Saúde

Outubro Rosa: enfermeira diagnosticada com câncer de mama conta a trajetória de descoberta precoce e tratamento pelo SUS

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Outubro é o mês escolhido para conscientização e prevenção contra o câncer de mama  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Arquivo pessoal

Publicado em 01/10/2023, às 05h30   Cadastrado por Victória Valentina


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A pauta pela luta contra o câncer de mama ganha força com o Outubro Rosa. O movimento internacional foi criado no início da década de 1990 e, desde então, virou símbolo na prevenção contra o tumor. Neste ano, a mobilização se inicia neste domingo (1º).

Segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres ao redor do mundo. Cerca de 2,3 milhões de casos novos foram estimados em 2022, o que representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias diagnosticadas nas mulheres. As taxas de incidência variam entre as diferentes regiões do planeta, com as maiores taxas nos países desenvolvidos.

No Brasil, em 2023, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama, com um risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.

Ao BNews, a enfermeira com formação em enfermagem oncológica e cuidados paliativos, Maria Celeste de Almeida, de 56 anos, foi uma dessas mulheres que precisou enfrentar esse grande desafio. 

Ela contou que foi diagnosticada com o câncer de mama em março de 2022, e tudo começou com um questionamento feito pelo ex-namorado, em outubro do ano anterior.

"Ele me disse 'oh, tem alguma coisa na sua mama'. E eu, de forma muito esportiva, respondi: 'largue de ser criativo, porque eu tenho mamografia e ultrassom muito recente'. Fui pro plantão, pedi a uma colega uma solicitação e fui fazer a ultrassom de mamas. Quando saí do consultório, já sabia que tinha alguma coisa que não era apenas um comentário. Eu realmente estava com um cacinoma lobular invasivo", começou.

Em 23 de março de 2022, o resultado saiu e Maria Celeste realmente estava com câncer. "Fiz biopsia, optei por fazer mastectomia - retirada cirúrgica de toda a mama -, porque eu entendi que toda essa vivência de oncologia, eu não ia dar conta de viver com essa sombra, então retirei a mama direita e fiz a cirurgia. Fiz quimioterapia, segui o protocolo indicado", contou.

A enfermeira deixou claro que escolheu passar por todo o tratamento nas dependências das Obras Sociais Irmã Dulce, localizado no Largo de Roma, na Cidade Baixa, em Salvador, onde trabalha há 10 anos.

"Eu tinha absoluta certeza das sementes que ali plantei, ao longo da minha caminhada, e estar sobre a proteção da Santa Dulce era algo importante e forte na vida. Não foi fácil, mas eu sei que pessoas sofrem caminhadas muito mais difíceis", frisou a profissional.

"Em outubro de 2021 eu não tinha nada, nem um nódulo para ser acompanhado. Em março de 2022, eu tinha um diagnóstico. Em abril, fiz a cirurgia, finalizei a quimioterapia, mas sigo em tratamento há um ano, e falta mais quatro anos", completou.

Outro ponto essencial para uma boa caminhada durante a descoberta e a cura é ter uma rede de apoio fortalecida. Maria Celeste, que trabalhava diretamente com pacientes oncológicos antes mesmo de ser diagnosticada, via quantas mulheres ficavam desamparadas e abandonadas. Além disso, ela frisou a importância do amor próprio e de se ter como exemplo a vencer.

"Tenho uma lente completamente diferente para a vida. Confiar no processo, viver todo o processo e acreditar plenamente do propósito. Diagnóstico precoce faz toda a diferença. É importante que a mulher diagnosticada após a mamografia tenha pra onde ir, ser direcionada para os serviços. O tempo faz toda a diferença dentro desse contexto, porque a briga acaba sendo desleal. Tudo que a gente faz aqui fora, não acompanha a velocidade do que está acontecendo dentro"

"Diagnóstico não é destino. Isso ficou muito claro pra mim. Óbvio que ser enfermeira oncológica trouxe um entendimento de pavor. Ninguém abre uma biopsia de um câncer achando que vai viver. Incialmente se pensa na morte, mas isso é muito rápido. A morte não é algo negociável. É o que eu faço com o diagnóstico. Ele tem que me tornar mais forte para que eu possa brigar com tudo que vem pela frente", finalizou.

Apesar de não existir uma causa única para o câncer de mama, muitos fatores estão relacionados ao desenvolvimento da doença entre mulheres, como envelhecimento, determinantes relacionados à vida reprodutiva da mulher, histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficente e exposição à radiação ionizante.

Outros fatores principais estão obesidade e sobrepeso, após a menopausa, não praticar ao menos 150 minutos de atividade física moderada por semana, parar de menstruar após os 55 anos, primeira gravidez após os 30 anos. 

Classificação Indicativa: Livre

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