Política

Precisamos falar das filas no TRE

Imagem Precisamos falar das filas no TRE
Bnews - Divulgação

Publicado em 12/01/2018, às 12h53   Cíntia Kelly*


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As filas quilométricas para o eleitor fazer o cadastramento da biometria trazem dois dados. O primeiro é que o brasileiro continua com o péssimo hábito de deixar tudo para última hora. A biometria em Salvador está disponível há um ano. Mas o eleitorado só se dignou a procurar o serviço nos seus estertores, entre meados de dezembro de 2017 e janeiro deste ano, quando o prazo se encerra. 

O segundo é que o brasileiro não gosta e não quer votar. Quem resolve enfrentar a essa altura filas cuja espera durar até 12 horas, não o faz porque não quer ter seu título de eleitor cancelado e como consequência ser impedido de votar nestas eleições e nos pleitos vindouros. 

O eleitor está disposto a enfrentar a fila porque se tiver o título cancelado, terá igualmente cancelado benefícios, como o bolsa-família, além de ser impedido de tirar passaporte e de concorrer a uma vaga em concurso público.

Logo, o eleitor não quer votar, não quer participar do processo democrático, até porque se é democrático não deveria ser obrigatório.
Já passou da hora de a obrigatoriedade do voto, que vem desde 1946, cair por terra. Quem vota obrigado não tem compromisso com o futuro do país, de um estado, de uma cidade.

Quem vota obrigado, vota em um nome indicado por um amigo, pelo vizinho, pelo cara que distribui santinhos nas barbas da Justiça Eleitoral. 
Quem vota obrigado esquece logo em seguida em quem votou. Quem vota obrigado não faz o papel de fiscalizar o mandato do politico em quem votou.

Exatos 20 dias após as eleições de 2010, quando Dilma Rousseff foi eleita presidente do Brasil, pesquisa do Datafolha mostrou que 30% dos eleitores já haviam esquecido em quem votou. O mesmo problema de ‘amnesia’ sofreram os eleitores que votaram nas duas vagas no Senado: 28% não lembravam em que tinham votado.

Entre as 15 maiores economias do mundo, o Brasil é o único país no qual o voto é obrigatório.

Uma Proposta de Emenda a Constituição (PEC) que mudasse essa realidade não seria nada mau.

Precisamos discutir o fim do voto obrigatório. Pra já. Urgentemente e de forma séria.

*A jornalista é repórter de política do Bocão News e comentarista da Itapoan FM

Classificação Indicativa: Livre

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