Saúde

Saúde mental na terceira idade necessita de atenção especial

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Especialistas alertam para importância de ações que favorecem a saúde mental na terceira idade e dão dicas para os idosos  |   Bnews - Divulgação Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Pedro Moraes

por Pedro Moraes

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Publicado em 28/09/2022, às 05h50



“Ando com a mentalidade bem jovem, não me sinto velho não”. Assim vive Palmira Martinha dos Santos, de 77 anos. A professora aposentada é um dos exemplos representativos de como deve ser a saúde mental das pessoas da terceira idade, assim como para os indivíduos de modo geral, que são peças fundamentais no processo da popular “velhice”.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até o ano de 2050, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo terão mais de 60 anos de idade. Sob essa perspectiva, o BNews preparou uma reportagem com dicas especiais sobre como fortalecer a saúde mental na terceira idade.

Tão importante quanto alcançar a terceira idade é conquistar boas condições de vida tanto no aspecto físico quanto emocional. Com base nisso, o primeiro passo para fortalecer esse aspecto humano é se apoiar na socialização. 

“Socializar é mais do que conversar com alguém, mas também ter relações afetivas com quem se está. Além disso, as tarefas diferentes no decorrer do dia, como falar ao telefone, ir ao supermercado, na farmácia, fazer serviços domésticos, contribuem para saúde mental”, afirma o geriatra Vitor Nunes.  

Efeito disso é a forma que dona Palmira leva a vida: com sorriso no rosto e muita disposição, seja em jogos, seja em relações sociais.

“Jogo que preciso ficar sentada, eu não sei nenhum. Agora, eu gosto é de jogo de correr. Até hoje quando vou ao mar, vou ali do Porto da Barra de uma ponta a outra, caminhando por dentro da água, mergulho. Não tenho complexo com nada, se chegar um grupo de jovens, eu estou no meio, de senhoras, eu estou no meio”, brinca Palmira Martinha.

Além do ato da socialização, o acompanhamento médico regular, que analisa sensações como o humor do paciente, e a avaliação psicoterapia, também são elementos imprescindíveis para a manutenção positiva da saúde mental.

Vitor acrescenta dicas que podem passar despercebidas pela rotina constante dos idosos, mas que fazem toda diferença.

“A dieta balanceada, viagens, contato próximo com seus familiares e atividades em ambiente externos são fatores importantes. Uma curiosidade: o sol, no horário indicado (até as 9h da manhã e após as 16h), auxilia na liberação de algumas substâncias que contribuem com o bem-estar. A religiosidade ajuda ao paciente, além de ter contato com o que se acredita, ajuda também a socializar”.

Vida saudável e adaptação com a pandemia

Caso você esteja em busca de motivação para frequentar a academia, aula de natação ou qualquer outra proveniência do exercício físico, a inspiração também é dona Palmira. A disposição atual é consequência da disposição antiga.

“Era para me aposentar com 25 anos de trabalho, mas só fui me aposentar com 29 anos de trabalho, em 1999. Nem queria porque eu era tão feliz com minhas aulas. Depois disso, continuei na ginástica, aprendi a fazer natação, além de fazer caminhada”, cita ao BNews.

“Depois da pandemia, eu montei uma academia aqui dentro de casa, tenho aparelhos, esteiras, faço meus exercícios aqui. Mas voltei também para o pilates e vou retornar à natação. Sou uma pessoa super feliz porque toda vida fiz isso, e, inclusive, adoro dançar”, finaliza a senhora.

Ainda segundo o levantamento da OMS, o principal temor do brasileiro sobre o envelhecimento é a perda da agilidade mental e física, cerca de 64% e 60%, respectivamente. Segundo o geriatra Vitor Nunes, os benefícios dos exercícios físicos vão além do desenvolvimento corporal.

“Além de diminuir o risco de doenças cardiovasculares, de liberar substâncias que auxiliam no humor e bem-estar, aumenta a resistência muscular, dando segurança e disposição para o indivíduo idoso. Ela traz mais funcionalidade, independência e autonomia, o que é fundamental para o sujeito longevo”, conta.  

Velhice é um processo detalhado

“Vida louca vida... vida breve”. Assim dizia Cazuza, um dos astros do pop-rock dos anos 80, em um dos trechos da música ‘Vida Louca Vida’. Por outro lado, a brevidade da vida humana pode não ser efetiva, mas isso depende de um conjunto de fatores. É o que explica Emanuel Pereira, psicólogo especialista em Gerontologia.

“É necessário, por parte do poder público, da família e de toda a sociedade civil organizada, implementar políticas sociais e ações que promovam o bem-estar na velhice. Portanto, (é fundamental) evitar o isolamento social, garantir a essas pessoas o acesso à saúde e a assistência de qualidade, inclusive em casa. Além disso, garantir também a participação em grupos, atividades culturais, religiosas e políticas do seu bairro, mantendo assim o seu senso de pertencimento e importância, além da sua autonomia e independência”, analisa.

O processo da percepção da saúde mental pode ser auxiliado pela psicoterapia, a qual tem um papel significativo na revisão do ciclo vital dos seres humanos.

“Ter consciência e uma boa percepção de si, da sua vida e do seu corpo é muito importante para o fortalecimento da autoestima e da aceitação de si e do outro. Poder falar e compartilhar vivências e sentimentos fortalece os vínculos afetivos e sociais, podendo assim, a pessoa velha, redimensionar e ressignificar o medo do abandono, da solidão e da própria finitude, o que contribuirá para uma vida mais longa e saudável, quiçá alegre e auto realizada, e não só cumprida como se fosse uma tarefa”, enfatiza Emanuel ao BNews.

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