O posto de Saúde Virgílio Carvalho, que atende cerca de cinco mil pacientes por mês na Avenida Dendezeiros, na Cidade Baixa, em Salvador, atualmente, dá espaço para armários quebrados, salas arrombadas e um vazio que toma conta de toda a unidade, cujas portas estão fechadas. O posto foi arrombado e saqueado. Foram levados o frigobar, computadores e até mesmo vacinas da rede municipal. A informação, confirmada pela Secretaria de Saúde, dá conta de que desde então a unidade está fechada. De acordo com a assessoria, que não revelou o valor do prejuízo, uma queixa foi prestada na 3ª delegacia, localizada a 15 metros do Virgílio Carvalho. Entretanto, por conta da greve e da ausência de guardas municipais, ninguém viu absolutamente nada.
A denúncia que chegou à redação do site Bocão News, na tarde desta terça-feira (22), traz fotos do descaso diante de uma situação que já dura mais de três dias úteis, deixando de atender centenas de pessoas. Em contato com a assessoria de comunicação da Guarda Municipal, o caso também foi confirmado. Segundo o órgão, não havia agente para cobrir o posto e que, por ser ponto facultativo, a unidade foi fechada, dando margem para que fosse invadida. Ainda conforme a assessoria, no domingo a guarda esteve no local com o reforço da Polícia Militar. Porém, o local permanece fechado.
A secretaria informou à reportagem que o posto só pode ser reaberto após a perícia. Mas, a mesma ainda não foi feita pela Polícia Civil. Por conta disso e, para que os pacientes não fiquem sem atendimento, o Virgílio passará por uma limpeza nesta quarta (23) e reaberto em seguida. "Iremos abrir mesmo sem a perícia", reforçou a assessoria da Secretaria de Saúde.
Já em contato com o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindseps), o Bocão News recebeu reclamações por parte da coordenação com relação à Prefeitura. Reclamações estas que, segundo o sindicato, podem justificar a ação dos bandidos. De acordo com o coordenador geral do Sindseps e também guarda municipal, Bruno Carianha, há muitos postos de Saúde na cidade e não há como saber quais possuem a segurança da guarda. "Deveria haver a guarda em todos. Mas, a prefeitura tira para relocar em outros pontos da cidade", denunciou, informando que na capital trabalham 1.296 guardas. Todavia, Carianha ressalta que a ausência de concursos impede que haja efetivo suficiente para atender Salvador. "O ideal seria de 6 a 7 mil guardas municipais. O problema maior é que o concurso que foi feito era para 3 mil, só que apenas 1.500 se habilitaram. Destes 1.500, já saíram mais de 200. É um déficit muito grande", explicou.
Por conta destas condições de trabalho, o Sindseps adiantou ao site que nesta quinta-feira (24) uma assembleia será realizada, às 9h, no Campo Grande. Com pauta única que reivindica plano de cargos e vencimentos, o indicativo de greve é iminente, de acordo com o coordenador.
Mas, enquanto um joga a culpa no outro pelo caos instalado, cerca de 250 pessoas que, por dia, necessitam do atendimento do Virgílio Carvalho ficam sem o socorro que lhes custa a vida e batem de cara na porta.
Nota originalmente postada às 17h47 do dia 22
