Saúde

Raio x da Saúde: falta de estrutura nos postos é revelada pelos pacientes

Publicado em 16/04/2015, às 16h12   Rodrigo Daniel Silva (Twitter: @rodansilva)


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A reportagem do Bocão News mostra nesta semana a situação do sistema de saúde de Salvador. Na terça-feira (14), relatou-se as críticas dos pacientes em relação à falta de humanismo dos médicos e profissionais dos postos de saúde. Na quarta-feira (15), contou-se a dificuldade para ser atendido e histórias de quem precisava de remédios e não encontrou nos centros médicos.
O verão acabou, mas Salvador continua a registrar altas temperaturas. Na última terça-feira (7), os termômetros da capital baiana marcavam 34 graus. Foi neste calor que o ajudante de carpinteiro, Linaldo Jesus Santos, de 41 anos, aguardava a esposa, com inchaço no pé, no posto médico do bairro de Pernambués.  
O espaço do Centro de Saúde Dr. Edilson Teixeira Barbosa, em Pernambués, é pequeno. Os acompanhantes e pacientes se abanam com papel para amenizar o calor. O suporte do ventilador pendurado na parede é o único sinal de que a unidade já foi arejada. “Não temos ar condicionado, não tem uma televisão para entreter, ninguém dá uma satisfação... Só estou aqui por causa de minha esposa”, falou Linaldo. “Era para ter, pelo menos, água pra gente beber”, reclamou o carpinteiro Emerson Silva, de 25 anos.  
Há quase 10 quilômetros de Pernambués, na Liberdade, quem precisa de um atendimento também sofre com o calor no posto de saúde. O ventilador “caindo das pernas” refresca os pais e os filhos que esperam ser chamados pelo pediatra. “A demora é até normal, todos os postos são assim. Esse calor que não aguentamos”, disse a costureira, Adriana de Jesus, de 28 anos.
Na UPA de Periperi, um funcionário contou que o ar-condicionado quebrou dois dias antes da visita da reportagem do Bocão News. Os pacientes confirmaram esta versão. Uma, quando indagada, respondeu com outra pergunta: “e tem ar-condicionado aqui?”. 
Na unidade de saúde dos Barris, a reportagem do Bocão News não pôde entrar. Os parentes dos pacientes ouvidos reclamaram por ficar do lado de fora do posto. Ficam protegidos do sol ou da chuva apenas por uma curta cobertura e sem nenhuma informação. Com abcesso (acúmulo localizado de pus em um tecido) e febre, a sogra de Tatiane Santos, Marilene Gonçalves, estava dentro do centro médico. “Mas, eu nem sei se está sendo atendida. A pessoa fica sozinha”, protestou. 
Postos fechados
No dia em que a reportagem do Bocão News marcou para visitar o posto de saúde do bairro de Cosme de Farias, o centro não estava aberto. Era Quinta-feira Santa e início de um feriado prolongado. Neste dia, a Prefeitura de Salvador decretou ponto facultativo. Não era o único posto fechado. Segundo a atendente Tatiane Santos, antes de levar a sogra Marilene Gonçalves para a unidade dos Barris, elas foram para o posto de saúde no bairro Nordeste de Amaralina. As portas, no entanto, estavam fechadas, conforme contou a atendente.
Posto de saúde de Cosme de Farias estava fechado na última terça-feira (7); prefeitura decretou ponto facultativo
O secretário José Antonio Rodrigues Alves falou que o fechamento destes centros não superlota os demais postos. “É uma unidade de atenção básica em que o atendimento é programado. Se era dia facultativo, ela [o paciente] deveria se dirigir a unidade de emergência. Os pontos de vacinação, inclusive, são transferidos para lá. É normal”, justificou.
O secretário chamou atenção, no entanto, para a quantidade de pessoas cadastradas pelo SUS, em Salvador. Segundo o titular da pasta, a capital baiana tem uma população 2,8 milhões, mas 3,9 milhões estão no cadastro. Conforme a análise do gestor, este número maior de cadastrados se deve a saída das pessoas do interior para a capital. O secretário afirmou que na capital encontra-se uma qualidade e uma oferta maior de serviços. “É um problema crônico e um preço que as capitais pagam”, avaliou. O secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, assegurou que o governo do Estado paga este custo.

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