Política

Nem na República Velha um deputado comandou o Legislativo baiano por 10 anos

Publicado em 04/12/2014, às 18h38   David Mendes (Twitter: @__davidmendes)


FacebookTwitterWhatsApp

Dos quase 60 deputados estaduais que presidiram a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) desde 1891, nenhum, antes do atual presidente da Casa Marcelo Nilo (PDT), ocupou por mais de seis anos o cargo.

Em uma rápida pesquisa, o último parlamentar que conseguiu comandar o Legislativo baiano por tanto tempo ininterrupto foi o deputado Pamphilo de Carvalho, do então Partido Liberal, que sentou na cadeira de 1915 a 1920 (República Velha). O advogado soteropolitano, que chegou a comandar o Banco Econômico da Bahia e fundou o Hotel da Bahia, presidiu a Alba durante os governos de J. J. Seabra (1912-1915) e Antônio Muniz Sodré de Aragão (1916-1920).

De lá para cá, apesar de todos os presidentes serem ligados aos governadores, sempre houve alternância na presidência da Casa de Leis da Bahia, até mesmo durante todo o período carlista, onde o estado era comandado pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães. Com a posse, em 2007, do atual chefe do Executivo estadual, o petista Jaques Wagner – o novo "Cabeça Branca" , a Alba passou a ser dirigida por um único homem.

“O presidente da Alba é fundamental para o governador, que tem que ter uma pessoa de sua confiança, se não ele não dorme”, afirmou o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Israel Pinheiro, em entrevista ao Bocão News.

Para o especialista, a conquista do penta pode ser considerada também uma “proeza” do pedetista, já que Nilo teve “habilidade para vender seu peixe”, inclusive junto aos oposicionistas.

“Ele mostra uma extraordinária capacidade de articulação com o poder que faz com que até o próximo governador [Rui Costa] permita [mais uma reeleição]. (...) Na Bahia, ninguém fica contra o governador. Só fica se não tiver jeito. Mas, mesmo assim, se tiver um jeito ele [o deputado] pula e se alia. Eles precisam de cargos, de apoios, para construir suas bases eleitorais e só o governador pode oferecer”, opinou.

Eleito deputado estadual pela 1ª vez em 1990 com 12 mil votos, Marcelo Nilo viu seu cacife eleitoral aumentar mais de dez vezes nas seis últimas eleições que disputou. Em 2014, após ter seus supostos planos de se mudar para o Executivo ceifados, garantiu mais um mandato parlamentar e se tornou, com 148 mil votos e pela segunda vez consecutiva, o candidato mais votado nas eleições.

“Isso é um fenômeno mais recente, um político sair do interior e fazer sucesso na capital. Antes, na Bahia, o político no interior votava no político da capital e depois só mandava a conta”, explicou o acadêmico. Marcelo Nilo começou na vida pública como chefe de Gabinete na prefeitura de Antas – 320 km de Salvador – sua terra natal.

Caso os 51 apoios que Nilo afirma ter se transformem em votos no dia da eleição da Mesa Diretora da Alba, marcada para o início de fevereiro do próximo ano, o deputado entrará para os anais da história política da Bahia como o parlamentar que mais tempo passou sentado na cadeira de presidente do parlamento baiano.

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp