Infraestrutura

Permissionários e funcionários de barracas em Itapuã não acreditam em prefeitura

Imagem Permissionários e funcionários de barracas em Itapuã não acreditam em prefeitura
Obras de requalificação da orla começaram, mas prazo de entrega dos novos quiosques até o verão não gera otimismo  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 17/07/2014, às 06h18   Lucas Franco (Twitter: @lucasfranco88)


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A manhã desta quarta-feira (16) foi de dor para muita gente acostumada a trabalhar na praia de Itapuã.As obras de requalificação da orla do bairro começaram nesta terça-feira (15), com tratores na calçada, mas o prazo de entrega dos novos quiosques até o verão não gerou otimismo. "Não vai ficar pronto em seis meses, dou minha palavra. É de um ano para cima, e os permissionários de antes não vão voltar, vai ser tudo licitado", opina a ex-caixa da barraca Bom Demais, Juliana Montenegro.
O motivo que levou Juliana a ir ao ex-local de trabalho, que já está demolido, foi compartilhar o momento com os antigos colegas. “A gente veio hoje porque acordamos e perguntamos para nós mesmos 'para aonde vamos?'. Eu orei muito ontem à noite", desabafa.
Também ex-funcionária do Bom Demais, a cozinheira Glicia Portela diz que o movimento de clientes protegia os turistas, que passavam no local sem identificar perigo algum. "Estamos todos desempregados. Vamos viver como agora? Por que não colocou algum lugar para a gente trabalhar? Imagine o prejuízo? Na Copa era a gente que protegia os turistas", contextualiza.
Enquanto os funcionários reclamam da falta de oportunidades no trabalho, o permissionário Marcos Corrêa, 22 anos, da barraca Camarão Pimenta, questiona as dificuldades em lidar com questões trabalhistas. "É difícil para o permissionário. Tem funcionário que não aceita e entra na Justiça do Trabalho. Eles sabem que os permissionários não têm culpa e não tem como indenizar tanta gente de uma hora para outra". O plano de Marcos agora é trabalhar na areia com um isopor. “É para sustentar nossas famílias. Vou segurar quatro funcionários, mas não dá para segurar 12”, justifica.
Uma barraca na orla, no entanto, se mantém de pé até o momento. A Língua de Prata tem uma liminar por pertencer à União, alegou o proprietário do local, Luiz Quintella. “Por enquanto está tudo tranquilo, estamos negociando com a prefeitura de ver um lugar para a gente. Somos um espaço com música. Temos um documento mostrando que aqui pertence à União, assim como o Jangada [também em Itapuã], o Barravento [Barra], churrascaria Villas [Jardim dos Namorados] e Coliseu [Patamares]”, conta. Mesmo sem sofrer a interferência da prefeitura, Quintella opina sobre a situação e acha que faltou planejamento. “Eu acho que poderia ter feito uma programação, feita por etapas. Fazia uma etapa, realocava os barraqueiros, fazia outra, realocava outros barraqueiros”.
Nesta terça-feira (15), a prefeitura emitiu comunicado informando que os quiosques de Itapuã têm sido demolidos de forma pacifica.  De acordo com a secretária de Ordem Pública, Rosemma Maluf, os comerciantes de menor porte, como baianas de acarajé, foram orientados a indicar aos agentes da pasta espaços públicos que desejem trabalhar provisoriamente. Assim, os agentes do órgão irão avaliar as áreas e, desde que não afetem a integridade física e nem a mobilidade da região, estarão autorizados a atuar.

Ainda de acordo com a secretária, apenas comerciantes de maior porte, como donos de restaurantes e lanchonetes, por demandarem estruturas mais organizadas, com redes de água, esgoto e energia elétrica, terão de aguardar o término das obras para dar seguimento às atividades. A previsão de entrega da nova orla deve é dezembro deste ano.

Veja a galeria com a demolição das barracas (clique aqui)


Nota originalmente postada dia 16

Classificação Indicativa: Livre

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