Diretor-geral do Detran critica desqualificação dos motociclistas baianos

Diretor-geral do Detran, Maurício Bacelar lança campanha nesta segunda (27)

A infração mais comum cometida pelo motociclista na Bahia é dirigir sem possuir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A informação é do próprio diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA) na Bahia, Maurício Bacelar. “Os condutores precisam se conscientizar de que dirigir sem este documento é infração grave. E quem cedeu o veículo deve ser responsabilizado criminalmente”, disse o dirigente do órgão, em entrevista ao A Tarde. Bacelar avalia que os condutores “não procuram se qualificar para o tráfego”.

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Nesta segunda-feira (27), o Detran lança a campanha “Dia do Motociclista - Leve a Consciência na Garupa”. O objetivo é alertar os motociclistas para o uso de equipamentos de segurança e para a convivência harmoniosa. A Bahia liderou o ranking de acidentes em 2014 nas rodovias federais com 1.791 ocorrências registradas, conforme dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF). No total, foram 639 mortes no ano passado em todo o estado.

A principal queixa para a clandestinidade está na dificuldade que o motociclista enfrenta para conseguir tirar a primeira habilitação de moto. Além da burocracia, o alto custo é empecilho que leva muitos a pilotarem sem habilitação. “Como alguém que ganha um salário mínimo de R$ 788 vai conseguir R$ 1.800 [média] para tirar a habilitação?”, o alerta é do presidente do Sindicato de Motociclistas, Motoboys e Mototaxistas da Bahia (Sindimoto), Henrique Baltasar, que defende, inclusive, que educação no trânsito faça parte da grade curricular das escolas.

Em um site especializado em gestão de Centro de Formação de Condutores (CFC), a função das autoescolas é capacitar os futuros condutores, estimulando uma boa convivência social no trânsito. “O instrutor tem o papel de conscientizar seus alunos sobre as melhores práticas na direção, pensando no bem coletivo e contribuindo para a segurança no trânsito. Um motorista cuidadoso e que pratica a direção defensiva é capaz de evitar acidentes”, escreve.

Entretanto, para o diretor da Associação dos Motociclistas da Bahia (AMO), os atuais cursos deveriam ter um curso específico para o uso dos veículos automotores de duas rodas. “Motocicleta é igual a uma arma de fogo, a mergulho, rapel, paraquedismo. Tem uma teoria”, defendeu.

Em uma rápida pesquisa pela internet, o preço médio para um curso, exigido pelo Detran, com 45 aulas teóricas, mais 20 aulas práticas, material didático e o aluguel do veículo para 1º exame fica entre R$ 800 a R$ 1.000. Além do CFC, o candidato à habilitação na categoria A tem que pagar taxa para Licença para Aprendizado de Direção Veicular (LADV) de R$ 143, mais R$ 253 dos exames médicos necessários. Além desses gastos, o condutor tem custos com deslocamento para ir à aulas e para realização das provas teóricas e práticas. Uma média de, no mínimo, R$ 1.500 necessários.

Segundo Henrique Baltazar, só em Salvador hoje existem cerca de oito mil motociclistas trabalhando na clandestinidade. Só este ano 26 pessoas já morreram vítimas de acidentes nas ruas e avenidas da capital baiana. Além disso, os principais hospitais da cidade, como o Hospital Geral do Estado (HGE) e o Roberto Santos, recebem diariamente um demanda alta de vítimas de acidente com motos. “Até as UPAS [Unidades de Pronto Atendimento] estão inchando com acidentes de motocicleta. Muitos com lesões gravíssimas [que deveriam ir para unidades especializadas]”, disse Baltazar.

Conforme levantamento do A Tarde, em 2014 a Bahia gastou R$ 5,9 milhões só com internações por conta de acidentes com motos. No país, o dinheiro gasto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) anualmente chega a R$ 40 bilhões.

“[A capacitação] deveria ser de graça. Já pagamos o DPVAT (Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres) e tantos outros impostos”, defendeu o fotógrafo Gilberto Júnior, que está em processo para tirar sua 1ª habilitação.

Publicada no dia 27 de julho de 2015, às 12h