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Editorial: Sobre luto, vidas e regata Aratu

Publicado em 24/08/2017, às 16h44   Redação BNews - Editoral


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Uma das maiores tragédias com embarcações na Bahia aconteceu nesta quinta-feira (24). O estado amanheceu triste com as notícias, muitas delas desencontradas, dando conta de que mais de 20 pessoas morreram após uma das lanchas responsáveis pela travessia Mar Grande – Salvador virar no mar. Nela estavam 120 pessoas.

Em Salvador e na ilha Vera Cruz pescadores, órgãos oficiais, prefeituras da região e agentes do governo: todos se mobilizaram diante de uma incidente que ainda carece de maiores apurações para que sejam apontadas as causas do naufrágio. Aos familiares das vítimas fatais restam as mensagens de força, fé e paz.

Os danos são irreparáveis e levará algum tempo para que toda a sociedade baiana deixe a consternação. Neste trecho, não há precedentes nos últimos. Não há, ainda que houvesse na história recente da Baía de Todos os Santos, nada que possa acalentar os que foram infligidos com a trágica partida de seus entes e amigos em um dia comum.

Diante deste cenário de difícil compreensão e de impossível compensação, o que se espera de toda e qualquer entidade, empresa e da própria sociedade é a solidariedade. O que parece não ter tocado na consciência dos organizadores da tradicional Regata Aratu-Maragojipe.

Responsáveis pela Regata afirmaram que só cancelariam o evento, que acontece nos próximos dias 25 e 26 deste mês, ou seja, um dia após a tragédia, em caso de proibição oficial determinada pela Capitania dos Portos.

Os argumentos para não cancelar de imediato vão desde que o evento é organizado com grande antecedência ao fato de que embarcações de diversos estados do Brasil e até internacionais se mobilizam para vir à Bahia.

Entre os patrocinadores do evento está o Governo do Estado e a Bahiatursa, braço da secretaria estadual do Turismo na prospecção da Bahia. Vale ressaltar que o próprio governador Rui Costa decretou luto oficial de três dias, portanto, durante a regata o Estado estará de luto.

Não argumento que suplante as vidas ceifadas em um acidente com impacto direto sobre as águas da baía mais conhecida do país.

Embora a Regata tenha 48 anos, esta história até então marcante pode ser maculada por tamanho desrespeito com as vítimas da tragédia.

Não é hora de disputar nada na Baía de Todos os Santos. O momento é de consternação e de solidariedade aos familiares de vítimas fatais que enfrentam a tragédia buscando reconstruir suas próprias vidas. Não esquecendo de tantos outros sobreviventes que precisam superar o trauma de estar numa embarcação que naufragou.

Quem respeita a Bahia sabe que a morte de dezenas de pessoas deve servir para que possamos reconstruir nossas vidas e não apostar uma “corrida de barcos” que tem em seu circuito o local da tragédia.

Os organizadores do evento são: Via Náutica Consultoria & Eventos, empresa coordenadora do evento e o do Aratu Iate Clube.

Classificação Indicativa: Livre

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