simone e Simaria também ficaram de fora, no mínimo com a desculpa de que deram uma pausa na carreira anunciada em setembro. Aí, acredita quem quiser que a grade já não estava fechada sem elas antes disso.

Nem mesmo a novela 'Segundo Sol', vivenciada na Bahia e que teve grande aceitação dos telespectadores baianos, fez com que o Festival de Verão abrisse mais espaço para nossa música. Ou seja, nem o tal do'Beto Falcão' (personagem de Emílio Dantas), que era praticamente um Deus do Axé na trama, teria espaço no palco do evento.

Na verdade, a grade de atrações do Festival parece mais um ato de desespero, para manter um evento no auge, o que é uma tarefa muito difícil depois de tantos anos. No domingo, por exemplo, o foco foi para as atrações da moda, o que rendeu uma programação com Wesley Safadão, Jorge e Mateus, Xand Avião, Gusttavo Lima, Alok e Ivete. No sábado, Anitta no meio de Alpha Blondy, Natiruts, Rael, Inner Circle, Planet Hemp e Nação Zumbi faz parecer que os organizadores vivem mesmo no mundo da lua.

Para completar, o evento chegou a cobrar ingressos entre R$ 50 e R$ 603 para atrações, que em grande parte, estarão no Réveillon de Salvador gratuitamente, e ao longo do ano se apresentaram em festas bem mais em conta na capital baiana.

Esse e outros motivos mostram que o Festival começa a dar provas de que está ruindo. Inicialmente realizado no Parque de Exposições, com cinco dias, passou a ter quatro entre 2007 e 2014, três dias em 2015 e apenas dois desde 2016, quando passou a ser na Arena Fonte Nova.

Mas, mesmo assim, em apenas três anos, o novo formato já parece desgastado. Há quem acredite que colocar o Festival no final do ano, juntamente com diversas festas, ensaios de verão e eventos de Réveillon tenha sido um péssimo negócio. Mas, se continuasse no início do ano, pouco antes do Carnaval, como era, creio que teria o mesmo problema. Enfim, vai ver que o problema vai muito além de período, não é?

*Tiago Di Araújo é repórter de entretenimento do BNews e gerente de mídias sociais

Classificação Indicativa: Livre

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