Política
Publicado em 06/05/2015, às 09h22 Cíntia Kelly (@cintiakelly_)
A intenção de instituir o Dia de Conscientização Antiaborto em Salvador, projeto de autoria de Cátia Rodrigues (Pros), promete virar a Câmara Municipal de pernas pro ar. Aparentemente inofensivo, o projeto já havia passado pelo crivo da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas, para desespero dos vereadores da bancada religiosa, as feministas da Comissão em Defesa do Direito da Mulher pediram para que o projeto fosse retirado de pauta.
A matéria estava dentro de um catatau de tantos outros que instituem datas comemorativas. Ligada à igreja evangélica, Cátia Rodrigues tem o apoio do líder do governo, Joceval Rodrigues, ligado à Igreja Católica.
Com uma postura retraída – Cátia pouco se pronuncia na Câmara -, coube a Joceval o papel de articular para que o projeto seja aprovado na CCJ. Disse a interlocutores que acionou padres para que disparem ligações aos vereadores convencendo-os da importância de instituir um dia para conscientizar a mulher que não se deve abortar.
Do outro lado, a presidente da Comissão da Mulher, Aladilce Souza (PCdoB) tenta mobilizar as feministas de Salvador para que ocupem as galerias da Câmara Municipal pedindo para que o projeto seja arquivado. Para Aladilce, a matéria merece uma maior discussão. “Achamos que esse tema merece uma discussão mais complexa, abordando os direitos sexuais e reprodutivos da mulher e todos os aspectos que envolvem a questão do aborto”, ressaltou ao Bocão News.
A comunista acredita que a proposta da colega, que também é integrante da Comissão da Mulher é repressora. “Uma campanha com esse teor tem caráter apenas repressivo, não é a forma adequada de tratar a questão. É tema polêmico e não pode ser votado sem discussão”, afirmou.
Em seu projeto, a vereadora Cátia Rodrigues (Pros) diz que o objetivo principal é alertar a população soteropolitana, principalmente as mulheres, sobre as consequências físicas e psicológicas de um aborto provocado. “O objetivo deste projeto de lei é gerar conscientização dos efeitos psicológicos e colaterais de um aborto através de atividades de interação dos agentes públicos com as comunidades”, explicou a vereadora.
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