Nem a chuva que caiu na manhã deste domingo em Salvador tirou a animação do público presente no evento, realizado no Farol da Barra, em homenagem ao Dia Mundial do Autismo, comemorado dia 2 de abril.
Promovido pela AMA (Associação de Amigos do Autista), o evento contou com uma programação variada com muita música e animação, comandado por Tio Paulinho. As famílias puderam se divertir e fortalecer a luta pelo respeito aos autistas e inclusão social. Apoiador do evento e incentivador das ações a favor do autista, o apresentador Zé Eduardo, da Record TV Itapoan, esteve presente e comentou sobre a importância de ações assim para chamar a atenção do poder público.
“É preciso que as autoridades tomem conhecimento desse dia importante, tenha projetos de lei, estrutura para esse pessoal, muitos não têm condições, entregam a AMA ou as escolas, eu sou apenas um braço, um símbolo daquele que está lutando por essa causa. É preciso chamar atenção dos senadores, dos deputados que olhem para os autistas”, disse o comunicador.
Já Tio Paulinho, cantor e animador da criançada, mostrou destacou a felicidade em fazer parte do projeto. “A gente fica muito honrado de fazer parte de um projeto como este. Ver tantas famílias juntas. O autismo está no problema da socialização, então a gente consegue trazer para a melhor praça da cidade, que é o Farol da Barra, as famílias com crianças com autismo. Basta a gente conviver e brincar, estou muito feliz. Vamos ser conscientes e tratar as pessoas como pessoas”, pontuou.
O Autismo
O Autismo é um transtorno do desenvolvimento, também chamado de transtorno do espectro autista, caracterizado por alterações na comunicação, interação social e no comportamento da criança. Essas alterações levam a dificuldades adaptativas e aparecem antes dos 3 anos de idade, em alguns casos são percebidas nos primeiros meses de vida. A causa do autismo ainda não é claramente identificada, porém é mais comum em crianças do sexo masculino, independente da etnia ou classe social.
A presidente da AMA, Rita Brasil disse que o Dia Mundial do Autista foi instituído pela ONU com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre o autismo. “Hoje temos falta de diagnóstico precoce, da inclusão de nossas crianças na escola regular. Então este é o momento escolhido para que e gente possa levar a toda comunidade, não só Salvador e a Bahia, pois todos os estados estão comemorando este dia, a nossa causa, que é a causa do autismo”, disse.
Conforme ela, nos EUA o diagnóstico é com um ano e meio e aqui no Brasil é com 3 anos de idade. “A gente cobra a rapidez nesse diagnóstico porque quanto mais cedo você intervém , com atendimento de fonoaudiologia, terapia ocupacional, pedagogia, essas crianças têm uma probabilidade muito grande de chegar a vida adulta praticamente muito próximo da normalidade”. Ainda segundo a coordenadora, a AMA funciona no contra turno da escola regular justamente para fortalecer o processo de inclusão das crianças. De acordo com um estudo divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas), o transtorno comportamental afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo. Na Bahia existem 70 mil autistas.
A assistente social, Cristiane Costa é mãe de Mateus, de 3 anos. Ela identificou o autismo do filho com um ano e meio e disse que houve uma evolução significativa com o tratamento. Sobre o evento, ela aprovou a iniciativa e falou do combate ao preconceito e a importância da inclusão social. “É muito bom esses eventos porque a gente acaba encontrando outras pessoas que passam pela mesma situação, tem a troca de experiência. É o momento de todos se encontrarem e fortalecer essa luta contra o preconceito, hoje é muito escasso programas que sejam direcionados ao autista. Então é importante a divulgação e eventos desse tipo”, pontuou. Mateus estuda em um colégio regular e, segundo a mãe, em breve começa a frequentar a AMA.
Livro “Joshua, o Enviado”
Na ocasião foi lançado o livro Joshua, o Enviado, do autor Yuri Meirelles, um autista adulto. A história estimula o leitor a encarar essência própria na busca por desenvolvimento pessoal através de aventuras místicas e ensinamentos espirituais. O autor explica que o livro é de ficção, mas inspira os autistas, na visão dele, pois incentiva as pessoas a buscarem seus objetivos.
“As pessoas vão ler o livro e pensar, ‘olha ele escreveu um livro deste então pode fazer qualquer coisa que uma pessoa considerada normal pode fazer’. Serve de inspiração”, disse a reportagem.
Ainda segundo o autor, o “livro não é apenas voltado para o público autista, é um livro pessoal que contém ensinamentos de vida. O personagem é uma visão minha idealizada, então de certa forma acaba sendo autista também. O livro conta as experiências de vida. Coloco boa parte da minha vida no personagem”, conta. O livro está disponível no Shopping Salvador Norte, no 3º piso da livraria Leitora ou pelo site da livraria Cultura ou Leitora e custa R$30 reais.
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