Justiça

Perito contratado por família de médica chama delegada de criminosa

Gilberto Jr // Bocão News
Segundo Ricardo Molina, Jussara Souza alterou documentos oficiais para incriminar Kátia Vargas  |   Bnews - Divulgação Gilberto Jr // Bocão News

Publicado em 17/12/2013, às 06h16   Priscila Chammas




Em entrevista coletiva concedida nesta manhã (16), o perito Ricardo Molina, contratado pela família da médica Kátia Vargas, apresentou um laudo contestando ponto a ponto a tese da acusação, de que o veículo Kia, dirigido por Kátia, teria perseguido e se chocado com a moto onde estavam os irmãos Emanuel e Emanuelle, no dia 11 de outubro.

Entre outras críticas, Molina acusou a delegada Jussara Souza de ter manipulado os fatos para condenar a médica. "Ela se apressou para fechar o inquérito, para dar satisfação ao clamor público. Mas a interpretação da delegada é estapafúrdia, ela não entende nada de perícia", disse. Molina disse também que Jussara era "criminosa"  por ter supostamente alterado a data do depoimento de uma das testemunhas. O perito disse ainda que o pneu da moto estava careca e que o arranhão no carro não era compatível com o choque, mas com a queda do portão que atingiu a lateral do carro.

Veja ponto a ponto:

Testemunhas:

Segundo Molina, das três testemunhas citadas pela delegada no inquérito, apenas uma disse que viu o momento do acidente. Mesmo assim, teria entrado em contradição e mentido. "O senhor Arivaldo (Lima Souza) não fala coisa com coisa. Ele disse que estava há uns 15 metros do acidente, mas o carro dele só aparece nas imagens (da câmera de segurança), quando os dois veículos (o carro de Kátia e a moto dos irmãos) já tinha se distanciado 104 metros. Não tinha como ver nada dessa distância", defendeu, enquanto mostrava as imagens. 

O perito também afirmou que Arivaldo mudou seu testemunho ao perceber que era impossível o carro  ter se "chocado violentamente no fundo da moto" e depois atingi-la de novo, só que com a traseira. "Ele mudou de 'chocou violentamente' para 'triscou'. Para mim, isso tem uma diferença enorme". 

Delegada:

Outra testemunha, o taxista Hamilton de Jesus, segundo Molina, afirmou em juízo que não tinha visto nada, e mesmo assim foi citado pela delegada no inquérito que colocou a médica na cadeia. "Ele é um homem de caráter. Mesmo pressionado pela promotoria, disse que não tinha visto nada e que estava longe do acidente quando ele aconteceu", disse. A terceira testemunha, Álvaro de Lima Freitas, concluiu o especialista, estava caminhando perto do restaurante Alfredo di Roma e, portanto, não tinha como ter visto nada com nitidez. 

Molina também afirma que a delegada plantonista, Acácia Nunes, a mando da titular Jussara Souza, alterou a data do depoimento de Arivaldo para dar mais credibilidade à testemunha. "Em depoimento, ele afirmou: 'fui viajar no sábado (12), e só voltei no domingo (13), quando a delegada me ligou'. Provavelmente ele só depôs na segunda, mas no documento da delegada consta que o depoimento foi no dia 11, mesma data do acidente". 

Segundo Molina, com isso, a Jussara tentava encobrir que a testemunha só depôs após ter acesso aos vídeos, à repercussão na mídia e "conversado com não sei mais quem". "Ele não foi depor isento", afirmou. E, sobre a delegada, continuou: "Ela é uma criminosa, alterou dados oficiais. Isso é crime, merece processo", acusou. 

Briga:

As testemunhas, segundo Molina, são contraditórias quanto à possível discussão que teria havido entre a médica e Emanuel, momentos antes do acidente. "Um diz que foi na sinaleira A, o outro diz que foi na sinaleira B, e o outro que foi meio de longe, não deu para ver direito. Teve gente que disse ter visto gesticulação do motoqueiro, outro que ele teria batido o capacete no carro. Apenas uma coisa é consensual: que foi muito rápido e os veículos sequer pararam", disse. 

Para o perito, não houve briga. "Se algo aconteceu, foi algo corriqueiro, normal no trânsito. Não foi nenhuma discussão exacerbada", defendeu. 


Choque: 

Para Ricardo Molina, também  não houve choque entre o carro de Kátia Vargas e a moto dos irmãos. Ele mostrou, em vídeo, o momento em que o Kia dirigido pela médica se aproxima e ultrapassa a moto, metros antes do acidente. "O que aconteceu depois eu não sei, mas a última imagem foi de ultrapassagem", disse. Para ele, a moto pode ter perdido o controle ao tentar ultrapassar de volta, pela direita.

Uma hipótese é que, neste momento, Emanuel tenha se desequilibrado ao entrar em uma vala próxima ao meio fio e que, ao ver o acidente, a acusada tenha se assustado e também perdido o controle. 


Laudo da polícia técnica:

Molina também fez duras críticas à perícia feita pela polícia, no dia do acidente. "Eles fizeram uma simulação com  a mesma moto que sofreu o acidente e já estava toda retorcida. A altura da manete em uma moto inteira é na altura da maçaneta da porta do carro, e o risco foi bem abaixo. Começa na roda traseira e segue até o retrovisor. É incompatível com um choque com a moto", disse. Para ele, o risco no carro foi provocado pelo portão que caiu. 

Molina também criticou o fato de a simulação ter sido feita sem o carona. "A carona não caberia na cena, então tiraram o carona", acusou. Ele também diz que não encontrou nenhum vestígio da mancha vermelha que o laudo oficial apontou. "Eles devem ter limpado muito bem, porque não encontrei nada. E se não foi guardado para contraprova, tem que sair dos autos", reivindicou. 

Ainda sobre a hipótese do choque, ele destacou que se isso tivesse acontecido, a moto teria sido arremessada lateralmente, e não batido de frente no poste, como ocorreu. 


Velocidade:

O perito também concluiu que "não tinha ninguém devagar nessa história". Segundo ele, a moto mantinha uma média de 67 km/h, enquanto o veículo de Kátia estava a cerca de 80 km/h. "Uma velocidade normal de ultrapassagem", acredita. 

Pelas imagens, Molina também mostrou que a motocicleta não trafegava próxima ao meio-fio, como disseram as testemunhas de acusação, mas no meio da faixa esquerda. 




Publicada no dia 16 de dezembro de 2013, às 11h57

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