Polícia

Protesto e comoção em enterro de vítimas de chacina

Gilberto Júnior
Familiares e amigos de Israel e Gilson não conseguem entender o motivo para as execuções  |   Bnews - Divulgação Gilberto Júnior

Publicado em 22/08/2011, às 11h45   Fabíola Lima/ Alessandro Isabel


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Israel Sales Souza, 25, e Gilson Alves Conceição, 47, vítimas executadas na chacina que deixou o saldo de quatro mortos dentro de um bar na noite do último sábado (20), no bairro do Arenoso - Tancredo Neves -, foram sepultados na manhã desta segunda-feira (22) no Cemitério Quintas dos Lázaros, em Salvador. O dono do bar, Reginaldo Santos da Silva, 47, e Wanderlei Alves dos Santos, 20 que também morreram na chacina, foram sepultados no domingo (21).

Protesto de amigos - Foto Gilberto Júnior // Bocão News

Amigos e familiares de Israel realizaram um protesto no cemitério para cobrar mais segurança na localidade. “O que aconteceu com essas quatro pessoas não pode mais se repetir, é inadmissível aceitarmos quatro vidas sendo ceifadas e ninguém toma providência, ninguém se movimenta”, desabafou um dos amigos das vítimas.

Um morador disse a reportagem do Bocão News que vai entrar com uma ação no Ministério Público contra as declarações do delegado titular da 11ª delegacia, Adailton Adan, questionando a declaração de que o bar onde as vítimas foram mortas seria um ponto de tráfico de drogas. "Se o local fosse realmente um ponto de tráfico porque a policia nunca foi realizar uma busca?”, questionou o morador que preferiu ter a identidade preservada.

Um outro morador desabafou e disse que não aguenta mais conviver com a violência. “O que aconteceu lá no bairro é o que vem acontecendo em toda a cidade. Lá no Arenoso os policiais civis só entram para tirar corpos  e os militares trabalham aleatoriamente. Nós moradores vivemos no fogo cruzado entre traficantes do Canal contra os rivais do Arenoso”, desabafou.

Estela Conceição, prima de Gilson, lembrou que a vítima foi morar no bairro a cerca de seis meses e temia pela insegurança no local. "No dia da morte, ele  pediu a um irmão para que o levasse para casa com medo da violência. Três horas após deixar o irmão, meu primo recebeu uma ligação informando que ele estava morto”. Gilson era aposentado e deixou quatro filhos e uma esposa.

Segundo o delegado Márcio Alan, da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), a chacina é resultado de uma briga entre dois grupos rivais por ponto de venda de drogas na área onde ocorreram as mortes.

Os moradores negam a informação  de que as vítimas tenham envolvimento com o tráfico de drogas que domina o local. "Nenhum deles era marginal. Um era proprietário do bar, outro era aposentado,  os outros dois eram trabalhadores. Os assassinos não escolheram quem iria morrer. Ele chegaram atirando para todos os lados e qualquer um poderia ser vítima. Os quatro estavam no local errado, no hora errada. Essa história das vítimas terem relação com o tráfico é a falta de justificativa da secretaria para a violência fora de controle no estado".

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