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Turismo em comunidades indígenas crescem e oferecem bangalôs com água quente

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Bangalôes com água quente e até ar-condicionado podem ser encontrados em turismo em comunidades indígenas  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Tv Brasil

Publicado em 30/04/2023, às 10h33   Cadastrado por Lorena Abreu



A Ilha do Bananal, no Tocantins, é uma espécie de paraíso entre a Amazônia e o Cerrado. Maior ilha fluvial do mundo e preservada ecológica há mais de seis décadas, ela abriga o Parque Nacional do Araguaia, um dos mais antigos do país, de 1959, e terras indígenas onde vivem pelo menos 4 mil pessoas. 

Na década de 60, o então presidente Juscelino Kubitscheck fez ali um hotel cinco estrelas que sucumbiu ao tempo. Agora, os indígenas mapeiam trilhas, praias de água doce, lagoas e pontos de observação de pássaros para criar uma operadora de turismo indígena Karajá.

Segundo informações de O Globo, além de levar visitantes aos lugares mais belos, os indígenas querem contar suas histórias e mostrar seus rituais, como a festa Hetohoky, uma celebração da iniciação dos meninos na vida adulta que reúne diversas aldeias. O ápice ocorre em março, com música, cantos, danças, lutas corporais e comidas típicas à base de peixe, tartaruga, milho, mandioca e frutas nativas, como murici, mangaba e buriti.

O líder da Kuriala diz que as operações, programadas para o início de 2024, vão gerar renda direta a cerca de 300 indígenas, principalmente mulheres e jovens, que estão em treinamento. Além disso, a atividade turística deve ajudar a manter os jovens nas aldeias, dando continuidade à cultura e à preservação da ilha.

Eles também querem melhor condição de vida. A maioria das casas ainda é de palha, falta saneamento e serviço de saúde. Placas solares chegaram há pouco tempo para que possam ter geladeiras e conservar alimentos. Algumas aldeias têm internet, outras não.

Primeira terra indígena a fazer um plano estratégico, no ano 2000, a tribo indígena (TI) Sete de Setembro, em Rondônia, começou em 2022 a operar o turismo paiter suruí. Dois bangalôs, com ar-condicionado e banho quente, recebem turistas do Brasil e do exterior. Mais de 500 pessoas já visitaram a aldeia e ficaram, em média, três dias. O refeitório serve pratos da culinária brasileira, mas também a comida típica dos indígenas, com muito peixe, mandioca, batata, milho e cará.

Além das culturas de subsistência, o povo paiter suruí cultiva café especial e a plantação é um dos roteiros de visita. Busca agora parcerias para vender banana e agências de turismo para ampliar o número de visitantes.

O turismo em terras indígenas foi regulamentado pela Funai em 2015, mas boa parte do apoio aos projetos vem de organizações não-governamentais (ONG). No Brasil, as experiências em terras indígenas são diversas. Vão desde caminhada pela floresta para escalar o Pico da Neblina, o mais alto do país, da Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (Ayrca), à subida ao Monte Roraima, via Venezuela, com apoio de indígenas da TI Raposa Serra do Sol. 

Na Bahia, em Porto Seguro, os pataxós da Reserva Indígena Jaqueira ganharam de só vender artesanato na estrada para levar turistas para conhecer seus rituais e modo de vida. Na capital paulista, o povo guarani leva os visitantes por trilhas cachoeiras escondidas na Mata Atlântica, na TI Tenondé Porã, no extremo sul da cidade.

Atualmente, existem 28 projetos de turismo ativo em terras indígenas no país. Marcio Santilli, um dos fundadores do Instituto Socioambiental (ISA), afirma que esse tipo de turismo nunca será de alta escala. É naturalmente limitado à capacidade de receber as comunidades, mas vem se tornando importante fonte de renda para indígenas, ribeirinhos e quilombolas, por exemplo.

Santilli defende que parte da verba do Programa de Aceleração edo Crescimento (PAC), reativado pelo governo Lula (PT), seja aplicada em pequenas obras de infraestrutura em comunidades que p0reservam o meio ambiente, com melhoria de acessos, ancoradouros, galpões de acomodação, instalação de painéis solares e internet. 

O que sempre se vê , diz Santilli, são o9bras que causam impactos ambientais mas, na maioria das vfcezes, atendem a interesses de quem não vive na Amazônia. Não é raro que comunidadesvivam no escuro.

O projeto-piloto Experiências do Brasil Original, foi lançado este ano e envolve quatro ministérios, a Funai, a Universidade Federal Fluminense e a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ). A proposta é dar apoio não financeiro a quatro roteiros — dois indígenas e dois quilombolas — e treinar as comunidades para que elas possam administrar uma atividade. Ao mesmo tempo, dar visibilidade à sociodiversidade brasileira.

A Braziliando foi criada para atuar com turismo comunitário após a experiência de suas duas sócias — mãe e filha — na Amazônia. Depois de fazer pacotes de visitas virtuais para universidades, do Brasil e do exterior, durante a pandemia, uma agência tem impulsionado as visitas à comunidade indígena Baré. São 40 famílias da etnia que vivem na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista, a sete horas de barco de Manaus, às margens do Rio Negro.

Segundo O Globo, a Funai não atendeu seus pedidos para falar sobre o tema.

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